A detenção do
ex-chefe do Estado-Maior da armada guineense, Bubo Na Tchuto, e de
quatro outros alegados traficantes na operação levada a cabo pela
Agência de Combate a Droga dos Estados Unidos, (DEA) foi esta noite
confirmada pelo director da DEA, Michelle M Leonhart e pelo
procurador da justiça do Distrito Sul de Nova Iorque, Preet Bharara
Detidos:
- PAPIS DJEME (preso no dia 2 de Abril em águas internacionais)
- MANUEL MAMADI MANE (preso no dia 4 de Abril num país não-especificado da África Ocidental)
- SALIU SISSE (preso no dia 4 de Abril num país não-especificado da África Ocidental)Cidadãos da Colômbia:
- RAFAEL ANTONIO GARAVITO-GARCIA (preso no dia 5 de Abril em Colômbia)
- GUSTAVO PEREZ-GARCIA (preso no dia 5 de Abril em Colômbia)
Nova
Iorque – A detenção do
ex-chefe do Estado-Maior da armada guineense, Bubo Na Tchuto, e de
quatro outros alegados traficantes na operação levada a cabo pela
Agência de Combate a Droga dos Estados Unidos, (DEA) foi esta noite
confirmada pelo director da DEA, Michelle M Leonhart e pelo
procurador da justiça do Distrito Sul de Nova Iorque, Preet Bharara.
A
par de Bubo Na Tchuto, detido a 2 de Abril último, numa operação
conjunta da Agência de Combate a Droga dos Estados Unidos, DEA, da
Divisão de Operações Especiais, do Departamento Bilateral de
Investigação e do Grupo Anti Narco Terrorismo, e que envolveu ainda
os operacionais da DEA em Lisboa e Bogotá, as autoridades americanas
confirmaram a identidade de quatro outros colaboradores do ex-chefe
de estado da armada guineense sob custódia da justiça americana.
Os
quatro detidos cujas nacionalidades não foram reveladas foram
identificados como sendo Manuel Mamadi Mane, Saliu Sisse, Papis Djeme
e Tchamy Yala e acompanharam Na Tchuto nas audiências de
quinta-feira no tribunal de Nova Iorque que legalizou as detenções.
Sabe-se,
por outro lado, que numa operação simultanea, dois outros alegados
traficantes de droga colombianos, Rafael António Gravito-Garcia e
Gustavo Perez-Garcia procurados pela INTERPOL, foram igualmente hoje
detidos na Colômbia.
Sob
Mamadi Mane, Garavito-Garcia e Perez-Garcia impende a acusação de
conspiração e engajamento com o narcoterrorismo, de recepcao e
armazenamento da cocaína da guerrilha colombiana das FARC na África
Ocidental, através de intermediários recrutados na região
ocidental de África em particular na Guiné-Bissau.
Os
contactos entre os traficantes colombianos Garavito-Garcia e
Perez-Garcia com Manuel mamadi Mane e Saliu Sisse teriam tido início
em Junho de 2012, cerca de dois meses após o golpe de Abril em
Bissau, via telefone, emails e uma série de encontros e reuniões
registados em áudio e vídeo por agentes americanos encobertos e que
teriam passado por representantes da guerrilha colombiana das FARC.
Na
sequência dos contactos, Mane e Sisse e os colombianos teriam
acordado receber e armazenar toneladas de cocaína na Guiné-Bissau
que seriam posteriormente introduzidas no mercado nos Estados Unidos,
com as receitas reverterem-se a favor do financiamento das
actividades da FARC na Colômbia.
Sabe-se
por outro lado que uma parte das receitas provenientes da venda do
carregamento de cocaína seria eventualmente utilizada pelas
autoridades Bissau-guineenses na liquidação dos salários dos
funcionários públicos locais, um gesto que visaria o aliciamento do
governo guineense no sentido da concessão de facilidades ao recurso
ao território nacional como placa giratória do tráfico da cocaína.
Para
o efeito os traficantes reuniram-se em Julho de 2012 com
representantes das estruturas castrenses Bissau-guineenses, para
conjuntamente analisarem os beneficios da utilizacão do território
como ponto de recepção e desembarque da cocaína proveniente da
América do Sul com destino aos Estados Unidos da América, da
natureza das armas a serem adqueridas e sua eventual utilização no
combate da presença das forças americanas na Colômbia.
Esta
possibilidade, conforme o registo áudio e vídeo dos agentes
encobertos americanos envolvidos na operação, teria inclusive sido
sugerida por Bubo Na Tchuto, para quem dada a fragilidade e a
problemas de tesouraria do governo saído do golpe militar de 12 de
Abril de 2012, dificilmente as autoridades Bissau-guineenses,
resistiriam a uma semelhante oferta.
Para
encobrir, a operação, o antigo chefe de estado da armada guineense
que assumira a incumbência de estabelecer contactos com o poder em
Bissau, chegou inclusive a disponibilizar os serviços das suas
empresas para facilitar a importação da carga combinada.
Como
contrapartida, Bubo Na Tchuto, acusado de tráfico de cocaína para
os Estados Unidos, exigia dos intermediários das FARC, o pagamento
de 1 milhão de dólares americanos, por cada tonelada de cocaína
infiltrada na Guiné-Bissau.
Por
outro lado e fazendo fé na acusação americana, a Mamadi Mane e
Saliu Sisse teria sido incumbida em Bissau e pelos colombianos a
compra de armas, nomeadamente AK 7, lança granadas e mísseis
terra-ar, que inicialmente destinados ao exército guineense seriam
posteriormente canalizados para a guerrilha colombiana no combate da
presença de helicópteros americanos envolvidos no conflito naquele
país sul-americano.
Contornos
da Operação
Quanto
aos contornos da operação, sabe-se que ela resultou de duas acções
de investigação paralela, envolvendo vários departamentos da
justiça e da polícia de investigação americana e que culminaria,
numa primeira fase, na detenção a 2 de Abril de Bubo Na Tchuto e de
Papis Djeme por forças especiais dos Estados Unidos, posicionadas a
propósito nas águas internacionais.
Durante
a segunda parte da operação Mamadu Mane e Saliu Sisse seriam
detidos num país da África Ocidental, entretanto não revelado e
transferido para a custódia das autoridades americanas.
Garavito-Garcia
e Peerz-Garcia, estes de nacionalidade colombiana, encontram-se de
momento sob custódia das autoridades judiciais daquele país da
América do Sul, aguardando pela respectiva extradição para os
Estados Unidos.
Para
Michele Leonhart, a directora da DEA, agência de combates a
narcóticos dos Estados Unidos, essas detenções representam
vitórias significativas contra o terrorismo e o tráfico
internacional de drogas.
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