
"O Dia Mundial do Refugiado é um
momento para fazer um balanço do impacto devastador da guerra e da perseguição
na vida das pessoas forçadas a fugir, e honrar sua coragem e resiliência. É
também um momento para prestar homenagem às comunidades e Estados que recebem e
acolhem essas pessoas, muitas vezes em regiões fronteiriças remotas afectadas
pela pobreza, instabilidade e subdesenvolvimento, e longe da atenção
internacional. Nove em cada dez refugiados estão hoje a viver em países pobres
e de rendimento médio perto de situações de conflito.
No ano passado, mais de 1 milhão de
refugiados e migrantes chegaram à Europa através do Mediterrâneo, em barcos
frágeis e incapazes de navegar. Milhares não conseguiram chegar - testemunho
trágico do nosso fracasso colectivo de atender devidamente à sua situação.
Enquanto isso, a retórica política facciosa em questões de asilo e migração, a
crescente xenofobia, e as restrições ao acesso ao asilo tornaram-se cada vez
mais visíveis em determinadas regiões, e o espírito de responsabilidade
partilhada foi substituído por uma narrativa de intolerância, carregada de
ódio. Vemos um aumento preocupante no uso da detenção e na construção de muros
e outras barreiras.
Com a retórica anti-refugiados tão
forte, às vezes é difícil ouvir as vozes de boas-vindas. Mas estas existem, em
todo o mundo. No ano passado, em muitos países e regiões, assistimos a uma onda
extraordinária de compaixão e solidariedade, quando pessoas e comunidades comuns
abriram as suas casas e os seus corações aos refugiados, e alguns Estados
receberam bem os recém-chegados, mesmo quando já acolhiam um grande número de
refugiados.
Há uma necessidade urgente de ampliar e
construir sobre estes exemplos positivos. A nossa resposta aos refugiados deve
assentar nos nossos valores comuns de partilha de responsabilidades, não
discriminação e direitos humanos e de direito internacional dos refugiados,
incluindo o princípio de não-repulsão. No próximo dia 19 de Setembro, o Plenário
de Alto Nível da Assembleia Geral das Nações Unidas sobre a Resposta aos
Grandes Movimentos de Refugiados e Migrantes irá oferecer uma oportunidade
histórica para chegar a um pacto global, que tenha no seu cerne um compromisso
para a acção colectiva e uma maior responsabilidade partilhada para os
refugiados.
Devemos estar juntos com os milhões de
homens, mulheres e crianças que fogem das suas casas a cada ano, para garantir
que os seus direitos e dignidade sejam protegidos onde quer que estejam, e que
a solidariedade e compaixão estejam no centro da nossa resposta colectiva."
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