O financiamento do processo eleitoral na Guiné-Bissau,
orçado em cerca de 14 milhões de euros, está garantido a 80 por cento, disse
hoje à agência Lusa o representante da Organização das Nações Unidas (ONU) no
país, José Ramos-Horta.
"Já temos praticamente 16 milhões de dólares
assegurados", referiu Ramos-Horta, que espera agora que as promessas de
financiamento "sejam postas no papel" para que se possa avançar com o
processo eleitoral "com confiança".
"Estou otimista que num prazo curto, de poucas
semanas, tenhamos o financiamento necessário", acrescentou.
O representante especial do secretário-geral da ONU em
Bissau acompanhou na última semana o primeiro-ministro de transição, Rui de
Barros, em reuniões com chefes de Estado na Nigéria e Costa do Marfim.
Os dois países são parceiros da Guiné-Bissau na
Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), bloco económico
que, segundo Ramos-Horta, deverá financiar entre 50 a 60 por cento do orçamento
eleitoral.
Rui de Barros foi portador de uma carta de Serifo
Nhamadjo, Presidente de transição, que dava conta do orçamento necessário,
cerca de 15 milhões de euros, para realizar um recenseamento manual melhorado,
eleições legislativas e presidenciais - englobando a diáspora.
"Há uma forte determinação dos Estados da
CEDEAO" em avançar com o processo, sublinhou Ramos-Horta.
A União Europeia deverá apoiar com dois milhões de
euros, havendo uma fatia remanescente do Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD) para a Guiné-Bissau de pouco mais de 750 mil euros e
outra parcela semelhante a atribuir pelo fundo para a consolidação da paz da
ONU.
De acordo com o representante das Nações Unidas, a
realização de um recenseamento eleitoral mais seguro "fez disparar o
orçamento".
Vai ser feito um registo manual melhorado de cada votante
(com foto e numeração no cartão de eleitor), em vez de um sistema biométrico
mais avançado "que levaria dois a três anos a implementar", referiu.
A opção escolhida garante uma credibilidade que não
existiu antes, disse.
Quanto à data e face aos contactos em curso,
"cabe aos chefes de Estado da CEDEAO, em consulta com Serifo Nhamadjo,
verem se é possível ou não realizar as eleições no dia 24 de novembro",
explicou.
Ou seja, "as eleições deviam ser realizadas
antes", mas se houver "demoras, quase inevitáveis, que elas não
impeçam a realização no mais curto espaço de tempo", realçou Ramos-Horta.
O mais importante agora "é arrancar com o
processo no terreno", referiu.
Qualquer demora no escrutínio tem que ser "o
mínimo aceitável para não criar maiores dificuldades económicas e financeiras
ao país", que não pode continuar a viver "em indefinição",
concluiu.
Sem comentários :
Enviar um comentário
COMENTÁRIOS
Atenção: este é um espaço público e moderado. Não forneça os seus dados pessoais (como telefone ou morada) nem utilize linguagem imprópria.