"É
com a força do querer, aliado à determinação e à persistência,
que o homem vence obstáculos, alcança os fins a que se propõe, faz
as mudanças, vive o sucesso."
GOVERNAÇÃO
LOCAL
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As Crianças são as flores da nossa luta |
A
governação regional/local guineense tem sido marcada pelo processo
de nomeação, feito pelo governo central, os quais não têm sido
implementados simultaneamente: a descentralização (devolução
política) e a desconcentração administrativa.
A
sua implementação foi retardada pela não democratização do
país,isto é não realização da eleição autárquica mas, desde
então, estes processos têm sido reticentes, com inconstantes
mudanças legislativas, em especial o processo de descentralização.
É importante que o governo guineense assuma uma posição mais clara
acerca dos processos de descentralização e desconcentração,
seguindo os princípios adotados pela Carta Africana sobre
Democracia, Eleições e Governação, a qual avança que:
“(...)Estados-membro devem descentralizar poder a autoridades
locais democraticamente eleitas ”.
Os
princípios fundamentais de organização e funcionamento da
administração pública guineense deveria ser desconcentração,
através da qual o governo poderia reduzir os poderes administrativos
dos órgãos centrais, facilitando a tomada de decisões por parte
dos escalões inferiores. Em vários pronunciamentos, do governo
deposto fala – se de reforma das forças de seguranças mas
esqueceu por total este elemento fundamental da reforma que traduziria na total seguranças da população.
Por
ser importante a desconcentração de tarefas dos escalões
superiores da administração pública aos inferiores, imperioso
reconhecer que tal não implica a redução do poder político ao
nível central, visto que o governo central mantém o controle do
aparelho de Estado em todos seus níveis.
Para
efetuar-se a dispersão do poder político, o foco deve ser no
processo de descentralização e não no processo de desconcentração,
cujo principal mérito está na modernização de aparelho
administrativo e numa maior aproximação das realidades locais.
Com
conhecimento de todos os guineenses em como o nosso estado esta
divido administrativamente, deveria ter os seus representantes eleitas
para melhor serem responsabilizado nas suas ações no que diz
respeito a desenvolvimento e evolução cultural da região ou
sector ao qual foi eleito.
Nos
viemos propor que isso se realize mais rápido possível, pois é importante a implementação do princípio do gradualismo pelo
Governo, este busca salvaguardar-se as limitações orçamentárias,
carência de recursos humanos e materiais das regiões, sectores e
secções pleiteando autarcização.
No
entanto, parece-nos que o discurso do governo guineenses não é
convincente, uma vez que, se um verdadeiro esforço descentralizador
não estivesse sendo posto em prática, este deveria alterar também
a distribuição das receitas e as competências tributárias, assim
como esforçar-se na capacitação dos quadros ao nível local.
Ja
realizamos tres eleições legislativas e presidenciais sem que se
realizes as autárquicas. O que não ajuda em nada na democratização
do pais e consequente a garantia de seguranças governativas e
administrativas.
O
sucesso do processo de descentralização na Guiné – Bissau
dependeria fundamentalmente da participação e do envolvimento
popular na gestão autárquica.
As
experiências da nomeção dos governadores regionais e sectoriais
nunca funcionou, pois agravou ainda mais situação que era muito
fraco em todos níveis.
As
experiências pode ser encontrado nos países desenvolvidos, onde se
demonstra que é rarefeita a interação entre as autoridades locais
e seus cidadãos, assim como destes com os partidos políticos,
articulando contacto popular com os departamentos e serviços
municipais ou locais.
A
relativa escassez de recursos e serviços prestados ao nível local
explica boa parte desta apatia dos governadores nomeados, que nem se
digne de prestar serviço aos populações local, menos ainda a
prestar conta a estes.
Se
houvesse eleições autárquicas que, alias exigimos que seja, para
agilizar um contacto mais intenso dos vereadores e deputados das
Assembleias Municipais com os eleitores.
ASSISTÊNCIA
AO DESENVOLVIMENTO
A
Guiné - Bissau tem recebido substancial apoio da comunidade
internacional, quer por via de donativos, quer por via de créditos.
O grande volume da ajuda externa permitiu que o Governo aumentasse
substancialmente a despesa ao longo da última década, o que podia
contribuir para aliviar situação de pobreza total que o país
vive.
O
orçamento Geral do Estado é, amplamente financiado por
auxílio-externo, donativos e créditos externos representarão 60%
do total dos recursos orçamentários do Governo guineense.
O
país recebeu diferentes formas de ajuda desde a sua independência e
até hoje e, os diversos governos não souberam canalizar e utilizar
o apoio externo que foram dados.
Do
lado dos doadores, o grande número de instituições contribui para
a falta de transparência, fragmentação e dispersão dos recursos,
custos operacionais, imprevisibilidade e volatilidade da ajuda,
problemas de coordenação, com a duplicidade de esforços e a
necessidade de uma constante prestação de contas governamental
acerca dos projetos aos doadores, com o uso dos já escassos recursos
humanos na preparação de relatórios que justifica os seus usos.
Para
isso, o governo de guineense deve empenhar-se a salvaguarda da paz
e promover processos políticos democráticos, a independência do
judiciário, o Estado de Direito, o respeito pelos direitos humanos,
a boa governação, e a probidade na vida pública, incluindo a luta
contra a corrupção; dar prioridade à luta contra a pobreza;
prosseguir com políticas macroeconómicas sólidas e sistemas
eficazes de gestão das finanças públicas.
As
tendências à centralização política podem ser exacerbadas com a
concentração de recursos no orçamento geral. Tal centralização,
num contexto em que o Estado é importante actor social e fonte de
recursos à ação social de outros grupos, pode reduzir o espaço
para o pluralismo político, podendo dificultar, dentre outros, o
surgimento de uma sociedade civil autónoma do Estado e atuante.
Num
contexto político em que as diferenças entre o Estado e o partido
no poder tendem a ser ténues, no qual o partido vencedor das
eleições tende a concentrar muitos benefícios políticos e
económicos, ao passo que os partidos de oposição carecem de espaço
e recursos para articularem suas demandas, a alocação de recursos
externos ao Estado independentemente de sua capacidade de
mobilizá-los internamente pode bloquear as mudanças sociais e
políticas que frequentemente acompanham o fortalecimento e expansão
das estruturas estatais, criando-se um Estado forte mas intransigente
em face de sua sociedade.
As
organizações da sociedade civil guineense não têm conseguido
participar ativamente nas reuniões de consulta entre o Governo e
seus parceiros de cooperação .
O
défice democrático, principalmente quando se tem em conta que mais
da metade do Orçamento do Estado provém do apoio externo. O
envolvimento da sociedade civil certamente representa um avanço em
termos de participação, mas não se deve descurar da importância
do envolvimento da Assembleia da República em qualquer debate de
importância nacional, uma vez que ela congrega os representantes
eleitos pelos guineenses para discutirem os assuntos de interesse do
país.
Se
é verdade que a maior coordenação dos parceiros de desenvolvimento
podia trazer consigo ganhos em termos de custos de transação e
previsibilidade no desembolso do apoio, ela traz também, em termos
políticos, várias dificuldades.
Várias
organizações da sociedade civil sentem coordenação dos doadores à
volta da ajuda orçamental ao Governo guineense pode e prejudica o
desenvolvimento de estruturas democráticas ao invés de reforçá-las,
uma vez que o apoio programático e ao orçamento podem levar o
governo a preocupar-se mais com a responsabilização
externa,
relegando para um plano secundário, ou mesmo à irrelevância, a
prestação de contas aos seus parceiros domésticos e eleitores.
Em
termos de política governamental, é imperioso que o governo produza
uma nota estratégica mais clara e contundente a indicar as
modalidades de ajuda preferidas e a escala e velocidade de transição
entre a situação atual e a desejada pelo Governo; impõe-se,
também, que tal documento seja explícito acerca das atividades que
se pretende implementar nos próximos anos para a redução da
dependência do país em relação à ajuda externa.
Desde
há anos o Governo não tem estado a elaborar uma Política de
Cooperação Internacional, o documento que devia ser elaborado e
que devia ser explícito acerca das atividades que o governo
pretende implementar para reduzir a dependência do país em relação
à ajuda externa.
Mais
importante, as discussões acerca do documento devem envolver a
Assembleia da República, assim como deve o documento circular para
comentários das organizações da sociedade civil.
(até próxima edição)
PARTICIPA COM A TUA OPINIÃO!
Conhecendo a realidade do País, você estará colaborando para a Paz e
Estabilidade Política e Social da Guiné-Bissau, pela Verdade e Justiça! Por
isso, leia o nosso próximo Tema, neste blogue, no dia 11.05.2013.
Colabore connosco. Dê a sua sugestão por uma Guiné Melhor, mais Digna e
Desenvolvida. Esse é o nosso objectivo! Nada mais!
Compatriota Ttchogue Rith
ResponderEliminarcomeço por saudar a sua exposição sobre a "Democracia e participação política" que aqui venho comentar, aliás dar o meu ponto de vista.
Defendo há anos a ideia que o mal ou males da nossa pátria reside(m) no pouco "pensamento" que subjaz a boa parte das decisões políticas da classe dirigente, diria melhor das diversas classes dirigentes que desde a independência têm tomado a cargo a governação do país. No que concerne a divisão admiistrativa do país, cito o INE bissau-guineense:
"Administrativamente o país está dividido em 8 (oito) regiões e 1 (um) sector autónomo, a saber as Regiões de Bafatá, Biombo, Bolama/Bijagós, Cacheu, Gabú, Oio, Quínara, Tombali e Sector Autónomo de Bissau, a capital. As regiões estão por sua vez divididas em sectores (36 no total) e estes em secções, compostas por tabancas (aldeias). As regiões e sectores são dirigidos por Comités de Estado, encabeçados por um Presidente. As administrações regionais e sectoriais dispõem de escassos recursos para o seu financiamento, sobretudo materiais e humanos. A perspectiva das eleições autárquicas poderão eventualmente conduzir à implantação de verdadeiros órgãos autónomos com meios e poderes para promover a desejada planificação regional e local e respectiva execução com vista ao real desenvolvimento económico e social das regiões."
sic
Aquando da criação desta divisão administrativa esta era a ideia reinante e subjacente à lei que a implementou, Constituição de 1973, e mantida na revisão de 1984 e nas alterações de 1991, 1993, 1995 e 1996... se em tempo de guerra (1973) era compreensível esta divisão territorial e a projecção para tempos vindoiros de um poder autárquico mais em conformidade com as necessidades das populações e uma eventual reclassificação da divisão do território baseada no planeamento regional e urbano que, em tempo de paz, seria/teria sido expectável que se fizesse. Do mesmo modo que o desenvolvimento do país nas suas variadas vertentes sempre se secundarizou a outros interesses, regra geral de índole político-económico-financeiros por parte dos detentores do poder a quem a descentralização prometida em '73 limitaria o poder e o controlo efectivo sobre a economia. Por outro lado, os líderes regionais sempre aspiraram chegar à capital, onde a verdadeira sede do poder e das oportunidades se encontra, logo... melhorar as condições de vida dos concidadãos, exigir do poder central investimento produtivo, meios de comunicação para rápido escoamento da matéria-prima produzida e circulação de pessoas e bens, etc. raramente fez parte (efectiva) das prioridades dos agentes políticos. Há um documento interessante que trago à colação por abordar de forma imparcial, a meu ver, a evolução da Administração Pública no ordenamento jurídico, constitucional e legal da Guiné-Bissau da autoria da Dra.Ana Cláudia Marcos Carvalho que não transcrevo, mas aqui deixo o endereço onde pode ser consultado: http://www.fd.ul.pt/Portals/0/Docs/Institutos/ICJ/LusCommune/CarvalhoAna.pdf
(continua)
Grossomodo no tocante à economia o erro, a meu ver, reside na dependência económica crónica excessiva do Estado relativamente aos "doadores" externos, a República da Guiné-Bissau, em 40 anos de independência já devia ter autonomia económico-financeira. Não deveria depender de projectos da SIDA (sueca), UE, BM, PNUD, CEDEAO, UEMOA,Grupo de Paris, UA, PAM, AMI, MSF, Angola ou seja lá de quem for. A subsídio dependência só leva à exaustão dos recursos do estado sem que disso resulte um retorno por via de impostos ou aumento de produtividade com consequente aumento do PIB e uma redistribuição justa do valor criado pelas diferentes regiões. A ideia deve ser apostar naquilo que podemos fazer para, em cada região, obtermos o máximo rendimento do trabalho produzido e, a partir daí, colmatarmos as carências com recurso ao mercado, à banca e ao estado (solidariedade social).
ResponderEliminarNa actual situação de instabilidade política prolongada, bloqueio económio-financeiro por parte dos "players-major" e debilidade social generalizada, dificilmente a classe política encontrará respostas para as questões que pertinentemente coloca no seu artigo. Além de que enquanto não produzirmos o suficiente para não dependermos economicamente de terceiros para realizar processos eleitorais, desconhecermos exactamente quantos somos, no país e na diáspora (recenseamento eleitoral), carecermos de "observadores" para aferir da legitimidade dos processos eleitorais e padecermos de enfermidades sociais que diminuem o Estado na sua soberania as eleições autárquicas estarão, como estão, no limbo... tal como a participação da sociedade civil e os seus movimentos urbanos ou rurais.
Por aqui me fico.
Bem haja
Désiré Turpin