sábado, 6 de abril de 2013

Bubo Na Tchuto “apresentado” ao Tribunal Distrital de Nova Iorque

A detenção do ex-chefe do Estado-Maior da armada guineense, Bubo Na Tchuto, e de quatro outros alegados traficantes na operação levada a cabo pela Agência de Combate a Droga dos Estados Unidos, (DEA) foi esta noite confirmada pelo director da DEA, Michelle M Leonhart e pelo procurador da justiça do Distrito Sul de Nova Iorque, Preet Bharara

Por Nelson Herbert, Jornalista

  Detidos: 
  •  PAPIS DJEME (preso no dia 2 de Abril em águas internacionais)
  • MANUEL MAMADI MANE (preso no dia 4 de Abril num país não-especificado da África Ocidental)
  • SALIU SISSE (preso no dia 4 de Abril num país não-especificado da África Ocidental)Cidadãos da Colômbia:
  • RAFAEL ANTONIO GARAVITO-GARCIA (preso no dia 5 de Abril em Colômbia)
  • GUSTAVO PEREZ-GARCIA (preso no dia 5 de Abril em Colômbia)
Nova Iorque  – A detenção do ex-chefe do Estado-Maior da armada guineense, Bubo Na Tchuto, e de quatro outros alegados traficantes na operação levada a cabo pela Agência de Combate a Droga dos Estados Unidos, (DEA) foi esta noite confirmada pelo director da DEA, Michelle M Leonhart e pelo procurador da justiça do Distrito Sul de Nova Iorque, Preet Bharara.
A par de Bubo Na Tchuto, detido a 2 de Abril último, numa operação conjunta da Agência de Combate a Droga dos Estados Unidos, DEA, da Divisão de Operações Especiais, do Departamento Bilateral de Investigação e do Grupo Anti Narco Terrorismo, e que envolveu ainda os operacionais da DEA em Lisboa e Bogotá, as autoridades americanas confirmaram a identidade de quatro outros colaboradores do ex-chefe de estado da armada guineense sob custódia da justiça americana.
Os quatro detidos cujas nacionalidades não foram reveladas foram identificados como sendo Manuel Mamadi Mane, Saliu Sisse, Papis Djeme e Tchamy Yala e acompanharam Na Tchuto nas audiências de quinta-feira no tribunal de Nova Iorque que legalizou as detenções.
Sabe-se, por outro lado, que numa operação simultanea, dois outros alegados traficantes de droga colombianos, Rafael António Gravito-Garcia e Gustavo Perez-Garcia procurados pela INTERPOL, foram igualmente hoje detidos na Colômbia.
Sob Mamadi Mane, Garavito-Garcia e Perez-Garcia impende a acusação de conspiração e engajamento com o narcoterrorismo, de recepcao e armazenamento da cocaína da guerrilha colombiana das FARC na África Ocidental, através de intermediários recrutados na região ocidental de África em particular na Guiné-Bissau.
Os contactos entre os traficantes colombianos Garavito-Garcia e Perez-Garcia com Manuel mamadi Mane e Saliu Sisse teriam tido início em Junho de 2012, cerca de dois meses após o golpe de Abril em Bissau, via telefone, emails e uma série de encontros e reuniões registados em áudio e vídeo por agentes americanos encobertos e que teriam passado por representantes da guerrilha colombiana das FARC.
Na sequência dos contactos, Mane e Sisse e os colombianos teriam acordado receber e armazenar toneladas de cocaína na Guiné-Bissau que seriam posteriormente introduzidas no mercado nos Estados Unidos, com as receitas reverterem-se a favor do financiamento das actividades da FARC na Colômbia.
Sabe-se por outro lado que uma parte das receitas provenientes da venda do carregamento de cocaína seria eventualmente utilizada pelas autoridades Bissau-guineenses na liquidação dos salários dos funcionários públicos locais, um gesto que visaria o aliciamento do governo guineense no sentido da concessão de facilidades ao recurso ao território nacional como placa giratória do tráfico da cocaína.
Para o efeito os traficantes reuniram-se em Julho de 2012 com representantes das estruturas castrenses Bissau-guineenses, para conjuntamente analisarem os beneficios da utilizacão do território como ponto de recepção e desembarque da cocaína proveniente da América do Sul com destino aos Estados Unidos da América, da natureza das armas a serem adqueridas e sua eventual utilização no combate da presença das forças americanas na Colômbia.
Esta possibilidade, conforme o registo áudio e vídeo dos agentes encobertos americanos envolvidos na operação, teria inclusive sido sugerida por Bubo Na Tchuto, para quem dada a fragilidade e a problemas de tesouraria do governo saído do golpe militar de 12 de Abril de 2012, dificilmente as autoridades Bissau-guineenses, resistiriam a uma semelhante oferta.
Para encobrir, a operação, o antigo chefe de estado da armada guineense que assumira a incumbência de estabelecer contactos com o poder em Bissau, chegou inclusive a disponibilizar os serviços das suas empresas para facilitar a importação da carga combinada.
Como contrapartida, Bubo Na Tchuto, acusado de tráfico de cocaína para os Estados Unidos, exigia dos intermediários das FARC, o pagamento de 1 milhão de dólares americanos, por cada tonelada de cocaína infiltrada na Guiné-Bissau.
Por outro lado e fazendo fé na acusação americana, a Mamadi Mane e Saliu Sisse teria sido incumbida em Bissau e pelos colombianos a compra de armas, nomeadamente AK 7, lança granadas e mísseis terra-ar, que inicialmente destinados ao exército guineense seriam posteriormente canalizados para a guerrilha colombiana no combate da presença de helicópteros americanos envolvidos no conflito naquele país sul-americano.
Contornos da Operação
Quanto aos contornos da operação, sabe-se que ela resultou de duas acções de investigação paralela, envolvendo vários departamentos da justiça e da polícia de investigação americana e que culminaria, numa primeira fase, na detenção a 2 de Abril de Bubo Na Tchuto e de Papis Djeme por forças especiais dos Estados Unidos, posicionadas a propósito nas águas internacionais.
Durante a segunda parte da operação Mamadu Mane e Saliu Sisse seriam detidos num país da África Ocidental, entretanto não revelado e transferido para a custódia das autoridades americanas.
Garavito-Garcia e Peerz-Garcia, estes de nacionalidade colombiana, encontram-se de momento sob custódia das autoridades judiciais daquele país da América do Sul, aguardando pela respectiva extradição para os Estados Unidos.
Para Michele Leonhart, a directora da DEA, agência de combates a narcóticos dos Estados Unidos, essas detenções representam vitórias significativas contra o terrorismo e o tráfico internacional de drogas.


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