sábado, 23 de janeiro de 2016

Guiné-Bissau: Confissão de um ex-alto dirigente do PAIGC numa entrevista ao Jornal Diário de Bissau

“No passado, bateram palmas aos fuzilamentos acordados por um tribunal militar; hoje batem palmas à expulsão de camaradas decidida por acórdão de um tribunal partidário; ontem, ficaram todos caladinhos perante assassinatos de camaradas em nome (sempre) de uma estabilidade perversa. A nossa memória é mesmo muito curta” – Fernando Delfim da Silva

É mais uma desgraça política que se está a configurar. Só falta saber a dimensão das suas consequências – dentro e fora do PAIGC. Mas para quem realmente viveu a história do PAIGC, esta crise é apenas “mais uma” crise, mas não no sentido fraco do termo, como se fosse uma pequena constipação que “juridicamente” se vai curar, voltando tudo à normalidade como se, antes, nada tivesse acontecido. É mais uma crise, sim, mas não é propriamente uma crise passageira. Ela é acumulativa.

Em 1986, mataram Paulo Correia e mataram vários outros camaradas nossos, em nome da estabilidade politica, lembram-se? Sem que tivessem cometido um único crime. Na altura, todos gritavam e batiam palmas: “mata e esfola”. E quando um tribunal pediu a pena de morte para os principais acusados, todos aplaudiram as execuções. Só duas ou três vozes – só duas ou três pessoas em toda a direcção do PAIGC – timidamente pediram, aliás, em vão: “não façam isso”! Mataram para garantir estabilidade política, sem nenhum crime que justificasse um tal desfecho. Até hoje estamos a pagar por isso.

Foi quando começou a cheirar dinheiro dentro do partido, naquele tempo de negócios, quando todos exigiam ao Chefe que garantisse a “estabilidade”. Porque o “país estabilizado” – dizia-se então – iria brevemente “arrancar” para o desenvolvimento! Tudo falso. Foi uma estabilidade mais para se safar, do que para safar a Guiné-Bissau. Uma estabilidade perversa, sem legitimidade. Enfim, no passado, bateram palmas aos fuzilamentos acordados por um tribunal militar; hoje batem palmas à expulsão de camaradas decidida por acórdão de um tribunal partidário; ontem, ficaram todos caladinhos perante assassinatos de camaradas em nome (sempre) de uma estabilidade perversa. A nossa memória é mesmo muito curta.

“O PAIGC  perde grande parte do seu tempo a discutir apenas estabilidade, sem discutir a sua própria unidade”. “O verdadeiro problema do PAIGC é político, ideológico e não propriamente programático”.

“Saindo Carlos Correia pelo seu próprio pé, o nível de tensão política cairia rápida e significativamente, e essa alteração positiva do clima político daria um incentivo aos protagonistas para explorarem sincera e empenhadamente a via do diálogo”.

“Carlos Correia como um protagonista (primeiro-ministro) não está a protagonizar rigorosamente nada”. “O líder do PAIGC  e o primeiro-ministro não podem fazer de conta que tudo o que está a acontecer nada tem a ver com eles”. Citado pelo Jornal Diário de Bissau  

6 comentários :

  1. "Eu por acaso, quando passava hoje na praça do império eu vi a Maria da Fonte a chorar; parei e perguntei por que motivo chorava? -- porque já assisti a tantas desgraças aqui neste país, eles nem sentem vergonha por ser estrangeira. Há anos que estou aqui e já vi de tudo e de quase nada. Alguns tentaram derrubar-me por ódio mas resisti (porque sou resistente e apoio a resistência por justa causa), como se não bastasse tudo isso, tiraram-me a estrela que me foi oferecida pelos verdadeiros combatentes... não só isso como também deixaram-me enveredar na vizinhança pelos assassinos, criminosos, mafiosos e intriguistas de primeira. Mas agora já decidi que nunca mais vou me calar, estarei 100% com o povo pelo povo e para o povo."
    Segredou a ícone da igualdade.

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  2. Delfim foi também baluarte destas situações; ontem foi um dos que bateram as palmas para assinarem os camaradas, foi homem muito próximo do Nino Vieira "realmente temos a memoria curta". Maria da Fonte tem muita razão, porque já envergonha nos estes políticos prostitutos que viram casaca

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  3. Idilia Spencer Devemos para tudo para prevalecer o dialogo O papa Francisco disse na sua homilia no Vaticano disse que maior PONTE de AMOR é conversa entre irmãos pela verdade e consensos internos na sociedade em geral.Não pela politica de terra queimada que não beneficia a ninguém na comunidade de população.

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  4. This is the country we've. everything is possible... but our politcials leader, they don't follow Obama's speech, yhis would be the lesson for them. I am the man who gonna save this country. I'm just preparing for this. The best day will come for Guinea-Bissau when it will wake up for all nation, beacuse we're strong as other.

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    1. Fala na sua lingua-materna, nacional ou oficial pois o seu nivel de ingles nao corresponde a sua ambicao de transmitir a sua mensagem. Porque tentar falar o ingles quando sabe que tem muitas limitacoes nessa lingua de Shakespierre? Para impressionar? Para de pretender ser o nao nao e. Take care!

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COMENTÁRIOS
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