Alberto Luís Quematcha
O período de campanhas de educação cívica sobre o exercício de cidadania, na Guiné-Bissau, é nas vésperas das eleições. Em nenhum outro período o Estado se preocupa com campanhas de educação cívica sobre o exercício da cidadania. E estas campanhas incidem essencialmente sobre como votar. Mesmo assim, não são esclarecidas as questões como:
o que significa, no fundo, votar ou escolher? Que tipo de perfil é requerido para o cargo? Escolher implica optar pelo melhor ou pior? Votar, é escolher o meu camarada ou o meu parente?
Penso que, com esta pequena actividade de ensinar como votar, se pretende estar a realizar a campanha da educação cívica sobre o exercício da cidadania na sua dimensão política. Por conseguinte, outros componentes desta mesma dimensão da cidadania ficam de fora. Elementos como: informar ao cidadão que é também seu papel fiscalizar e exigir a prestação de contas dos governantes; dirigir abaixo-assinados às autoridades, em geral; na qualidade de pai ou aluno, participar da vida e da organização das escolas e universidades, fazer denúncias, requerer informação sobre todas as matérias do interesse público, exigir que o assunto do Estado seja transparente e que nunca seja resolvido em segredo nos gabinetes.
Todavia, a cidadania comporta uma realidade mais complexa que ultrapassa a dimensão política. Segundo a definição duma pessoa com quem discuti e que me clarificou muitas questões sobre o tema, “a cidadania é vida no seu todo, em outras palavras, é condição para que alguém possa, realmente, ser uma pessoa”. Significa ter sua dignidade humana respeitada. Cidadania, no fundo, significa DIREITO de ter DIREITOS.
O que é cidadania, então? Cidadania é estado ou qualidade de pessoa que goza de direitos e cumpre deveres num determinado estado.
Penso que, com esta pequena actividade de ensinar como votar, se pretende estar a realizar a campanha da educação cívica sobre o exercício da cidadania na sua dimensão política. Por conseguinte, outros componentes desta mesma dimensão da cidadania ficam de fora. Elementos como: informar ao cidadão que é também seu papel fiscalizar e exigir a prestação de contas dos governantes; dirigir abaixo-assinados às autoridades, em geral; na qualidade de pai ou aluno, participar da vida e da organização das escolas e universidades, fazer denúncias, requerer informação sobre todas as matérias do interesse público, exigir que o assunto do Estado seja transparente e que nunca seja resolvido em segredo nos gabinetes.
Todavia, a cidadania comporta uma realidade mais complexa que ultrapassa a dimensão política. Segundo a definição duma pessoa com quem discuti e que me clarificou muitas questões sobre o tema, “a cidadania é vida no seu todo, em outras palavras, é condição para que alguém possa, realmente, ser uma pessoa”. Significa ter sua dignidade humana respeitada. Cidadania, no fundo, significa DIREITO de ter DIREITOS.
O que é cidadania, então? Cidadania é estado ou qualidade de pessoa que goza de direitos e cumpre deveres num determinado estado.
A utilização da palavra cidadão é para quem possui direitos de tal ordem. O seu uso estende-se a pessoa duma determinada comunidade, cidade ou país, seja em âmbito internacional ou supranacional. Esses direitos e deveres, no caso da Guiné-Bissau, estão consagrados na Constituição da República a partir do artigo 24º, segundo este, «todos os cidadãos são iguais perante a lei, gozam dos mesmos direitos e estão sujeitos aos mesmos deveres, sem distinção de raça, sexo, nível social, intelectual ou cultural, crença religiosa ou convicção filosófica.» Nesta situação podemos considerar que a nossa Constituição é uma carta de cidadania, é ela quem confere direitos e vincula o cidadão perante os problemas do seu país. Ela revela ser uma carta de justiça, de liberdade, que deve ser cumprida. Pois, a Constituição não é uma caixa mágica.
A participação do cidadão no cumprimento dos princípios consagrados na mesma faz parte da chamada cidadania. A mesma contribuirá para o respeito da dignidade do próprio cidadão. Deste modo a constituição é, apenas, uma alavanca muito importante para as conquistas populares e para o avanço da sociedade. Só que sem acção do cidadão ela não passa duma simples carta. Mas para que o cidadão esteja a altura de exercer uma cidadania de qualidade precisa de ser formado.
A Guiné-Bissau, neste momento, está no caminho de preparação para o exercício de uma das dimensões de cidadania, a dimensão política. A questão que se põe é: o que é que a preparação dessas eleições trará como conteúdo? Será aquela habitual? Receber dinheiro da comunidade internacional, produzir urnas e boletins de voto e ensinar como votar através dos programas de educação cívica?
O exercício da cidadania através da participação na vida política limita-se apenas a isto?
No meu entendimento, não é tudo. O exercício da cidadania na sua dimensão política abrange também o direito de exigir e fiscalizar as actividades dos governantes (fiscalizar o Poder Executivo, o Poder Legislativo, etc.) exigir que estes cumpram com o seu importante papel. Estes aspectos deveriam merecer uma especial atenção nos capítulos da educação cívica que foram levadas a cabo nas vésperas das eleições que tiveram lugar no nosso país.
A cidadania comporta muitas outras dimensões. Uma outra dimensão que gostaríamos de discutir aqui é a existencial. A dimensão existencial da cidadania é condição para “ser pessoa”. Ou seja, a dimensão existencial da cidadania nos obriga a compreender que, para “ser cidadão”, é preciso ser respeitado como “pessoa humana”.
A Guiné-Bissau, neste momento, está no caminho de preparação para o exercício de uma das dimensões de cidadania, a dimensão política. A questão que se põe é: o que é que a preparação dessas eleições trará como conteúdo? Será aquela habitual? Receber dinheiro da comunidade internacional, produzir urnas e boletins de voto e ensinar como votar através dos programas de educação cívica?
O exercício da cidadania através da participação na vida política limita-se apenas a isto?
No meu entendimento, não é tudo. O exercício da cidadania na sua dimensão política abrange também o direito de exigir e fiscalizar as actividades dos governantes (fiscalizar o Poder Executivo, o Poder Legislativo, etc.) exigir que estes cumpram com o seu importante papel. Estes aspectos deveriam merecer uma especial atenção nos capítulos da educação cívica que foram levadas a cabo nas vésperas das eleições que tiveram lugar no nosso país.
A cidadania comporta muitas outras dimensões. Uma outra dimensão que gostaríamos de discutir aqui é a existencial. A dimensão existencial da cidadania é condição para “ser pessoa”. Ou seja, a dimensão existencial da cidadania nos obriga a compreender que, para “ser cidadão”, é preciso ser respeitado como “pessoa humana”.
O respeito à dignidade humana exige: tratamento igualitário das pessoas; respeito à “pessoa humana” por ser “pessoa humana”, não pela riqueza que tenha, pela posição social, pela cultura, pelo parentesco com pessoas de prestígio etc; um sistema de saúde pública humano, eficaz; que a todas as pessoas se garanta moradia saudável e digna; que o lar de toda pessoa seja respeitado, que o domicílio pobre ou rico seja inviolável; que a correspondência nunca seja violada, que se assegure a todos um meio ambiente, ecologicamente, equilibrado, com condição existencial, não só da geração presente, mas das gerações que se sucedem no curso da vida; que se respeitem as diversas culturas, tradições e populações do nosso país; que se respeitem todas as minorias (minorias religiosas, políticas e étnicas, etc); que os deficientes físicos sejam tratados com respeito. Tudo isto está consagrado na Constituição da República da Guiné-Bissau tal como o direito de votar.
Mas por que se deu ênfase apenas ao direito de votar?
As nossas campanhas de educação cívica não têm abrangido estes aspectos de direitos e deveres do cidadão guineense. Por esta razão, gostaríamos de aproveitar desta oportunidade para solicitar as autoridades, governo recém-nomeado com o único objecto: preparar as eleições, no sentido de conceberem um programa de educação cívica que inclua estes aspectos.
Alberto Luís Quematcha.
As nossas campanhas de educação cívica não têm abrangido estes aspectos de direitos e deveres do cidadão guineense. Por esta razão, gostaríamos de aproveitar desta oportunidade para solicitar as autoridades, governo recém-nomeado com o único objecto: preparar as eleições, no sentido de conceberem um programa de educação cívica que inclua estes aspectos.
Alberto Luís Quematcha.
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