Sobre a decisão apenas tomada, para alteração/
Modernização da Lei Magna do País, queria antes de tudo, enaltecer uma enorme
coragem por parte dos Deputados e do Próprio Presidente de ANP. Para mim é a
decisão mais acertada do Hemiciclo desde Independência. Por isso deixo aqui no
entanto o meu Louvor para Presidente da ANP.
Dito isso, permita-me vossa excelência Presidente da
ANP, descordar consigo sobre o convite de algumas entidades, para participar na
comissão.
Na minha opinião, convidar só os Régulos, e Chefes
Religiosos, deixando para fora e sem opinião outras Sensibilidades etnosociais
estruturalmente sem Religião e Régulos (que não são poucos!), não seria os
termos mais corretos.
Para evitar esses desacertos, que podem resultar num
sentimento da discriminação relativamente aos estruturalmente excluídos,
sugeria por bem que os Régulos e chefes religiosos fossem excluídos desta
lista, mantendo sim a Sociedade Civil, na qual podem diluir-se e encetando nela
uma representação mais inclusiva.
Se reparamos, desde Tempo Colonial, que se tem vindo
a agir deste modo, era só Régulos e Padres Religiosos dum lado, e a outra fatia
não contava. Isto era até muito bem feito por Portugueses para seus interesses
de dividir para reinar. Deste modo controlavam facilmente a parte dos Régulos e
Chefes Religiosos no seu lado, pondo doutro lado a estrutura menos
hierarquizada e difícil ou quase impenetrável que vinha a ser logo conotado como
os TURRAS durante a Guerra. O Povo era assim obrigado a uma clivagem que passou
a ser crónica com o tempo, mas em benefício de Cólon.
Cabral já tinha chamado atenção várias vezes sobre
este ponto de vista. Para os mais atentos, uma das causas de convulsões
Político-Militares que temos vivido assistir até agora provêm desta Crónica
Clivagem.
Por estarmos num momento onde os Portugueses Brancos
já não controlam o nosso Território e momento no qual urge consolidar o nosso
País num único substrato sólido, homogéneo, representante de todas sensibilidades
Nacionais transversalmente, na minha modesta opinião, era preciso então não
seguir os erros de passado. Temos que enveredar outro caminho, com muita coragem,
para ultrapassar os complexos.
Chegou a hora de olhar para as nossas diferenças
como uma riqueza cultural única. Para projetar uma Guiné-Bissau Genuína,
refutando definitivamente a sensação de um País “clone” como tem sido até
agora.
Por isso é um imperativo sim, integrar na Lei Magna
os valores (princípios de honra, honestidade, de trabalho e justiça) que sempre
foram característicos e de certo modo representando a essência do Povo
Guineenses.
Então para enuclear da “cápsula adormecida” estes
valores, e expressa em termos simples de modo a reforçar a nossa lei, nada
melhor como os Próprios Deputados e a Sociedades Civil incumbir-se desta tarefa
de servirem como intermediário entre Governo e o Poder Tradicional, recorrendo
as secções de Conversações com todas as sensibilidades etno-culturais em busca
de recuperar aspectos positivos e genuínos das nossas tradições que possam
enriquecer a nova Lei do País, o que não deveria ser limitado em falar só com
os Régulos.
Por falar de Modernizar a lei Magna, penso que temos
que ser também seletivo no bom sentido, assim retirar o nosso melhor, expressa
nesta Carta Magna para todos Guineenses, que será a lei da Constituição da
República da Guiné-Bissau, nunca será a Lei do Presidente de ANP e nem do
Presidente da República. Insisto dizer que para este propósito, é importante
todos sentirem representados em máximos consensos possíveis.
Um obrigado fraterno
Nota: Os artigos assinados por amigos, colaboradores ou
outros não vinculam a IBD, necessariamente, às opiniões neles expressas.
Neste diferindo que na realidade opõe todos os Guineenses contra Cipriano Cassama, a única voz que ensaiou se levantar a favor do presidente da ANP acabou revelando um dado espantoso: o salário do residente da ANP é de 10.000 Euros! PABIA DI KÊ?!
ResponderEliminarO que é que faz um presidente da ANP nas condições da Guiné Bissau merecer ganhar este valor, acima inclusive do presidente da república? Isto é um absurdo inadmissível que tem que ser revisto. Isso talvez justifique a insensibilidade de Cipriano Cassama em propor os 3.000 para os seus pobres pares. Mas, com toda a certeza, explica a luta titânica travada por Cipriano para chegar a este posto, que incluiu chantagens, ameaças e conchavos políticos.
Neste momento que fomos despertados por esta manobra antipatriótica do Cipriano Cassama, não devemos baixar as nossas vozes de protesto. Devemos continuar atentos e exijamos uma revisão profunda dos salários auferidos pelos nossos governantes e políticos. Devemos começar por questionar e exigir que este salário de 10.000 do presidente da ANP seja reduzido a menos de um terço. Aliás, este deveria ser a proposta de Cipriano Cassama, em vez do aumento do salário dos deputados. Temos que começar a mostrar aos políticos que a política é um espaço para servir o povo e não para viver no luxo, à custa do povo.