TITE, GUINÉ-BISSAU: O Berço da luta para Implantação da República da Guiné-Bissau e Cabo verde

Por, Dr. Camais Blinque

Filhos e Amigos De Sector Tite,

O Berço da luta para Implantação da República da Guine e Cabo verde, 23 de Janeiro de 1963 não foi uma data só por motivo acima, referido mas para os Titenses, este dia tem um marco muito forte que muitos Guineenses não sabem e que as autoridades nunca mostraram clara vontade de explicar. Sendo tudo isso uma omissão que fere claramente as nossas sensibilidades como Povo, teriam que ser nós próprios aproveitando esta data mas uma vez dar o pontapé de saída.

A Guerra é Guerra como todos sabem, as consequências inerentes que pedem imaginar, o Povo Titense foi apanhado de Surpresa com o primeiro tiro. Nós nunca pedimos a Guerra, mas ela veio ter connosco de surpresa, a nossa reação foi ter que INVENTAR modos para lidar com a Guerra fizemo-lo com muitos custos da impreparação, sofrimentos com danos incalculáveis.

Assim sendo Tite e Sector, passou a ser após pouco tempo a primeira zona Libertada do País. Esta designação Para Titense teve e tem hoje muito peso reflexos negativos como vamos tentar explicar.

A Zona Libertada, era uma zona em que Tropa Colonial não podiam circular, controlada exclusivamente pelas Guerrilhas do PAIGC, mas na realidade não era todo Sector ou Região que era realmente Libertada. Mas Tropas Colonial Infelizmente consideraram todo Sector ou mesmo Região de Quinara como Área de Guerrilha.

Este foi realmente um grande Pesadelo para Titense, com porque com esta desculpa farrapada dos Colonialistas (também os Guerrilheiros do PAIGC) tinham toda liberdade de cometer atrocidades sobre humilde e inocente População do Sector e Região.

Para terem a ideia da dimensão do problema, nós nessa área da zona Libertada, éramos considerado indiscriminadamente pela Autoridade Colonial como TURRAS, ou seja eles podiam atirar abater as populações em qualquer momento, pois eram inimigo da Guerra. Daí imaginar a consequência devida, que ao mesmo tempo obrigava deslocação constante das populações de uma área a outra segundo a conveniência estratégica do Cólon.

Nesta situação caótica os Portugueses não podiam investir na Escola e na infraestruturas respeito outras zonas do País. Aqui esteve e ainda é as causas de falta de Infraestruturas quase inexistente neste Sector e Região. Nós estávamos completamente abandonados neste sentido durante 11 anos por causa de estarem nas Zonas Controladas pelos Guerreiros do PAIGC, estes por sua vez não tinham condições para criar as infraestruturas.

Razões a justificarem a falta de infraestruturas que o Sector e Região debatem até hoje, com completa indiferença e esquecimento por parte das autoridades de Bissau.

As únicas infraestruturas que portugueses deixaram em Tite, Fulacunda, Empada e Buba, foram degradando acabando por deixarem de funcionar poucos anos após independência. Desde então, Tite não tem tido um posto de saúde (Padres de Itália fizeram nos anos 90 um Hospital que está hoje abandonado), nem água potável, nem estrada, e o seu aquartelamento Histórico completamente abandonado.

Quanto a legado de Guerra e trauma física e psicológica deixada e gravada ainda na memoria das Populações de sector de Tite, como eu dizia, as atrocidades que as pessoas sofreram eram, dos dois lados (por Guerreiros do PAIGC e Tropas colonial). Como todos sabem que a Logística dos Guerreiros de Cabral nessa altura era também ao cargo destas mesmas populações já fustigadas em sofrimentos, todas as noites vinham elementos do PAIGC bater a Porta deles, para levar arroz e precisando do Carregadores de balas para distribuir em diferentes postos ou Barracas espalhados na zona. Há pessoas que deslocavam de Tite até Buba a pé carregando balas arroz etc.

Quem não obedecesse as ordens também podia ser castigado até a Morte, ou era acusado de colaborar com o Colon razão suficiente na altura para ser eliminado. Com tudo isso as pessoas eram obrigadas a fugir das suas aldeias e refugiarem nos lugares mais seguros contra estas pilhagens e humilhações. Tendo em conta o custo enorme desta realidade que só pode contar quem lá esteve.

Há certamente muitos acontecimentos Marcantes relativamente a TIte e suas Secções ( Jabadá, Bissassema) para além do Primeiro Tiro. Esses Acontecimentos foram Simplesmente Banidos da História do PAIGC, ou seja até hoje não nós compreendemos o porquê de tanta preocupação em Esconder factos reais, a verdade que toda população vive aos olhos nus. A título do exemplo vamos elencar aqui alguns deles .

Sabiam:

Que o Sr. Marcelino da Mata, nasceu em Tite.

Que havia uma vala comum aberta (carrega tiro), onde vinham assassinados a tiro os Conta revolucionários, apreendidos vindas de quase da toda parte da Guiné Colonial.

Que havia um Poletão permanente em Tite, da facção dos Comandos Africanos Chamado- Gato Bravo/Vingador, comandado Por Comandante BLETE FANGAZ

Que Tite (Djufa) foi onde Tombou a tiro o 1º Chefe dos Comandos Africanos, Capitão JÕAO BACAR DJALÓ.

O Capitão João Bacar Foi Morto em combate por outro Senhor Comandante do Outro lado (PAIGC) cujo Nome foi banido nas elites do PAIGC por causa do seu pragmatismo e Valentia, o Comandante KWAD NANDAMI, que mais tarde foi Morto no mesmo dia do assassino do A Cabral.

Que a segunda Batalha mais Mortífera na nassa História, (após a da Ilha do Como) aconteceu em Fins do Janeiro e Principio de Fevereiro do 1968- Batalha de Bunaussa-Bissassema. Incrivelmente não consta nas contas do PAIGC.

Alguém dizia que razões destas omissões por parte do PAIGC, era para não apresentar o balanço negativo ou comportamentos antissocial de frente da Guerra, perante as Instituições como ONU, por causa de apressar a Independência. Eu, pessoalmente não posso acreditar nisso pois havia outras vias, ao invés de amputar a verdade Histórica de um País em nascimento.

A juntar este facto, devemos considerar outros ocorridos depois de Independência.

No Sector de Tite com o QUEMO MANÉ , foi também onde a execução sumaria teve mais acento tónico, usando o mesmo “Carrega tiro dos Colon,” outra vez, foram os filhos de Quinará que eram antigas Tropas Portuguesa(obrigados a força portanto) abandonados a sua sorte após da Independência por Colon, a serem barbaramente assassinatos por ordens do PAIGC.  Só nós podemos testemunhar estes sofrimentos, umas atrocidades do PAIGC sem cabimentos como o tempo veio a provar.

Meus Conterrâneos, para os Titense o dia 23 de Janeiro do 1963 representa realmente muito mais do que o Primeiro tiro para implantação da República da Guiné e Cabo Verde. Há umas sequências de impactos em termos de sofrimento de todo tamanho, contra qual nós Titenses recebemos em compenso um total esquecimento e isolamento, com eterna promessa nunca comprida por parte do PAIGC e Autoridades Central de Bissau.

Eles (PAIGC) quiseram Maquiavelicamente ocultar toda esta Realidade fazendo como se nada tivesse acontecido, mas a provar tudo estas atrocidades inclusive enterrar as pessoas vivos, abrir a barriga das Grávidas para ver o que esta lá dentro, é que desde que tiraram os pés do Tite, nunca mais lá voltaram para enfrentar o Povo.

O mais vergonhoso é o abandonamento do aquartelamento de Tite, o Epicentro ou berço da História da Luta. os Comandantes destas Zonas, começando com Camarada Humberto Gomes, até ao Camarada QUEMO MANÉ com exceção deste último que regressou lá, como Presidente da Região e fez de facto alguma infraestrutura relativamente a sua Terra Natal, Fulacunda, mas foi ele também o Responsável em parte pela degradação do Tite transferindo a sede de Região para Fulacunda.

Como filhos de Tite, esta data significa, hoje uma grande Dor da conquista, sofrimento e destruição completa de muitas famílias, mas também uma esperança de um País novo.

Nunca cansaremos, até que um dia alguém de dever venha dialogar connosco, pois reclamamos ainda a palavra, a dignidade já não nos interessa as promessas eterna nunca cumprida, mas sim o diálogo e a presença.

Viva 23 de Janeiro!

Viva Luta para Independência!

Viva Povo de Tite!

Viva República da Guine Bissau!

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