quinta-feira, 23 de outubro de 2014

A Liga Guineense dos Direitos Humanos criticou hoje a atuação das forças de ordem contra a população do norte do país



A Liga Guineense dos Direitos Humanos criticou hoje a atuação das forças de ordem contra a população do norte do país em regiões palco de operações de recuperação de gado bovino, alegadamente roubado nos últimos anos.

Em conferência de imprensa, Augusto Mário da Silva, vice-presidente da Liga, acusou a polícia e elementos da Guarda Nacional de violentarem a população de aldeias onde supostamente estariam animais roubados.

"A Policia invade aldeias às cinco da manhã, contra todas as regras de busca, entrando em casas sem critério objetivo", afirmou o dirigente da Liga, realçando que as operações decorrem sem mandado judicial.

Para a Liga, a atuação das forças de ordem, comandadas pelo Ministério da Administração Interna, "não é mais do que populismo" tendo como objetivo "agradar um certo setor" da sociedade guineense.

De acordo com o vice-presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, o delegado do Ministério Público na zona norte do país "não é tido nem achado" nas operações de busca que a polícia tem feito em aldeias como Ponta Pedra, Djolmet, Augusto Barros, Ponta Vicente, entre outras.

Augusto Mário da Silva refutou as declarações do porta-voz do Ministério da Administração Interna, Samuel Fernandes, segundo as quais existe um mandado de busca e as pessoas detidas nas operações estariam a ser conduzidas para a Justiça.

"As pessoas estão detidas há mais de uma semana sem serem presentes ao Ministério Público, que, aliás, devia conduzir e ordenar as buscas e não a polícia", defendeu Mário da Silva, notando que o Ministério Público "está à margem" do processo.

Cinco elementos de diferentes aldeias onde a polícia fez a apreensão de gado supostamente roubado assistiram à conferência de imprensa e cada um explicou as peripécias que têm decorrido durante as operações das forças de ordem.

Um aldeão contou que a polícia, acompanhada de alegadas vítimas de roubo, mandou recuperar do seu curral um animal que teria sido roubado em 1974.

"A polícia mandou retirar esse animal do meu curral apenas por indicação do seu alegado dono", disse o aldeão.

Um outro aldeão afirmou que a sua loja, onde vende alguns produtos e faz o recarregamento de telemóveis, foi saqueada.

Roubaram 250 mil francos CFA (cerca de 380 euros) e 30 telemóveis, disse.

Para a Liga Guineense dos Direitos Humanos, que fez questão de notar não estar a defender o roubo e o furto, o que a polícia está a fazer é vandalizar, saquear aldeias e apropriar-se de bens dos aldeões.

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