É
dominante a presença angolana nas maiores empresas
portuguesas. São inúmeras as suas participações,
que vão das telecomunicações através da Zon,
aos petróleos, onde marcam posição predominante
na Galp; passando pela banca, através do Millennium
ou do BIC, e estendendo-se a muitos outros sectores. Angola
domina hoje, directa ou indirectamente, uma parte
significativa do capital bolsista
português.
O
dinheiro proveniente das riquezas naturais
angolanas jorra a rodos nos grupos económicos
portugueses. Mas o benefício para a economia
lusa é praticamente nulo. Os angolanos não investem em
nada de produtivo, não criam riqueza agrícola ou
industrial. Limitam-se a comprar participações
de capital aos seus amigos portugueses que
assim enriquecem, vendendo uma parte do tecido económico
português.
Mas
não há qualquer acréscimo de riqueza real, aumento de
actividade económica ou crescimento do emprego, por via da
presença angolana. Para além do mais, o fortalecimento
das relações económicas com Angola estimula a
corrupção, pois esta contamina-se. Angola tem os piores
indicadores de corrupção do mundo lusófono. Ocupa
uma das mais baixas posições mundiais no ranking de
transparência da Transparency International.
Uma
presença permanente de angolanos em sectores
chave da economia portuguesa virá ajudar a piorar
a já de si débil e decadente situação de Portugal,
um humilhante, em termos europeus, 33.º lugar. Não serão
seguramente os angolanos e os seus negócios que
ajudarão Portugal a recuperar os níveis
desejáveis de transparência. Também no plano social, a
presença angolana é descomedida. Nas lojas mais caras de
Lisboa, os milhões jorram.
Os
consumidores de luxo são a oligarquia
constituída pelas famílias dos grandes grupos
económicos portugueses, os futebolistas e
os milionários angolanos. Em Portugal, em tempo de
crise, os portugueses mais pobres estão na miséria,
a classe média experimenta as provações do desemprego,
das dívidas familiares e da ausência de futuro. Em
Angola, o desenvolvimento não chega, a assistência
na saúde é uma miragem, falta educação, o povo vive na
miséria.
Entretanto,
as elites angolanas compram os apartamentos mais caros
de Lisboa e Cascais, gastam milhões em
automóveis topo de gama e frequentam os mais caros
restaurantes da capital portuguesa. Finalmente,
por via deste predomínio económico e influência social,
o domínio dos governantes angolanos sobre o poder político
português é crescente. Há uma corrida de políticos
portugueses que se deslocam a Luanda a prestar
vassalagem ao poder vigente.
A
influência angolana é galopante e chega a todo o aparelho
da Administração portuguesa. Observam-se hoje
situações inimagináveis, como a do deputado Mota
Pinto, que coordena a fiscalização dos serviços
secretos portugueses e é, em simultâneo,
administrador da ZON, de Isabel dos Santos.
Jamais
se imaginaria que um empregado de Isabel dos Santos
pudesse fiscalizar as secretas portuguesas. As nossas
autoridades estão numa dependência tal do governo de
Eduardo dos Santos, que o ministro dos estrangeiros Paulo
Portas se teve de vir desculpar pelo facto de a
justiça portuguesa andar a investigar alguns
poderosos cidadãos angolanos.
Uma
atitude indigna dum ministro de um governo
ocidental. Com posturas destas, o governo
português transformou-se num dos principais
instrumentos das oligarquias corruptas
de Angola na Europa e torna-se cúmplice da miséria a que
o governo de Eduardo dos Santos condenou os seus
concidadãos, nossos irmãos angolanos. Este artigo
foi originalmente publicado na edição de
30 de março de 2013 do jornal angolano Folha 8 Esta entrada foi
publicada em Sem categoria com os tópicos Angola, corrupção, Folha
8, Investimento, Paulo Morais.VER FONTE AQUI ->
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