
Por, Fernando Casimiro (Didinho)
Falemos dos outros, mas não ignoremos os nossos problemas, as suas causas e os seus responsáveis...
Falemos dos outros, mas não ignoremos os nossos problemas, as suas causas e os seus responsáveis...
Sinto pena, constatar que, ao longo dos anos e
perante diversos contextos propícios à reflexão interna, ou seja, do nosso
país, a Guiné-Bissau; dos nossos políticos e governantes; dos nossos
magistrados, etc., etc., que, alguns filhos da Guiné-Bissau, entre os mais
lúcidos e os menos lúcidos, se opõem, sempre se opuseram ao posicionamento
crítico em forma de cidadania, de uns poucos "atrevidos" e corajosos
guineenses, mas também, amigos da Guiné-Bissau, que, de reflexão em reflexão
crítica, com abordagens sustentadas, foram dando e têm dado a conhecer o estado
da podridão reinante no Estado que é a Guiné-Bissau.
O curioso é que, perante casos de ditadura, de
crimes de sangue, de corrupção etc., verificados noutros países, o guineense
atreve-se a fazer juízos de valor sobre esses assuntos, ignorando o que existe
no seu país...
Como gostaria de saber o que pensam certos
guineenses relativamente a tantos casos que nunca foram resolvidos pela nossa
Justiça...!
Se há corrupção em Portugal, branqueamento de
capitais, fraude fiscal, etc., etc., para o guineense ou luso/guineense
comentar, por que razão não se faz o mesmo relativamente ao nosso país, a
Guiné-Bissau...?!
Há processos pendentes sobre diversos governantes e
políticos nacionais, entre eles o Presidente da República e vários membros do
actual governo... então...?!
Não, sobre a elite poderosa da Guiné-Bissau, não se
pode dizer nada, porque é inveja; é tentativa de desestabilizar o país...
enfim... "coisas nossas", parafraseando o saudoso Jorge Ampa
Cumelerbo.
Vemos políticos, governantes, "homens de
negócios", ostentando riqueza, que nem os seus salários, nem os
rendimentos dos negócios "oficiais" dão para tanto e não se pode
dizer nada, porque é inveja, é tentativa de desestabilizar o país...
Vemos políticos, governantes e "homens de
negócios" guineenses comprarem apartamentos e até moradias em zonas
"chique" de Lisboa, a pronto pagamento e..., de onde saiu o
dinheiro...?!
Vemos famílias a viajar para férias no estrangeiro,
demonstrando posses, cujos rendimentos, se é que todo o agregado familiar
trabalha e não tem despesas...não dão para tanto...
E vemos as desigualdades sociais... Consequente de
uns poucos terem milhões e de uns milhões terem pouco, como diz e bem o meu
amigo e irmão Orlando Castro, jornalista luso/angolano.
Que Estado de Direito queremos construír ou
solidificar, quando cultivamos e promovemos a impunidade, moralizando todas as
práticas criminosas que um Estado de Direito considera como tal?!
Acredito na Guiné-Bissau, SIM, por isso o meu compromisso
por uma Guiné-Bissau Positiva, que também passa pela construção e afirmação de
um verdadeiro Estado de Direito e Democrático; não um Estado que contrapõe, na
prática, os fundamentos teóricos da sua sustentação constitucional!
Há infinitas razões, argumentos, provas, para que na
Guiné-Bissau, os Tribunais libertem o país do dirigismo criminoso, entre
conivências, cumplicidades e participação directa.
Contudo, dada a confluência de interesses e a
ramificação de acções corrosivas ao Interesse Nacional, num Sistema de Poder,
todo ele alienado aos múltiplos interesses de ordem pessoal, em detrimento do
Interesse Nacional, não creio que possamos ter, a curto prazo, mudanças ou
indícios de mudança na relação de compromisso, de responsabilidade e de
responsabilização que deve nortear a acção política, governativa e
jurisdicional na Guiné-Bissau, tendo em conta servir o país e os guineenses!
Nota: Os artigos assinados por amigos, colaboradores ou
outros não vinculam a IBD, necessariamente, às opiniões neles expressas.
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