FREHU-N-FLIF Nº
-1
A má governação, geralmente, associada à
corrupção política, económica e social, é, sem sombra de dúvida, a principal
causa de instabilidade política da Guiné-Bissau.
Sempre foi, e assim continuará, até que
surja no País um Governo, verdadeiramente, descomprometido com a corrupção e
apostado unicamente no desenvolvimento saudável do País.
Não era esse o paradigma dos Governos liderados pelo Primeiro-Ministro deposto, em 12 de Abril, na sua essência,
constituído por gente ligada ao comércio,
de passado duvidoso.
Apesar da fé de uma parte da Comunidade
Internacional de que a Guiné-Bissau dispunha, até 12 de Abril, de um Governo
democrático, o mínimo que se pode dizer é que uma Democracia de fachada (para a
Comunidade ver) não é uma verdadeira Democracia!
Não desenvolve a Economia, não combate o
Subdesenvolvimento, não promove Direitos Humanos, nem é factor de paz e
estabilidade!
Foi, aliás, o período em que mais se ouviu
falar de violência extrema, de detenção e tortura de figuras públicas
(políticos e advogados), de mortes mal explicadas, perpetradas com especial
crueldade, de altas figuras do Estado e das Forças Armadas (caso de Nino Vieira
e Tagme Na Wai).
Um Governo, que governa contra o seu Povo,
contra interesses do seu próprio País, não é, certamente, um bom Governo, nem
se concebe em Democracia!
Os interesses do País são a Paz e a
Estabilidade social e política, a Liberdade e o Desenvolvimento económico! Não
foi essa a realidade da Guiné-Bissau, durante os Governos, liderados pelo
deposto 1º Ministro, que foi tudo menos pacífico e dialogante!
Era
raro o mês que não se deslocava ao Estrangeiro, a negociar sabe-se lá o quê! E
cada ausência do País era motivo de preocupações por receio justificado das
suas consequências para a paz e estabilidade interna!
Governar, através da hostilização
sistemática de parte maioritária da População do País, que, aparentemente, se
pretende manter como Reserva Nacional de Pobreza (intencionalmente provocada),
seja através do seu afastamento sistemático de lugares do Funcionalismo
Público, da Governação e da Chefia do Estado, na atribuição de Bolsas de
Estudo, para País Estrangeiro, ou, ainda, na oferta de Emprego de qualidade
(dentro ou fora do País, por exemplo, nas Embaixadas), não é, certamente, uma
boa governação, sobretudo, quando tais realidades são acompanhadas de práticas
de violência gratuita (de mortes, inclusive, muitas vezes, mal explicadas).
Nesta perspectiva, os Governos do 1º
Ministro deposto foram os mais Tribalistas de todos os que os antecederam, soba
a liderança do PAIGC! Nunca, de resto, demonstrou sentido de Estado! Composto,
essencialmente, por comerciantes, filiados no Partido ou seus simpatizantes,
sempre agiu em benefício da classe!
Governos corruptos, espalharam a má
influência por todos os estratos da sociedade, favorecendo a emigração ilegal,
através, por exemplo, de falsas Juntas Médicas para pretenso tratamento no
Estrangeiro de pessoas reconhecidamente saudáveis, perante a exasperação de
ONGs, que conhecem e denunciam essa má prática, em prejuízo de pessoas
realmente doentes.
Haverá alguém que não conheça um caso?
A MÁ GOVERNAÇÃO
NO CONTEXTO
INTERNACIONAL
Na
visão da Comunidade Internacional, considera-se que um País tem boas práticas
governativas quando promove e respeita os Direitos Humanos, a Liberdade de
Imprensa, a Alternância Política, as Políticas Económicas ajustadas à
realidade, a desburocratização e despartidarização do aparelho de Estado, o
combate a Corrupção, etc..
No contexto africano, citam-se, como exemplos
de boas práticas políticas, Países como o Botswana, África do Sul, Gana, Cabo
Verde, Benin, Togo. Ao contrário, considera-se que têm más
práticas (ou má governação) os Países que não respeitam os Direitos Humanos, a
Liberdade de Imprensa, a alternância política, as políticas económicas
ajustadas á realidade do País, desburocratização e despartidarização do
aparelho de Estado, combate à corrupção, etc..
É o caso da Guiné-Bissau, sistematicamente
citado, nas Estatísticas internacionais, como exemplo de má governação,
ocupando, invariavelmente, os últimos lugares do Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH), publicado pelas Nações Unidas.
É evidente que tal situação tem consequências
gravíssimas para o País, nomeadamente, no bloqueio ao seu Desenvolvimento, pela
falta de credibilidade internacional, sendo, aliás, a causa principal das
crises institucionais que, de tempos a tempos, afectam o País e alarmam o
Mundo.
A convicção da Comunidade Internacional (e do
Povo Guineense, em geral) é que a normalidade institucional só será possível,
não com a realização cíclica de eleições fraudulentas, como se fosse um ritual
imposto, que só servem para legitimar a corrupção, mas com a adopção de uma
nova Política, assente nos valores da boa governação, de acordo com os
parâmetros referidos.
Para deixar de ser um Estado falhado, depende dos Guineenses provar o contrário, com uma governação de gente capaz, politicamente
sensata e equilibrada, como parece estar a acontecer com o Governo de
Transição, actualmente em funções, por iniciativa do Comando Militar.
A MÁ GOVERNAÇÃO
E O PODER DE UM SÓ PARTIDO
Nas Estatísticas Internacionais, a
Guiné-Bissau é, muitas vezes, citada como País de má governação.
Isso tem uma causa óbvia: só se governa para
um lado só. Para a satisfação de interesses do reduzido grupo social em que se
tem apoiado o Partido, que exerce o Poder, praticamente sozinho, desde a
Independência, por falta de alternância democrática: o PAIGC.
A técnica mais conhecida é a brutalidade
assassina dos seus métodos de conquista e conservação do Poder.
Foi, assim, antes da Independência. Assim
continuou, após a Independência: primeiro, com o Presidente Luís Cabral,
período caracterizado pela dominação da minoria Cabo-Verdiana; depois, com Nino
Vieira, após o Golpe de Estado de 1980.
Esse método violento atingiu o auge com o
massacre étnico, vulgarmente designado “Caso 17 de Outubro de 1985”, a mando
do General Nino Vieira, com o qual visou a liquidação de altas Patentes
Militares, como o Coronel Paulo Correia (1º Vice-Presidente do Conselho de
Estado, equivalente de Vice-Presidente da República, sendo, então,
simultaneamente, Ministro da Justiça e do Poder Loca), entre outros, além de
destacadas Personalidades da Sociedade Civil, como o Dr. Viriato Pã.
A motivação foi sempre a mesma: eliminação de
figuras de prestígio social ou político, seja pela sua popularidade, seja pelas
suas qualidades intelectuais, seja pelo simples medo de perder o poder e todas
as mordomias a que permite aceder.
(até próxima edição)
PARTICIPA COM A TUA OPINIÃO!
Conhecendo
a realidade do País, você estará colaborando para a Paz e Estabilidade Política
e Social da Guiné-Bissau, pela Verdade e Justiça! Por isso, leia o nosso próximo Tema, neste blogue, no dia
16.03.2013
Colabore
connosco. Dê a sua sugestão por uma Guiné Melhor, mais Digna e Desenvolvida.
Esse é o nosso objectivo! Nada mais!
EM PARTICULAR, CONTINUO DEPOSITAR A CONFIANÇA EM GUINEENSES ALTAMENTE INTELECTUAL - AQUELE QUE PENSA NO BEM E, PARA TODOS. ASSIM VIVO, ASSIM CONTINUO A VIVER.
ResponderEliminarEM PARTICULAR, CONTINUO A DEPOSITAR A CONFIANÇA NOS GUINEENSES ALTAMENTE INTELECTUAL - AQUELES QUE ENTENDEM OU ACEITAM A OPOSIÇÃO DAS IDEIAS, SEJA QUAL FOR. ATÉ PORQUE, PARA DESENVOLVER A GUINÉ-BISSAU, DEVEMOS TER PENSAMENTO DIFERENTE. CLARO QUE É ÓBVIO, NUMA SOCIEDADE EM QUE TODO MUNDO PENSA IGUAL, O CRESCIMENTO É NULO.
ÀS VEZES, ESSA MINHA POSIÇÃO PODE SER ENTENDIDA ERRONEAMENTE. MAS, MESMO ASSIM, EU A CONSIDERO POSITIVA. PORQUE ASSIM QUE SE FAZ A DEMOCRACIA: OPÔR E MOSTRAR A SOLUÇÃO.
PROFESSOR E ESCRITOR, MARCELO ARATUM
Carmelita Pires 16 de Março de 2013 1:15
ResponderEliminarCaros compatriotas,Como neta de fula, bisneta de papel e bijagó, para mim é extremamente interessante a abordagem de DIFERENTES FAMÍLIAS. Por aí sempre andei e andarei para alegremente vangloriar a interpenetração da sociedade guineense. Porque esta, para mim, é a atitude sensata. De maneira que sinto o BRASSA e danço-o com o meu sangue a ferver, enquanto nas minhas veias sinto os séculos, décadas e anos, duma Nação forjada numa imensidão de originalidades étnicas, por outros tidas para dividir e reinar.
Nos tempos de INDEFINIÇÃO, para que interessa o conjunto que nos compõe?
Sempre na RODA VIDA, argumentos não faltarão para justificar o nosso DESCALABRO, ainda que sejam os de IDENTIDADE ÉTNICA. O que, na minha prespectiva, no contexto atual, mais não são do que anomalias, surgidas como consequência das nossas deformidades e da violência mortífera que se sobrepôs aos nossos desígnios societários. Como foi o 17 de Outubro, a guerra civil, e outras mortes e assassinatos tétricos.
UM DIA, que tarda, sonho que veremos outros horizontes nos parcos 36 km² e elevaremos a ORIGINALIDADE DA NOSSA NAÇÃO composta por etnias e suas ramificações. Aí seremos HONESTOS e o país avançará.
Se todos os que passaram na governação do nosso País pensassem como a nossa irmã Carmelita. Pires,a nossa diversidade etnica seria uma grande riqueza.
EliminarMesmo o autor do artigo principal apesar da veracidade e grandeza da sua exposição ,nåo conseguiu evitar as clivagens etnicas
Osvaldo Correia de Sá A Guiné-Bissau te agradce mana Carmelita Pires como uma das suas filhas querida. Te admiro pela sua capacidade.
ResponderEliminarJoao C. G. Sanca " Apesar da fé de uma parte da Comunidade Internacional de que a Guiné-Bissau dispunha, até 12 de Abril, de um Governo democrático, o mínimo que se pode dizer é que uma Democracia de fachada (para a Comunidade ver) não é uma verdadeira Democracia!
ResponderEliminarNão desenvolve a Economia, não combate o Subdesenvolvimento, não promove Direitos Humanos, nem é factor de paz e estabilidade!"
O MOMENTO MAIS PLENO DA DEMOCRACIA NA GUINÉ-BISSAU, FOI DURANTE O MANDATO DO DR. KOUMBA YALÁ/PRS. SE PODE DIZER QUE NESSA ALTURA A DEMOCRACIA ATINGIU O SEU AUGE NAQUELA POBRE NAOÇAO. O MESMO SE PODE DIZER DO DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO. OS DIREITOS HUMANOS, A PAZ E A ESTABILIDADE TAMBÉM ERAM PALAVRAS DE ORDEM.
Joao C. G. Sanca DEPOIS DO GOLPE, AINDA HA MUITO MAIS LIBERDADE.... O ÚNICO PERIODO DE DITADURA NA GUINÉ, FOI AQUELE QUE ANTECEDEU O GOLPE DE ESTADO DE 12 DE ABRIL DE 2012 (CADOGO/P.A.I.G.C.).
ResponderEliminarCarmelita Pires 14 de Março de 2013 0:48
ResponderEliminarA designação « Intelectuais Balantas Na Diáspora», desprestigia os conteúdos do blog, cujo nome escolhido tem muito que se lhe diga e nem tudo se poderá dizer. Como reação, nomeadamente às incursões do «Pasmalu» e outras histórias, ainda não deixa de ser censurável. Porque, na minha prespectiva, é algo «forte demais» e que carateriza o «forte demais» da nossa sociedade e das vindictas. Como povo, somos um grupo adulterado, sobrevivente a quase 40 anos de desnorte. Desse desnorte, ainda temos folego para repudiar categorizações, ainda que nos surjam em jeito de desforras, visto que mais nos podem desnortear e nos afastar do vilipendiado propósito nacional: um só Estado uma só Nação.
Consequentemente, ideias, não poderão ter formas que não nos levem a insistir em não perguntar.
No desnorte, as ideias que despontam têm que obrigatoriamente ter um nome. Para assim e depois, podermos falar de valores sociais, do nosso mosaico étnico e nossa principal riqueza, de povo e de existência nacional. Grande abraço, meus caros compatriotas.