Por, Fernando Casimiro (Didinho)
E onde está a Solidariedade para com as populações
dos países afectados pelo vírus Ebola, quando se misturam decisões políticas e
alegadas intenções humanitárias, sustentadas apenas com base no receio pela
contaminação, tendo como referência pessoas doentes, ou seja, infectadas com o
vírus e não o apoio, o reconforto, à maioria das populações não contaminadas
desses países, que, perante medidas ditas excepcionais para situações
excepcionais, passaram a ser vítimas de uma insensibilidade, de um egoísmo, de
uma intolerância, mais perigosa do que o próprio vírus Ebola?
A Humanidade presenciou várias epidemias,
ultrapassando-as ou não, com solidariedade, com dignidade, com humanismo.
A Lepra, a Tuberculose e mais recentemente o Sida,
são exemplos de epidemias aterrorizantes, que, no entanto, congregaram esforços
políticos, científicos, sociais e religiosos, por exemplo, para que não
se" condenassem" populações e países ao isolamento, ao desprezo
perante a desgraça de uma epidemia que assusta, mas que deve ser encarada com
humanismo.
O nosso mundo, o Mundo Global, na verdade, só tem
fronteiras formais, e as epidemias, não se controlam nas fronteiras formais,
porque infelizmente, há outros agentes infecciosos que não o Homem, que viajam,
fazendo migrações sazonais e que levam a todo o lado doenças daqui e de acolá.
Porquê" condenar", pôr de"
quarentena" populações inteiras, ainda que saudáveis, que também receiam
pela vida, com o risco de contraírem o vírus Ebola, mas que se sentem, a cada
dia que passa, abandonadas à desgraça que nos dias de hoje caracteriza os seus
países?
Aos meus irmãos guineenses em particular e da África
Ocidental em geral, deixo uma pergunta: E se fossemos nós... ?!
Se a desgraça chegasse aos nossos países o que
faríamos, como nos sentiríamos perante medidas restritivas, intolerantes e
assentes no egoísmo, na demagogia política?
Fechar fronteiras terrestres com os países
afectados, impedir aterragem de voos provenientes de países afectados ou
suspender todas as ligações aéreas e marítimas com os países afectados, será a
melhor solução curativa, médica e social, para a epidemia?
Não estaremos a criar outros problemas por trás
desta epidemia?!
Afinal para que servem as recomendações médicas, com
carácter preventivo e no sentido de evitar a propagação de epidemias, se essas
medidas são reforçadas com decisões políticas de isolamento, de marginalização,
de exclusão de populações inteiras e não selectivas, face à doença?
Perante situações excepcionais o Mundo deveria agir
sempre de forma solidária, a Missão Humanitária é precisamente a de servir,
ajudar quem precisa e isso faz-se no terreno.
Médicos, pessoal de Saúde e religiosos foram
contaminados com o vírus Ebola e pereceram. Sabiam dos riscos que estavam a
correr, mas sabiam que a Missão com que se tinham comprometido era a de servir
os necessitados, mesmo dando as suas vidas em busca de soluções para a
Humanidade.
Obviamente, ainda não se constatou a morte de nenhum
político ou governante, por causa do vírus Ebola. Pudera...!
Não nos esqueçamos de que a vida só tem sentido se,
para além de nós, outros também puderem viver!
A minha Solidariedade para com todos os países
afectados pelo vírus Ebola e, para com as suas populações, entre os doentes e
os saudáveis.
Nota: Os artigos assinados por amigos, colaboradores ou
outros não vinculam a IBD, necessariamente, às opiniões neles expressas.
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