Não estará o PAIGC a precisar duma
mediação nacional ou internacional para a resolução dos seus conflitos internos
que estão a pôr em causa a estabilidade do país e o Interesse Nacional?
Tenhamos lucidez e coragem para
analisarmos o actual momento da Guiné-Bissau.
A quem interessa o bloqueio
institucional na Guiné-Bissau se estamos perante uma crise no seio dum único
partido?
Como resolver essa crise, quando o
Governo deve apresentar nos prazos legais a reapreciação do seu Programa,
reprovado que foi em Dezembro passado e sem que o PAIGC partido que governa,
consiga ultrapassar os seus diferendos internos, concretamente com 15 dos seus
deputados que podem voltar a pôr em causa uma segunda reprovação do seu
programa de governação no parlamento?
Como afirmar que todas as soluções de
governação terão que passar pelo PAIGC quando o Governo necessita de confiança
política no parlamento e, caso haja nova reprovação do programa do governo,
isso acarreta automaticamente a queda do governo?
Equívocos com a demissão do Governo
chefiado pelo Eng.º. Domingos Simões Pereira?
Na altura, não se tratava da
apresentação do Programa do Governo, pois havia um Governo inclusivo sem
nenhuma oposição e foram duas as moções de confiança ao Governo, por
unanimidade, garantindo a confiança plena do parlamento no Governo.
Aí havia confiança política no
parlamento e o Presidente da República teria sempre que delegar ao PAIGC a
formação do Governo.
Nos dias que correm, ainda que o
Programa do Governo seja o mesmo que tinha sido aprovado quando o Eng.º.
Domingos Simões Pereira era Primeiro-ministro, acontece que o xadrez político
do parlamento é outro, desde que o PRS, o maior partido da oposição decidiu não
fazer parte do Governo ora liderado pelo Eng.º. Carlos Correia.
Não é uma demissão directa justificada e
decretada pelo Presidente da República, mas sustentada por preceitos
constitucionais específicos da reprovação do Programa do Governo no Parlamento.
Não havendo essa engenhosa parceria
política-parlamentar, não se deve "cobrar" ao PRS no actual contexto,
o facto de ter viabilizado o mesmo Programa no passado, pois são situações
distintas suportadas por interesses distintos.
O PAIGC continua a perder tempo com
reuniões e mais reuniões para penalizar os seus 15 deputados que se abstiveram
na última votação ao seu Programa de Governo, quando deveria preocupar-se com a
reconciliação interna no intuito de reaproximar os seus deputados e obter a
garantia dos seus votos favoráveis no próximo dia 18 de Janeiro, quando o
Programa do Governo volta a ser reapreciado no parlamento.
E se a razão para a demissão do governo
for a reprovação, pela segunda vez, do seu Programa, como pode o PAIGC pensar
em ser, de novo, nesta legislatura, solução governativa?
É que a Constituição também permite ao
Presidente da República ouvir os partidos políticos sobre a nomeação do
Primeiro-ministro e a formação do Governo, tendo em conta os resultados
eleitorais.
E que "resultados eleitorais"
passaríamos a ter se o PRS garantisse ao Presidente da República que poderia
constituir uma nova maioria parlamentar, fruto dos seus 41 mandatos no
parlamento, adicionados, aos 15 deputados que, sendo sancionados pelo PAIGC
continuariam no parlamento como deputados independentes e aliados ao PRS?
Seria inconstitucional? Não!
É por isso, que vejo toda a estratégia
política do PAIGC como uma teimosia, que não prejudicará só o partido, mas
também a Guiné-Bissau e os guineenses.
É preciso saber ceder, "engolir
sapos", quando a situação impõe, para não perdermos tudo.
Não voltarei a abordar esta crise, que
nos preocupa e desgasta a todos, até ao desfecho que for obtido no próximo dia
18 de Janeiro próximo. Fartei-me!
Os políticos que se entendam, pois o
nosso povo saberá a quem responsabilizar pelos prejuízos causados por uns e
outros!
Positiva e construtivamente.
Nota: Os artigos assinados por amigos, colaboradores ou outros não vinculam a IBD, necessariamente, às opiniões neles expressas.
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