O decreto presidencial foi lido na Rádio
Difusão Nacional e, no preâmbulo, o chefe de Estado considera cumpridos os
preceitos constitucionais, bem como os compromissos estabelecidos no Acordo de
Conacri para que seja formado "um governo inclusivo" que permita
"salvar a presente legislatura".
O Presidente guineense justifica a
escolha com a necessidade de o novo executivo "ter apoio parlamentar ou
pelo menos não ter a maioria contra ele".
Umaro Sissoco vai liderar o quinto
governo da legislatura iniciada em 2014.
O nome tinha sido proposto por José
Mário Vaz aos partidos políticos no âmbito das negociações mediadas pela
Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) para resolver a
crise política na Guiné-Bissau - que levaram à assinatura do Acordo de Conacri.
Umaro Sissoco é general na reserva
O novo primeiro-ministro da
Guiné-Bissau, Umaro Sissoco, 44 anos, é um general na reserva das Forças
Armadas guineenses, de acordo com o currículo fornecido à agência Lusa.
No documento, apresenta-se como bacharel
em Relações Internacionais pelo Instituto de Ciências Sociais e Políticas da
Universidade Técnica de Lisboa.
A formação superior foi depois
complementada com um mestrado pelo Instituto de Estudos Internacionais da
Universidade Complutense de Madrid, bem como com outros estudos nas áreas
militares e de defesa em Espanha, Bélgica e Israel.
Umaro El Mokhtar Sissoco Embalo nasceu
em Bissau a 23 de setembro de 1972 e tem mantido residência em Dacar, capital
do Senegal.
É conhecido pelas suas ligações a vários
líderes africanos, nomeadamente chefes de Estado, e afirma-se também como a
pessoa que trouxe o antigo líder líbio Muammar Kadhafi a Guiné-Bissau, durante
algumas horas, em março de 2009.
O currículo sublinha as suas ligações
como antigo conselheiro de Kadhafi e de Blaise Compaoré, militar e político que
liderou o Burkina Faso. Com à agência Lusa.
Sissoco como primeiro-ministro da Guiné é “sinal da implantação de uma ditadura” - PAIGC
ResponderEliminarO PAIGC, vencedor das eleições gerais de 2014 na Guiné-Bissau, anunciou que está contra a decisão do Presidente do país em nomear Umaro Sissoco Embaló como primeiro-ministro, facto que encara como sinal da implantação de uma ditadura.
"O PAIGC convida a CEDEAO e toda a comunidade internacional a continuarem a acompanhar o povo guineense nesta luta pela defesa das conquistas democráticas e da liberdade, opondo-se frontalmente aos sinais evidentes de implantação da ditadura na Guiné-Bissau", lê-se no comunicado da Comissão Permanente do Bureau Político, assinado por Domingos Simões Pereira, presidente do partido.
O Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) "demarca-se desta decisão" do Presidente, José Mário Vaz, "responsabilizando-o por todas as consequências daí decorrentes e manifesta a sua firme e inabalável determinação em continuar a luta pela afirmação do Estado de direito democrático".
O Presidente da República deu hoje posse a Umaro Sissoco Embaló, 44 anos, general na reserva das Forças Armadas guineenses.
O nome era um dos três propostos por José Mário Vaz nas negociações do Acordo de Conacri, assinado em outubro pelos dirigentes guineenses para ultrapassar a crise política.
No entanto, segundo o PAIGC, Sissoco não foi o nome de consenso.
O partido apoiou o seu dirigente Augusto Olivais, outro nome que Vaz colocou em cima da mesa.
O PAIGC diz que esperava hoje o cumprimento "do consenso estabelecido em Conacri, o que não aconteceu", refere em comunicado, deixando implícito que Olivais teria sido a opção - apesar de o Partido da Renovação Social (PRS), segundo partido mais votado na Guiné, o negar.
Mediado pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), o texto do Acordo de Conacri não esclareceu o nome escolhido o que tem permitido que haja diferentes versões sobre o que passou nas negociações.
A este propósito o PAIGC já tinha pedido esta semana à CEDEAO e comunidade internacional que seja revelado o respetivo relatório final para acabar com as dúvidas.
O partido entende que, ao dar posse a Sissoco, José Mário Vaz está a denunciar o Acordo de Conacri e assim a pôr em causa "de forma irresponsável todo o esforço e sacrifício consentidos pelos diferentes atores políticos e sociais do País, assim como da comunidade internacional, particularmente da CEDEAO".
O Presidente da República opta por "prosseguir com a crise, por ele criada e ininterruptamente sustentada", conclui o partido.