terça-feira, 11 de março de 2014

Atenção mediática explica-se pela forma simples e próxima de comunicar do Papa Francisco


 O jornalista Henrique Monteiro e o crítico literário Pedro Mexia consideram que a atenção da imprensa mundial à volta do Papa se explica pelos seus “gestos simples”.

“O facto da imprensa achar que o Papa Francisco é cool não mostra nada, apenas revela que através dos seus gestos simples agradou a muita gente fora da Igreja”, disse Henrique Monteiro durante a conferência ‘Francisco: Um Papa do fim do Mundo’, promovida pela Agência Ecclesia, Rádio Renascença e Universidade Católica Portuguesa (UCP) para assinalar o primeiro aniversário do pontificado.

“Este último ano serviu para reorientar o foco da Igreja na questão da justiça social o que é muito importante nomeadamente neste momento que se vive, em tempos de crise, e isso toca as pessoas que vivem o desemprego, esta mensagem toca muito as pessoas”, acrescentou o cronista Pedro Mexia que lembrou o facto de que o “mensageiro conta tanto como a mensagem e este ano mediático tem servido para muita gente conhecer e redescobrir algo que a Igreja sempre defendeu mas que não tinha tanta atenção.”

Para o jornalista e comentador Henrique Monteiro o segredo do Papa Francisco é “a sua linguagem afetiva e próxima, é um homem que fala a cada um e chega a toda a gente, é muito intimista, muito pessoal que fala por parábolas”.

“O papa é aquele tio que toda a gente gostava de ter, que fosse lá a casa dar uns bons conselhos, que manda umas piadas e conta histórias” e isso cria “expectativas não só na imprensa mas também em pessoas simples e até nos não cristãos”.

“Ele centrou toda a sua atividade de um ano por aquilo que é o mandamento universal que é o amor, algo tão simples e esse é o verdadeiro segredo”, concluiu Henrique Monteiro.

Já Pedro Mexia, cronista e crítico literário disse que “o momento-chave e de longe o mais importante deste ano de papado foi o momento em que Francisco foi à ilha de Lampedusa, em Itália”.

 “Tem sido um ano bastante paradoxal porque raramente algum dos meus amigos gostava do Papa, dantes quando ele aparecia na televisão mudavam de canal, agora quando Francisco aparece aumentam o volume do som e isso é muito estranho”, gracejou.

“A primeira grande ovação que o Papa teve foi quando a seguir ao seu primeiro Angelus disse ‘bom almoço e bom domingo’, um tom de proximidade que desarmou as pessoas, é algo cativante mesmo para quem não tem uma ligação cristã”.

“O facto de o Papa querer ficar na Casa de Santa Marta e de renovar o seu bilhete de identidade argentino, mostra que não quer ficar refém do Vaticano, do cargo”, sublinhou o cronista.

“Nunca vi tantas pessoas fora do âmbito crente a querer ouvir o que o Papa diz e isso é importante” algo que talvez se justifique com o facto de Jorge Bergoglio ser “uma pessoa que tem um passado como padre no terreno que é determinante na sua experiência atual, tem gestos importantes como por exemplo quando telefona a uma mãe que está na dúvida se aborta e recebendo o telefonema do Papa não aborta”, concluiu Pedro Mexia.

“Como o Vaticano se tornou próximo” foi o segundo tema em debate que foi moderado pela professora da Faculdade de Ciências Humanas da UCP, Rita Figueira que referiu dados de um estudo norte-americano em que no último ano o nome do Papa é dos “mais referidos ao longo de todo o ano a par de Barack Obama e Nelson Mandela”, além de marcar presença nos media sociais, sendo que no Twitter “84 por cento dos comentários sobre o Papa são muito positivos.”

As capas da revista Time e Rolling Stones são também, na opinião da professora universitária “indicadores culturais e comerciais incontornável do valor do Papa nos media atuais”.

O programa da iniciativa incluiu ainda análises ao pontificado pela voz de Adriano Moreira e por uma mesa redonda onde intervieram Alfredo Bruto da Costa, Manuel Fúria e Margarida Neto.

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