
Sem um aparelho estatal funcional, nenhuma
estratégia de desenvolvimento terá sucesso. Pelo contrário assistiremos para
sempre os infinitos processos de “ida e volta”. Antes de tudo, tem que existir
o Estado. Os partidos políticos são atores importantes no pluralismo
democrático, mas não podem substituir-se ao próprio Estado e nem podem ser mais
fortes que este.
Que a verdade seja dita, na Guiné-Bissau decisões
tomadas nas instâncias partidárias conseguem comprometer o funcionamento do
próprio Estado, pendurado há décadas na água turva de banalidade e anarquia.
Conscientes da ausência do poder do Estado, os políticos independentemente das
suas competências, recorrem ao “capote” partidário para se afirmarem no espaço
público violando consciente ou inconscientemente os princípios básicos da
República.
Enquanto estruturas partidárias permanecerem acima
do Estado, como tem sido o caso até agora, a nossa república continuará frágil
e refém dos “políticos” interessados em manter a sua hegemonia na sociedade sem
a vergonha da sua incapacidade em dar resposta às preocupações das populações
privadas de ensino de qualidade, cobertura sanitária, energia, alimentação. Em
suma, um povo privado de dignidade!
Na nossa opinião, a solução para esses problemas
recorrentes, deve impreterivelmente começar com a reforma do Estado que, em
linguagem simples, significa a redefinição clara de critérios de acesso aos
cargos públicos; a revisão profunda da lei-quadro dos partidos políticos; a
instituição de órgãos de fiscalização de ação governativa; a refundação do
aparelho judicial com a verdadeira vocação de administrar a justiça. Só assim o
Estado deixará de ser uma mera combinação de símbolos nacionais: bandeira,
emblema e hino. O Estado precisa de se dotar de instituições visíveis e fortes.
Paralelamente, o culto de excelência deve ser
instalado nas mentalidades através de uma liderança exemplar assente em
transparência, pragmatismo e virada para o uso da ciência. De igual modo, o
ensino da história, sobretudo da nossa história, deve ser um imperativo com
vista a inculcar nos jovens, os valores da cultura.
Tudo isso se fará com base da vontade de construir largos
consensos entre os atores nacionais como condição indispensável para um sólido
processo político que conduza à emergência de um Estado forte.
//Odemocrata
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