
De
acordo com um relatório com o título `Dinamismo da Política Industrial Dinâmica
em África, lançada pela Organização das Nações Unidas e pela União Africana, a
transformação estrutural que é defendida permitiria ao continente deixar de ser
caracterizado como "uma sociedade basicamente agrária com uma aguda
dependência dos recursos naturais".
Passaria,
argumentam estes peritos, "para um modelo económico baseado nos setores de
alta produtividade, especialmente a manufaturação e os serviços e agricultura
modernos, com uma significativa adição de valor, geração de emprego, mais
competitivo local e internacionalmente, e com uma distribuição mais equitativa
do rendimento", que potenciaria ainda mais as taxas de crescimento médio a
rondar os 6%.
No
dia em que se assinala a Industrialização em África, o relatório com quase 150
páginas explica que esta transformação estrutural tem sido limitada por um
conjunto de razões, entre as quais se contam "a fraca capacidade
institucional e a capacidade de organização, os poucos investimentos em manufaturação
e capacidades produtivas, e o limitado desenvolvimento de perícia e
conhecimento para as atividades económicas mais desenvolvidas".
A
industrialização, sendo reconhecido como os meios através dos quais todos os
países conseguem evoluir do ponto de vista das suas economias, é "o
caminho mais claro para África conseguir crescimento que fomente o mercado de
trabalho e o desenvolvimento", lê-se no relatório, que argumenta que uma
das principais razões para o falhanço da política industrial em África tem sido
"a negligência sobre o processo e o enfoque primordial nos
instrumentos".
Salientando
que cada país tem a sua especificidade, e que o continente africano não pode
ser encarado como um conjunto de países com os mesmos problemas e
características, o relatório, ainda assim, oferece um conjunto de passos e
soluções que são transversais às características de cada país.
Desde
logo, as associações industriais de cada país são chamadas a jogo: "elas
devem mostrar dinamismo e crescimento orgânico, força no diálogo
público-privado, altos níveis de coordenação e apoio político, e eficácia
regulatória".
A
característica central da política industrial no continente, encarado como um
todo, é que o crescimento económico pujante não encontra um par na transformação
económica e social, porque "muitos países africanos ainda dependem
fortemente da produção e exportação de matérias-primas brutas e a agricultura
de baixa produtividade, e o setor informal é o maior gerador de empregos".
O
problema, explicam, é que os decisores políticos, os académicos e os analistas
concentram-se principalmente em definir políticas comuns, modelos regulatórios
semelhantes e constrangimentos semelhantes em vários países, "mas
raramente se focam nas instituições que conduzem a política industrial, ou nas
suas fraquezas - as fracas arquiteturas institucionais e o mau planeamento
industrial têm estado no epicentro do problema da política industrial em
África", concluem os peritos da ONU e da União Africana.
O
Dia da Industrialização de África, que hoje se assinala, foi criado em julho
de1989 em Adis Abeba numa reunião de chefes de estado e de governo da então
Organização da Unidade Africana e adotado em dezembro no mesmo ano pela
assembleia-geral das Nações Unidas.
//Lussa
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