O jornalista Henrique Monteiro e o crítico
literário Pedro Mexia consideram que a atenção da imprensa mundial à volta do
Papa se explica pelos seus “gestos simples”.
“O
facto da imprensa achar que o Papa Francisco é cool não mostra nada, apenas
revela que através dos seus gestos simples agradou a muita gente fora da
Igreja”, disse Henrique Monteiro durante a conferência ‘Francisco: Um Papa do
fim do Mundo’, promovida pela Agência Ecclesia, Rádio Renascença e Universidade
Católica Portuguesa (UCP) para assinalar o primeiro aniversário do pontificado.
“Este
último ano serviu para reorientar o foco da Igreja na questão da justiça social
o que é muito importante nomeadamente neste momento que se vive, em tempos de
crise, e isso toca as pessoas que vivem o desemprego, esta mensagem toca muito
as pessoas”, acrescentou o cronista Pedro Mexia que lembrou o facto de que o
“mensageiro conta tanto como a mensagem e este ano mediático tem servido para
muita gente conhecer e redescobrir algo que a Igreja sempre defendeu mas que
não tinha tanta atenção.”
Para
o jornalista e comentador Henrique Monteiro o segredo do Papa Francisco é “a
sua linguagem afetiva e próxima, é um homem que fala a cada um e chega a toda a
gente, é muito intimista, muito pessoal que fala por parábolas”.
“O
papa é aquele tio que toda a gente gostava de ter, que fosse lá a casa dar uns
bons conselhos, que manda umas piadas e conta histórias” e isso cria
“expectativas não só na imprensa mas também em pessoas simples e até nos não
cristãos”.
“Ele
centrou toda a sua atividade de um ano por aquilo que é o mandamento universal
que é o amor, algo tão simples e esse é o verdadeiro segredo”, concluiu
Henrique Monteiro.
Já
Pedro Mexia, cronista e crítico literário disse que “o momento-chave e de longe
o mais importante deste ano de papado foi o momento em que Francisco foi à ilha
de Lampedusa, em Itália”.
“Tem sido um ano bastante paradoxal porque
raramente algum dos meus amigos gostava do Papa, dantes quando ele aparecia na
televisão mudavam de canal, agora quando Francisco aparece aumentam o volume do
som e isso é muito estranho”, gracejou.
“A
primeira grande ovação que o Papa teve foi quando a seguir ao seu primeiro
Angelus disse ‘bom almoço e bom domingo’, um tom de proximidade que desarmou as
pessoas, é algo cativante mesmo para quem não tem uma ligação cristã”.
“O
facto de o Papa querer ficar na Casa de Santa Marta e de renovar o seu bilhete
de identidade argentino, mostra que não quer ficar refém do Vaticano, do
cargo”, sublinhou o cronista.
“Nunca
vi tantas pessoas fora do âmbito crente a querer ouvir o que o Papa diz e isso
é importante” algo que talvez se justifique com o facto de Jorge Bergoglio ser
“uma pessoa que tem um passado como padre no terreno que é determinante na sua
experiência atual, tem gestos importantes como por exemplo quando telefona a
uma mãe que está na dúvida se aborta e recebendo o telefonema do Papa não
aborta”, concluiu Pedro Mexia.
“Como
o Vaticano se tornou próximo” foi o segundo tema em debate que foi moderado
pela professora da Faculdade de Ciências Humanas da UCP, Rita Figueira que
referiu dados de um estudo norte-americano em que no último ano o nome do Papa
é dos “mais referidos ao longo de todo o ano a par de Barack Obama e Nelson
Mandela”, além de marcar presença nos media sociais, sendo que no Twitter “84
por cento dos comentários sobre o Papa são muito positivos.”
As
capas da revista Time e Rolling Stones são também, na opinião da professora universitária
“indicadores culturais e comerciais incontornável do valor do Papa nos media
atuais”.
O
programa da iniciativa incluiu ainda análises ao pontificado pela voz de
Adriano Moreira e por uma mesa redonda onde intervieram Alfredo Bruto da Costa,
Manuel Fúria e Margarida Neto.
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