• Excelentíssimo Senhor
Primeiro-Ministro,
• Venerando Juiz Presidente do Supremo
Tribunal de Justiça e do Conselho Superior da Magistratura Judicial,
• Excelências, Ex-Presidentes da
República, da Assembleia Nacional Popular e Primeiros-Ministros,
• Digníssimos Deputados da Nação,
• Senhoras e Senhores Membros do
Governo,
• Senhores Ministro Director do
Gabinete, Chefe da Casa Civil, Conselheiros e Assessores do Presidente da
República,
• Digníssimo Senhor Procurador-Geral da
República,
• Senhor Presidente do Tribunal de
Contas,
• Senhor Chefe do Estado Maior General
das Forças Armadas e demais Chefias Militares,
• Senhores Embaixadores e Chefes de
Missões Diplomáticas e Consulares,
• Senhores Representantes de Organismos
e Organizações Internacionais Acreditadas na Guiné-Bissau,
• Senhores Representantes do Poder Tradicional,
Entidades Religiosas e Organizações da Sociedade Civil,
• Caros Convidados,
• Minhas Senhoras e Meus Senhores
Permitam-me, antes de mais, que enderece
os meus cumprimentos ao Senhor Eng. Cipriano Cassamá, Presidente da Assembleia
Nacional Popular.
Aproveito ainda, para saudar e
apresentar iguais cumprimentos, aos Líderes das Bancadas Parlamentares,
cumprimentos esses extensivos aos demais Deputados da Nação, em representação
legítima e plural da vontade popular expressa através das últimas eleições
legislativas.
• Senhoras e Senhores Deputados da
Nação,
Que me seja permitido enquadrar o
contexto e as razões subjacentes a esta importante sessão parlamentar, para que
tenhamos, todos, o mesmo nível de informação e, consequentemente, melhor
percepção sobre o motivo da minha presença aqui na Assembleia Nacional Popular.
Nos termos da alínea d) do artigo 68.º
da Constituição da República, compete ao Presidente da República, passo a citar
“Convocar extraordinariamente a Assembleia Nacional Popular sempre que razões
imperiosas de interesse público o justifiquem”.
Entendi existir um imperioso e inegável
interesse público em ver reunido este importante órgão de soberania para
debater o Estado da Nação, aproveitando este evento para dirigir uma mensagem à
Assembleia Nacional Popular e à Nação guineense.
Nessa conformidade, agendei, no passado
dia 8 do corrente mês de Abril, uma audiência de trabalho com o Senhor
Presidente da ANP a fim de, entre outros, lhe transmitir as razões, a data, bem
como a matéria desta convocação. Ao encontro compareceu o Primeiro
Vice-presidente da ANP, que me comunicou a ausência do titular do órgão, tendo
a audiência corrido em ambiente de elevada cordialidade institucional.
Acto contínuo, o propósito da audiência
foi formalizado por nota dirigida e entregue na Assembleia Nacional Popular no
dia 8 de Abril, marcando a data da sessão para quinta-feira dia 14, ou seja,
com 6 dias de antecedência.
Convém, a este propósito, ainda
esclarecer que, embora a sessão tenha sido convocada com antecedência superior
aos 5 dias requeridos para as sessões ordinárias, esta sessão por ter natureza
extraordinária, não carecia dessa antecedência, mas ainda assim, convoquei-a
com 6 dias de antecedência.
Posteriormente, no dia 13 de Abril,
entendi, por razões imperiosas de interesse público, dar anuência ao adiamento
da sessão proposto pela Assembleia Nacional Popular para o dia 19 de Abril do
corrente, para que a mesma possa, entre outros, contar com a presença de todas
as instâncias requeridas. Com essa anuência, pretendi, com mais um esforço,
contribuir, quer pessoal, quer institucional, na busca de soluções conducentes
a uma governação sustentável.
• Senhoras e Senhores Deputados da
Nação,
Na verdade, a convocação extraordinária
da Assembleia Nacional Popular não se deve confundir nem se resumir a um mero
poder de iniciativa, coberto pela fórmula, “solicitar” ou “requerer” a
convocação. Trata-se de um direito constitucional potestativo, um poder
efectivo, uma atribuição própria do Chefe de Estado, ou seja, convocar!
A esse respeito, veja-se o que dizem os
manuais de direito constitucional e as constituições anotadas, nomeadamente a
Portuguesa da qual passo a citar, a título de curiosidade exemplificativa,
algumas breves passagens:
“A convocação extraordinária pelo
Presidente da República (…) constitui a única excepção ao princípio de
autodeterminação da Assembleia da República quanto ao seu próprio
funcionamento. Trata-se de um preceito de grande relevância sob o ponto de
vista da caracterização do sistema de governo, pois, sobretudo quando
articulado com o poder de dissolução, confere ao Presidente da República um
significativo poder de intervenção no funcionamento da Assembleia da República,
comprimindo assim a autonomia constitucional desta (…) ”.
Noutra passagem referente à ordem de
trabalhos, diz o seguinte: “Caso especial é (…) quando a Assembleia da
República é convocada pelo Presidente da República, pois aí a ordem de
trabalhos é fixada pelo Presidente da República – devendo sê-lo no próprio
decreto de convocação da Assembleia da República – e durante esse tempo a
Assembleia da República não deve poder ocupar-se de qualquer outro assunto.
Trata-se, pois, do único caso em que a ordem de trabalhos é fixada por uma
entidade exterior à Assembleia da República”.
Para finalizar as citações, dizem os
entendidos que “Nem sequer está excluída a hipótese de uma convocação
extraordinária, quando a Assembleia da República se encontre em funcionamento
efectivo, pois o que caracteriza esta figura não é apenas o acto de convocação
externa mas também e sobretudo o facto de a Assembleia da República ser
convocada para tratar de um assunto específico determinado pelo Presidente da
República”.
Por fim, “Desnecessário é acentuar que
se o Presidente da República pode convocar a Assembleia da República e
determinar o assunto sobre que ela deve debruçar-se, já não pode, de modo
algum, indicar-lhe o sentido em que deve orientar a decisão que ela houver que
tomar” fim de citação. Vide Constituição da República Portuguesa anotada volume
II 4ª edição, páginas 379 e seguintes, Coimbra Editora, 2014.
• Senhoras e Senhores Deputados da
Nação,
Foi imbuído de espírito de concertação
institucional, que levou a que, ao invés de lançar mão directamente ao Decreto
Presidencial, optei por privilegiar a articulação entre órgãos de soberania
para a realização deste encontro, crente que nesta fase sensível da grave crise
política que o país atravessa, sem prejuízo das formalidades essenciais,
devíamos, todos nós, valorizar mais a substância das questões de interesse
nacional e concentrar os nossos esforços no que é essencial, ou seja,
encontrar, na base do diálogo político, formulas de resolução das nossas
diferenças e problemas.
• Minhas Senhoras e Meus Senhores,
Escolhi vir pessoalmente, hoje, à
Assembleia Nacional Popular para proferir esta mensagem, porque, para além de
ser esta a casa da Democracia e representativa de todos os cidadãos guineenses,
a ANP é também a sede própria para decisão sobre as questões fundamentais da
nossa vida política e dos assuntos mais marcantes da vida nacional. Fórum por
excelência da livre expressão e do contraditório, onde os Deputados da Nação,
legitimados pelo voto popular, expõem e discutem ideias e procuram as melhores
e mais consensuais soluções, no intuito de assim contribuir para a
concretização dos objectivos fundamentais da nação.
Ademais, foi também perante esta Augusta
Assembleia que, a 23 de Julho de 2014, jurei “por minha honra defender a
Constituição e as leis, a independência e a unidade nacionais, dedicar a minha
inteligência e as minhas energias ao serviço do povo da Guiné-Bissau, cumprindo
com total fidelidade os deveres da alta função para que fui eleito”.
Assumi este compromisso sagrado com o
Povo Guineense e com a Guiné-Bissau de Amílcar Cabral, de “Nino” Vieira e
demais Combatentes da Liberdade da Pátria.
Com esta alusão ao meu juramento
inaugural, quero relembrar que durante a minha presidência, não há e nem haverá
alternativa a esse juramento sagrado.
• Senhoras e Senhores Deputados da
Nação,
• Caros Compatriotas,
Por ocasião do Novo Ano, entendi que era
oportuno chamar a atenção aos Partidos Políticos representados na Assembleia
Nacional Popular, em particular, às suas lideranças, que era imperioso que fossem
«capazes de promover a cultura de diálogo e a coesão interna, condições sine
qua non para gerar entendimentos que possam servir de base a consensos
nacionais alargados».
Na ocasião, também realcei que apenas
com base numa solução política de compromissos, que salvaguarde o respeito pela
Constituição e demais leis da República, podiam ser erguidos consensos
políticos duradoiros que promovam e garantam os pressupostos da tão almejada
estabilidade governativa.
Por razões que não importa agora
referenciar, estas e outras preocupações manifestadas por diferentes quadrantes
da nossa sociedade, não mereceram devido acolhimento junto dos principais
actores parlamentares, o que levou o nosso país, a mergulhar numa grave crise
política, com epicentro aqui na Assembleia Nacional Popular.
Os efeitos desta crise têm vindo a
perturbar o normal funcionamento do aparelho do Estado e ameaça pôr em causa
algumas das nossas conquistas democráticas, tais como a liberdade de
pensamento, de expressão e de voto.
Existe um verdadeiro mal-estar no país e
um desânimo quase que nacional. Com muitos problemas à mistura, por exemplo,
greve na educação, na saúde, paralisação na administração pública, desemprego
dos jovens, etc.
Esta crise também gerou ansiedades e
suscitou interrogações quanto à eficácia do nosso sistema político. Em
particular, quanto à capacidade das lideranças político-partidárias em
encontrar soluções para as divergências internas e consequentemente para as
crises institucionais delas decorrentes.
Na presença desta crise política, eram
diversas as opções possíveis, tendo surgido várias vozes apelando a uma decisão
imediata do Chefe de Estado para pôr cobro à situação, usando para tanto os
seus poderes constitucionais.
• Minhas Senhoras e Meus Senhores,
É público o empenho do Presidente da
República na promoção de um aturado, mas nem sempre fácil, processo de diálogo
político para a busca de uma solução negociada do conflito que se instalou no
Parlamento.
A pedido, por escrito, do Presidente da
Assembleia Nacional Popular, corroborado pelas organizações da sociedade civil,
e julgando interpretar bem aquilo que eram as expectativas nacionais, decidi
intervir para ajudar a mudar o rumo dos acontecimentos.
Para tanto e a fim de melhor ajuizar a
questão da perda de mandato de Deputados por expulsão do partido em cujas
listas foram eleitos, solicitei pareceres jurídicos de dois dos mais
conceituados Professores de Direito do mundo lusófono e profundos conhecedores
da nossa realidade jurídica.
Optei por Juristas de conhecido e
reconhecido mérito, cujas autoridades em matéria constitucional estão acima de
qualquer suspeita, não são parte da luta política interna, não têm interesse, é
bom referi-lo, não têm interesse no resultado dessa luta política, o que lhes dá,
mais do que a qualquer um de nós, maior distanciamento e objectividade para
analisar as disposições legais em pretensa controvérsia.
Na posse dos pareceres e profundamente
convencido que “mais vale um mau acordo do que uma boa sentença”, fiz uso da
minha magistratura de influência, promovi e empenhei-me pessoalmente num amplo
processo de diálogo com as forças vivas da nação (organizações da sociedade
civil, partidos políticos com e sem assento parlamentar e representantes dos
nossos cinco parceiros internacionais permanentes (Nações Unidas, União
Europeia, União Africana, CEDEAO e CPLP), com o objectivo de identificar e
delimitar as causas do bloqueio na ANP e buscar uma solução de compromisso
entre as partes envolvidas.
Admito que os encontros de consulta
podiam ter sido conduzidos em moldes diferentes, mas ainda assim, como
resultado dos mesmos e fruto da harmonização das diferentes contribuições e
propostas apresentadas ao longo dos diversos encontros (bilaterais e conjuntos)
com as partes, foi elaborado e remetido a todos os participantes um draft de
projecto de «Acordo Político de Incidência Parlamentar para a Estabilidade
Governativa». Um documento modesto, despretensioso, apenas para servir de base
de trabalho. Repito, um ensaio inacabado, porquanto aberto a receber e acomodar
as diferentes abordagens que a solução do problema prevalecente na ANP pudesse
merecer.
No essencial, esse documento apelava à
adopção do princípio de retorno das partes ao status quo ante – ora,
justamente, a situação em que nos encontramos hoje. O projecto de Acordo também
propunha que o Senhor Primeiro-ministro fosse encorajado a iniciar diligências
tendentes a estabelecer compromissos que reflicta maior exclusividades intra e extrapartidária,
susceptível de lhe proporcionar confiança política da maioria dos Deputados da
Nação, condição constitucional da sua subsistência.
Como tenho sustentado, estou convencido
que, no quadro da actual configuração e composição parlamentar resultante da
vontade popular expressa nas últimas eleições legislativas, apenas com base
numa solução política de compromisso, que salvaguarde o respeito pela
Constituição e demais leis da República, podem ser erguidos consensos políticos
duradoiros que promovam e garantam a estabilidade político-governativa até ao
fim da presente legislatura.
Infelizmente, não fui acompanhado nessa
perspectiva por algumas das partes desavindas. Como todos tiveram a
oportunidade de testemunhar, vários motivos foram evocados para se furtar ao
diálogo e ao compromisso.
Numa atitude contrária à nossa boa
tradição africana, alguns chegaram ao ponto extremo de, no decurso do encontro
e por mera questão de forma e formato, abandonar mesmo a mesa das negociações
com irmãos guineenses, na presença do Chefe do Estado e representantes da
comunidade nacional e internacional, simplesmente, porque têm preferência por
uma solução judicial.
• Minhas Senhoras e Meus Senhores,
Os Estados de Direito democráticos
enceram diferentes sistemas e formas de governo, com princípios fundadores e regras
próprias de funcionamento para instituições que os compõem.
O nosso sistema de governo,
caracterizado de semi-presidencialista, para além das dificuldades inerentes às
democracias representativas, vem acrescido de um grau de sofisticação que nem
sempre o torna perceptível, dificultando a sua concretização prática.
É um sistema exigente que impõe uma
articulação permanente entre órgãos (independentes) de soberania, cada um com
funções e competências próprias, mas convergentes na unidade do Estado que a
vontade popular confiou-me a mim representar.
Ao Executivo cabe governar, aos
Tribunais é confiada a tarefa de interpretar e aplicar as leis, mas não de
fazê-las, à Assembleia Nacional Popular compete fazer as Leis e não
interpretá-las e ao Presidente cabe servir de árbitro moderador e bombeiro do
sistema.
Um Estado apenas é de Direito
Democrático, quando todos estivermos de acordo para afirmar e fazer valer que,
a par das leis, o cumprimento das decisões judiciais é a melhor maneira de
promover uma Justiça forte e independente e é também um acto de dignidade.
Pois, quem acredita e espera algo da Justiça, não pode furtar-se ao imediato
cumprimento das suas decisões porque desfavoráveis. O contrário seria bem fácil
e não só para alguns.
Como se devem recordar, e não é demais
referi-lo tendo em conta o seu valor pedagógico, quando o Supremo Tribunal de
Justiça entendeu, no seu acórdão, considerar inconstitucional o meu Decreto
Presidencial que nomeou o Primeiro-Ministro, limitei-me a acatar e cumprir a
decisão.
Ao proceder dessa forma, não queria isso
significar que que o Acórdão em questão fosse isento ou imune a comentários
e/ou observação crítica. Contudo, optei por dar um sinal inequívoco de sujeição
de todos à Lei e à decisão dos órgãos de justiça, porquanto as mesmas terem
força obrigatória geral.
Este padrão de conduta institucional é
aplicável a todas as entidades públicas ou privadas, sem excepção. Quando um
assunto é confiado aos Tribunais e este se pronuncia, mormente em última
instância, não há margem para aceitação parcial, condicionada ou sob reserva.
Perante a decisão dos Tribunais,
independentemente da jurisdição ou instância, nada mais há a fazer a não ser
acatar, gostemos ou não da decisão.
O tribunal decidiu, está decidido. Não
pode haver “mas” nem “meio mas”. As decisões judiciais são para cumprir, ponto
final.
• Mulheres e Homens da Nossa Terra,
Esta crise evitável, está a durar mais
do que aquilo que se podia esperar.
A crise ganhou contornos censuráveis,
fruto de agendas políticas preconcebidas, com cronologias sequencialmente bem
delineadas.
Os objectivos não podiam ser mais
claros. Ou seja, enquanto não estiverem reunidas as garantias para fazer vingar
a perspectiva de alguns, bloquear o normal e regular funcionamento do Plenário
da ANP, comprometer todos os esforços tendentes à busca de soluções para a
saída da crise e, assim, forçar a dissolução da Assembleia Nacional Popular e
consequente convocação de eleições legislativas antecipadas – numa clara lógica
de “ou é tudo para mim ou é nada para ninguém”.
Mas, na vida, como também na política, tudo
tem o seu próprio tempo.
Se, por um lado, é verdade que antes de
decidir um Chefe de Estado tem que ponderar, avaliar e reavaliar, para que dos
seus actos não resultem situações indesejáveis e incontroláveis.
Por outro, julgo acertado partilhar com
os Digníssimos Deputados da Nação, bem como com à Nação guineense, algumas
inquietações enquanto Presidente da República, garante da Constituição e do
regular funcionamento das nossas instituições da República.
São várias as questões que gostaria de
colocar à Vossa ponderação, no sentido de, em conjunto, encontrarmos as
melhores soluções, com base no consenso nacional:
1.º Por quanto tempo mais devemos
assistir – impávidos e serenos – o desmoronamento da autoridade do Estado ou a
submissão de alguns dos seus órgãos à interesses particulares ou de grupos,
numa tentativa de criar anarquia e fazer vergar instituições do Estado?
2.º É legítimo que o actual Executivo,
empossado há mais de 180 dias, mas que até ao presente momento ainda não entrou
em plenitude de funções, governe à margem do parlamento, continue a gerir o
nosso bem comum e a engajar o nosso Estado, sem o Programa de Governo e nem o
Orçamento Geral do Estado, ambos, aprovados na ANP?
3.º É compreensível que a Plenária da
Assembleia Nacional Popular, expressão máxima da vontade popular, ver
impossibilitado o seu regular e normal funcionamento, cujas sessões, mesmo que
ordinárias, têm sido adiadas sine die?
4.º O povo escolheu, o Supremo Tribunal
de Justiça decidiu em relação aos 15 Deputados da ANP, é correcto
desobedecermos?
• Senhoras e Senhores Deputados da
Nação,
• Caros Compatriotas,
É importante que as partes compreendam e
façam uma leitura actualista das decisões judiciais, nomeadamente as que versaram
sobre a alegada perda de mandato dos Deputados da Nação, e avaliem o seu
reflexo na dinâmica política da configuração parlamentar, tendo como pano de
fundo a matriz parlamentar do nosso sistema.
Esta crise parlamentar evidencia a
fragilidade das nossas instituições político-partidárias e a necessidade de se
incrementar o diálogo político com vista à procura de largos consensos e
compromissos nas questões de interesse nacional.
Nestas situações, a responsabilidade de
iniciativa na busca de uma solução governativa compatível com a realidade
parlamentar, cabe, em primeira linha, a quem tem a maioria formal, pelo que
recomendo vivamente uma atitude proactiva, pois a governação do país não pode
ficar dependente de uma única narrativa política, mesmo quando a mesma se
revela incapaz de gerar consensos maioritários.
Caso não haja disponibilidade política,
séria e urgente, por parte do partido formalmente maioritário, para uma
“solução abrangente” poderemos ser forçados, dentro do quadro parlamentar, a
considerar outras opções governativas que assegurem estabilidade até ao fim da
legislatura, uma vez que não é mais sustentável a continuação desta grave crise
política e o seu impacto negativo no normal e regular funcionamento das
instituições da República.
É urgente que o Executivo assuma a
plenitude das suas funções e que deixe de estar limitado à gestão corrente dos
assuntos do Estado e se liberte das restrições orçamentais de gerir o país em
duodécimos.
É imprescindível que os parceiros
sociais (associações sindicais e patronais) tenham um interlocutor credível com
o qual possam estabelecer compromissos que permitam estancar a proliferação de
greves, prevenindo assim o risco que as mesmas constituem à paz e à coesão
social.
É mister o país ter um Governo que não
se apresente frágil e incapaz de transmitir sinais duradoiros de confiança aos
nossos parceiros de desenvolvimento. Temos que conseguir continuar a merecer a
confiança da comunidade internacional e a honrar os compromissos internacionais
do Governo da Guiné-Bissau.
Estamos profundamente convictos que a
comunidade internacional está disponível a relançar o quadro de cooperação e
assistência às autoridades legítimas e não condiciona o seu apoio ao Povo
guineense a pessoas e lugares como muitos tentam fazer querer.
• Mulheres e Homens Guineenses,
Num Estado que se pretende de Direito
democrático deixa de ser exigível tolerar o estado de degradação em que as
coisas chegaram, sob pena da anarquia total.
É chegado o momento de cada um assumir
as suas responsabilidades!
Ou seja, cada um deve tomar a decisão
que lhe cabe tomar e apenas na medida das suas competências. Como bem ficou
demonstrado pelo Supremo Tribunal de Justiça na parte jurídica da crise, apenas
a decisão competente tem a virtualidade de desbloquear a presente situação de
impasse político-parlamentar.
É chegado o momento das instituições
funcionarem na plenitude das suas responsabilidades constitucionais!
Pelo que reitero mais uma vez que, não
tenciono dissolver a Assembleia Nacional Popular e, consequentemente, convocar
eleições legislativas antecipadas. Mesmo que não houvesse outras prioridades,
as eleições legislativas visam, justamente, escolher Deputados para que Vossas
Excelência possam, durante o período da legislatura, assumir e estar a altura
das vossas responsabilidades.
Desta vez, a resolução em concreto dos
aspectos políticos desta crise terá de ser encontrada dentro do actual quadro e
dinâmica político-parlamentar. Entendo que, pela primeira vez, não iremos
necessitar de fazer recurso às armas para a resolução dos problemas que
criamos. Seremos nós mesmos, guineenses, através das nossas próprias
instituições, a fazer o nosso trabalho e encontrar as respectivas soluções.
Os ensinamentos colhidos exigem de todos
garantias de uma governação estável, coerente e credível. As questões em
discussão, sendo de natureza eminentemente política, devem encontrar a sua
melhor e cabal resolução apenas na arena política.
A mim, enquanto Presidente da República,
cabe-me a responsabilidade última de garantir a preservação da dignidade do
Estado, bem como o normal funcionamento das instituições da República.
Porque entendo que, em democracia
parlamentar, o Governo é expressão e emanação da vontade da maioria do povo
representada pela legitimidade dos Deputados da Nação, decidi convocar com
carácter de urgência esta reunião da Assembleia Nacional Popular, para um
debate sobre o estado da Nação, bem como para os Digníssimos Deputados da
Nação, porquanto legítimos representantes da vontade popular, procurarem, no
quadro da actual dinâmica parlamentar, encontrar uma solução política negociada
que garanta os propósitos iniciais da estabilidade governativa até ao fim da
presente legislatura.
Resolvida a questão no foro judicial e
inviabilizada que foi a procura de entendimento extraparlamentar sob o meu alto
patrocínio, através da recusa por uma das partes do projecto de acordo
apresentado às partes em conflito, resta apenas as Senhoras e Senhores Digníssimos
Deputados assumirem cabalmente as vossas responsabilidades na sessão
extraordinária da ANP por mim convocada.
Enquanto Chefe do Estado, resolvi
accionar este comando constitucional, como forma de permitir que todos os
Deputados da Nação, em total liberdade, exerçam o papel que lhes foi
soberanamente confiado pelo Povo guineense, a fim de, na base do diálogo, se
encontrar uma solução política consensual para a saída desta crise política
parlamentar que tem impedido o seu normal funcionamento.
Entendi vir aqui, hoje, perante todos
vós, com o testemunho da comunidade internacional, da sociedade civil e demais
convidados, para lançar uma veemente exortação a todos e cada um dos
Digníssimos Deputados da Nação presentes nesta Sessão Especial, de que: é imperioso
que a Assembleia Nacional Popular retome mais rapidamente o seu normal
funcionamento. Insisto, resolvido o aspecto jurídico da crise, entendo que não
há nenhuma razão ponderosa que possa obstar a que, em sede política própria,
sejam encontrados os entendimentos políticos necessários e, testadas todas as
soluções políticas.
Estou certo que, os Digníssimos
Deputados da Nação, reunidos em sessão plenária, saberão dar os passos
necessários em busca de uma solução mais consentânea à vontade real ou presumível
do nosso povo e àquilo que são os superiores interesses da Nação.
Pela minha parte, continuarei a olhar
atentamente sobre o que se passa na vida pública guineense e exercer o meu
dever, sempre que necessário, e de propor medidas correctivas ou alternativas
ao que vai acontecendo, tendo como objectivo principal o bem da Guiné-Bissau, o
meu país, o seu país, o nosso país.
• Minhas Senhoras e Meus Senhores,
• Digníssimos Deputados da Nação,
Senhor Presidente da Assembleia Nacional
Popular
Chegados a este ponto, são duas as
opções possíveis:
A primeira: criar condições e permitir
que os órgãos legítimos, em particular, a Assembleia Nacional Popular, funcione
regularmente e no seu seio estabelecer compromissos e procurar as soluções que
se considere mais adequada para a saída da crise.
A segunda: promover e facilitar a
criação da desordem parlamentar e, acto contínuo, tentar alastrar o caos às
demais instituições do Estado para que possa haver “eleições gerais
antecipadas”.
Enquanto Presidente da República, Chefe
do Estado e garante do regular funcionamento das instituições da República, vou
assumir na plenitude as minhas responsabilidades constitucionais e tirar todas
as consequências políticas de qualquer uma das opções que for feita.
A fórmula “aos meus amigos tudo, aos
meus inimigos nada e aos outros que se aplique a Lei” não permite a coesão
interna dos partidos, nem tem servido os propósitos de estabilidade
político-governativa.
O tempo que falta para o fim da
legislatura é pouco para cumprirmos todos os compromissos assumidos com o nosso
povo, mas é suficiente para lhe devolver a esperança de que é possível fazermos
melhor.
• Caros Compatriotas,
• Mulheres e Homens Guineenses,
Do passado ocupa-se a história, a nossa
responsabilidade perante o presente é construir o futuro. Por isso, devemos
esquecer o que ficou para traz e aproveitemos esta oportunidade para construir
pontes para o futuro.
Este não é o momento de celebrar
vitórias nem de afogar mágoas. O momento é de compromissos e de
responsabilidade colectiva.
É para este desafio maior que convoquei
esta reunião extraordinária da Assembleia Nacional Popular.
O povo guineense, aqui representado
através dos Digníssimos Deputados da Nação, demonstrou em situações difíceis no
passado estar à altura dos desafios que se lhe impunha.
Entendo que é a vez dos Digníssimos
Deputados da Nação, porquanto legítimos representantes dos interesses do povo
guineense na Assembleia Nacional Popular, darem mostras da maturidade política
que lhes é reconhecida e oferecerem ao povo que representam uma solução para
esta inusitada crise política.
Acredito que também saberemos vencer o
complexo desafio do presente, um desafio que se coloca a todos perante um
grande exercício de democracia.
Temos plena consciência dos desafios que
despontam no horizonte.
Em conclusão, juntos e unidos, estou
convencido que podemos e vamos mudar a Guiné-Bissau, a bem do nosso Povo.
Que Deus abençoe a Guiné-Bissau e aos
guineenses!

O Presidente da República disse hoje que poderá ser forçado, a considerar, dentro do quadro parlamentar, outras opções governativas que assegurem estabilidade até ao fim da legislatura, caso não haja disponibilidade política séria e urgente por parte do partido formalmente maioritário.
ResponderEliminarJosé Mário Vaz que dirigia no parlamento uma Mensagem a Nação, durante a sessão extraordinária que convocou para o efeito, reiterou, mais uma vez ,que não tenciona dissolver o parlamento e consequentemente convocar eleições legislativas antecipadas.
"Desta vez, a resolução em concreto dos aspectos políticos desta crise terá de ser encontrada dentro do actual quadro e dinâmica político-parlamentar. Entendo que, pela primeira vez, não iremos necessitar de fazer recurso às armas para a resolução dos problemas que criamos", aconselhou o chefe de Estado.
O chefe de estado disse que, ao ponto à que a crise chegou, restam apenas duas opções possíveis: primeiro, a de criar condições e permitir que os órgãos legítimos, em particular, a Assembleia nacional Popular, funcionem regularmente e no eu seio estabelecer compromissos e procurar soluções mais adequadas à saída da crise.
Segundo, promover e facilitar s criação de desordem parlamentar e, acto contínuo, tentar alastrar o caos às demais instituições do Estado para que possa haver “eleições gerais antecipadas”.
José Mário Vaz disse que, enquanto garante do regular funcionamento das instituições vai assumir na plenitude as suas responsabilidades constitucionais e tirar todas as consequências politicas de qualquer uma das opções feita.
Num discurso muitas vezes aplaudido pelo grupo dos 15 deputados expulsos do PAIGC e da Bancada do Partido da Renovação Social, José Mário Vaz sublinhou que o efeito dessa crise têm vindo a perturbar o normal funcionamento do aparelho de Estado e ameaça pôr em causa algumas das conquistas democráticas tais como a liberdade de pensamento. de expressão e de voto.
"Existe um verdadeiro mal estar no país e um desânimo quase nacional. Com muitos problemas a mistura, por exemplo greve na educação, na saúde, paralisação na administração pública, desemprego dos jovens entre outros", lamentou.
Disse contudo que os deputados da nação reunidos em sessão plenária saberão dar os passos necessários em busca de uma solução mais consentânea à vontade real ou presumível do povo e aquilo que são os superiores interesses da nação.
(...) Resolvida a questão no foro judicial e inviabilizada que foi a procura de entendimento extra-parlamentar sob o meu alto patrocínio, através da recusa por uma das partes do projecto de acordo apresentado às partes em conflito, resta apenas as Senhoras e Senhores Digníssimos Deputados assumirem cabalmente as vossas responsabilidades na sessão extraordinária da ANP por mim convocada." Dr. José Mário Vaz, Presidente da República da Guiné-Bissau
ResponderEliminar" (...) Caso não haja disponibilidade política, séria e urgente, por parte do partido formalmente maioritário, para uma “solução abrangente” poderemos ser forçados, dentro do quadro parlamentar, a considerar outras opções governativas que assegurem estabilidade até ao fim da legislatura, uma vez que não é mais sustentável a continuação desta grave crise política e o seu impacto negativo no normal e regular funcionamento das instituições da República. " Dr. José Mário Vaz, Presidente da República da Guiné-Bissau
ResponderEliminarA. Keita
ResponderEliminarA S. Exa. Sr. Presidente da República, Dr. José Mário Vaz (JOMAV) trouxe hoje, entre outras, neste seu muito esperado discurso, esta seguinte mensagem que reteve a minha maior atenção e que não me deixa tranquilo, a saber: “[…] a busca de uma solução governativa […] cabe, em primeira linha, a quem tem a MAIORIA FORMAL….”, fim da citação. Dá a subentender que a busca poderá caber em ‘segunda linha’, a quem tem a “MAIORIA INFORMAL”.
Que história de “Maioria Informal”? Quer dizer, dá-se a entender a existência de uma Maioria Informal em oposição, aposição ou concorrência com uma Maioria Formal, no nosso parlamento. Na nossa Assembleia Nacional Popular (ANP).
A todos os bissau-guineenses e gente bem avisada de todo o mundo, alguém já leu, viu ou ouviu falar de coisa parecida algures, nas histórias dos Estados-Nacionais modernos de todo o mundo, tendo adotados regimes Republicanos de Democracia Pluralista, Multipartidária, Parlamentar, Representativa e de Estado de Direito? Estados sérios? Nunca! Continuamos na brincadeira.
Só para as memórias para assinalar a gravidade desta ideia. A Lei N.° 2/2010 foi criada em 25 de Janeiro de 2010 pelos nossos digníssimos Deputados da Nação, expressamente, para se pôr fim, para se cortar todas as bases às possibilidades da criação de Maiorias Informais no nosso parlamento. Para se acabar com a confusão neste mesmo. Foi bem pensado e bem feito. Após vários casos de confusão nas VI e VII legislaturas. Sobretudo, nesta última.
Quem não se lembra dos “Governo do Fórum”, “Governo do Pacto”, “Governo de Iniciativa Presidencial de Gestão”. Todos da VII legislatura. Muita confusão. E ainda todos sabem como tudo acabou. Culminou-se com os assassinatos do Presidente Nino e General Tagmin. Criou-se em consequência de tudo a Lei N.° 2/2010 para que nunca mais, pelo menos a nível da ANP, viesse partir mais géneros de confusão na base da criação de Maiorias Informais. É o que se quer, se pretende retomar de novo. Loucura! Não tenho outras palavras.
Obrigado e um abraço amigo e boa sorte para todos nós, meus conterrâneos bissau-guineenses (Mulheres e Homens).
Que prevaleça o bom senso.
Amizade.
A. Keita
O líder do PAIGC, Domingos Simões Pereira, disse que "o Presidente da república saiu bem, nos aspectos quanto no seu discurso fala do reforço das instituições, reconhecendo o seu limite do poder, outorgando aquilo que assiste os outros órgãos da soberania.
ResponderEliminarJosé Mário Vaz, Presidente da República da Guiné-Bissau, rejeitou a dissolução do Parlamento e consequente eleições antecipadas. A decisão do chefe de Estado foi elogiada pelos líderes das bancadas parlamentares do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e do Partido da Renovação Social (PRS).
ResponderEliminarO líder do PAIGC, Califa Seidi, defendeu que José Mário Vaz demonstrou que o Supremo Tribunal de Justiça não resolveu definitivamente o problema político dos quinze deputados e que, por isso, o partido vai analisar os contornos de toda a crise.
Já Certório Biote, líder da bancada parlamentar do PRS, assegura que a sua bancada vai contribuir para que seja encontrado um entendimento mútuo ao nível parlamentar. «O PRS vai continuar a contribuir mutuamente para que se ultrapasse o mal-entendido entre os políticos, e enveredaremos pelo clima de paz e estabilidade para a Guiné-Bissau», garantiu o responsável, citado pela ANG Notícias
"Sabe daquela situação, quando acha que já está no fundo do poço sobrevivendo apenas com a cabeça fora d’água que se encontra no fundo do poço vem individuo como esse tentando exterminar a pouca esperança que sobeja.
ResponderEliminarÉ muito difícil entender o que está passar na cabeça de um individuo como este que não deixa o seu povo respirar um pouquinho do ar lhe resta como esperança de criar nova expectativa.
Eu acreditava que chegamos no limite e que já ultrapassamos todos os tipos de presidentes com diferentes tipos de personalidades desde autoritária, cômica a desleixada.
Jamais imaginaria que um dia o povo guineense será condenado a ter um representante máximo da nação devaneio, oco, totalmente desprovido de intelecto para tomar qualquer decisão, mesmo com instrumentos e prerrogativas que lhes são atribuídas como presidente.
É lastimável ter representantes como estes (os 15) que não olham além dos seus umbigos, que não respeitam os princípios democráticos e fazem de tudo para alcançar o puder a qualquer custo. Por outro lado, parece-me que estes indivíduos desconhecem totalmente a triste e lamentável historia do país cujo comportamento deste tipo sempre acaba do jeito conhecido por todos nós. Espero desta vez que termine do jeito diferente.
É óbvio que a nossa a classe política não tem principio de diálogo que é um dos elementos primordiais em democracia. A democracia sobrevive de dialogo, de consenso entre políticos, intelectuais, elites e empresários nacionais. Esse consenso, diálogo sempre tinha que ter um horizonte cujo objetivo é maior do que objetivo pessoal. Construir projeto de desenvolvimento nacional.
No entanto, um país sem liderança, onde todo mundo sabe de tudo, todo mundo é especialista em tudo ao mesmo tempo não consegue se quer o crescimento profissional e individual. Um país onde todo mundo espera do Estado para enxugar (os vampiros do Estado desde a independência), jamais poderá esperar resultado diferente do que tem sido até agora.
Não adianta convocar novas eleições sem pelos menos constituir um pacto nacional entre os grupos acima citado. Senão vejamos: desde o fim de conflito militar de 1998, convocamos as eleições em média, de 2 em 2 anos e o resultado é de conhecimento de todos.
Concluo lembrando ao Presidente da Republica de que a Guiné-Bissau não é mais a província de Portugal, mesmo que a nossa constituição seja a reprodução da Constituição Portuguesa, a nossa realidade cultural é bem distinta, portanto a nossa Constituição é empregada conforme a nossa realidade.
A situação é lastimável e preocupante, mas não deixaremos de se abater.
Que Deus abençoe a Guiné-Bissau.
PAIGC e José Mário Vaz mantêm tensão
ResponderEliminarO Presidente guineense garantiu ontem, num aguardado discurso à Nação proferido no Parlamento, que não tenciona dissolver o órgão, mas deixou por esclarecer se demite o Governo do primeiro-ministro Carlos Correia.
Num discurso de cerca de 30 minutos, José Mário Vaz acusou o partido do Governo, o PAIGC, de “ter atitudes de bloqueio” para o levar a dissolver o Parlamento e convocar eleições legislativas e presidenciais antecipadas.
“Volto a reiterar que não tenciono dissolver a Assembleia Nacional Popular e convocar eleições gerais antecipadas. A solução passa pela negociação”, disse o Chefe do Estado guineense.
Um dia antes, o presidente do PAIGC e antigo primeiro-ministro, Domingos Simões Pereira, defendeu, em Bissau, a realização de eleições gerais antecipadas.
Ao discursar num encontro de militantes do PAIGC, em Cacheu, Domingos Simões Pereira, cuja demissão pelo Presidente José Mário Vaz deu início à actual crise política e institucional no país , disse que a solução passa por devolver o poder ao povo.
“Não podemos continuar a fingir que não sabemos que é isso que o Presidente José Mário Vaz quer. Enquanto o Presidente José Mário Vaz não colocar na governação pessoas da sua confiança não vai descansar”, afirmou.
O presidente do PAIGC sublinhou que não pode ficar “impávido e sereno” quando o Chefe de Estado “não quer deixar o PAIGC governar, mesmo tendo sido o vencedor das eleições legislativas com maioria absoluta”.
A Guiné-Bissau, alertou Simões Pereia, pode perder os apoios prometidos pela comunidade internacional avaliados em 1,5 mil milhões de dólares, por isso acha melhor realizar eleições gerais “que iam custar apenas dez milhões de dólares”. Domingos Simões Pereira aconselhou o Chefe de Estado “a respeitar as pessoas, pois as pessoas respeitam-no enquanto Presidente da República”.
PAIGC impedido de governar
Na véspera, a antiga ministra da Solidariedade Social e actual secretária-geral adjunta da União Democráticas das Mulheres acusou o Presidente José Mário Vaz e o PRS, o maior partido da oposição, de serem os autores “do bloqueio político do país”.
Silone Nhasse lamentou que as instituições da Guiné-Bissau não funcionem “a ponto de as ajudas internacionais prometidas na mesa-redonda de Bruxelas estarem comprometidas, assim como a campanha da comercialização da castanha de caju”, o principal produto de exportação da Guiné-Bissau.
Na passada segunda-feira, interrogado sobre os rumores de derrube do Governo no Parlamento, à margem das cerimónias da abertura oficial da campanha de comercialização da castanha do caju, o primeiro-ministro Carlos Correia disse “estar tranquilo para continuar a trabalhar”. Jornal de Angola
DSP E OS SEUS ESCOLTAS/ SEGURANÇAS, FORAM HUMILHADOS DE UMA FORMA INACREDITAVÉL.
ResponderEliminarDSP ONTEM, MINUTOS ANTES DO DISCURSO DE JOMAV, CHEGOU A ANP COM OS SEUS DITOS SEGURANÇAS, E DSP FOI REVISTADO. AO TERMINAR ENTROU E OS SEUS SEGURANÇAS TENTARAM SEGUIR AO DSP COMO SEMPRE FAZEM..., SÓ QUE DENTRO DO PERIMETRO DA ANP, APENAS OS NOSSOS GLORIOSOS MILITARES, PARA- COMANDOS E O BATALHÃO PRESIDÊNCIAL É QUE CONTROLAVAM O PERIMETRO DA ANP. OS SEGURANÇAS DO DSP FORAM BARRADOS A FRENTE DO DSP E TENTARAM DISCUTIR..., MÁ SABI SIN KU NÓ MILITARES..., KKKKKKKK...., HAHAHAHAHA..., HEHEHEHE!
APENAS FALARAM UMA VÊZ E COM FIRMEZA, DANDO ORDENS DE EXPULSÃO NAQUELE LOCAL IMEDIATAMENTE PARA FORA DO PERIMETRO DA ANP. OS GAJOS COM O RABO ENTRE AS PERNAS, DERAM MEIA VOLTA E FORAM LÁ PARA ESTRADA PRINCIPAL. DSP BALANÇA SÓN CABEÇA. CÓCÓ BÓIA KU DSP.
EUA NÃO DÃO ORIENTAÇÃO POLÍTICA A NENHUM ESTADO DO MUNDO”
ResponderEliminarJames Zumwalt.jpgO embaixador dos Estados Unidos de América para a Guiné-Bissau, com residência em Dakar, James Peter Zumwalt, disse hoje, 20 de Abril 2016, que os “Estados Unidos de América não dão orientação política a nenhum Estado do mundo”. Este diplomata americano falava a’O Democrata em alusão à crise política que se vive no país, sobre a qual destacou as leis do seu país, que não dão possibilidade para a interferências nos assuntos internos de Estados soberanos como é o caso da Guiné-Bissau.
“Apenas aconselho aos guineenses no sentido de se engajarem seriamente para encontrarem melhor caminho para o desenvolvimento do país”, acrescenta, sublinhando, que contudo, os EUA estão dispostos a apoiar a sociedade civil guineense para ter uma “estrutura forte”.
“Apoios à Guiné-Bissau só podem ser concretizados caso haja a estabilidade política”, precisou.
Em relação ao caso ” Bubo Na Tchutu”, antigo chefe da armada guineense, detido há três anos pela justiça americana, James Peter Zumwalt não trouxe nada de novo quanto à evolução da justiça americana referente às acusações feitas contra o militar guineense.
Sobre o conflito na Cassamança, região sul do Senegal, James Peter Zumwalt disse que o seu país está a imprimir esforços para apoiar o processo de estabilização e de paz na região que permite criar condições favoráveis para o retorno dos refugiados (que se encontram na Gâmbia e na Guiné-Bissau) as suas zonas de origem.
“Não podem imaginar como fiquei com a generosidade do vosso país quando soube que a Guiné-Bissau também está a trabalhar pela paz na região de Cassamança e no atendimento de pedidos de alguns refugiados que já se manifestaram o interesse em adquirir a nacionalidade guineense. São esforços que têm a ver com a questão humanitária”, reforça.
Todavia, alerta que a solução para o fim da crise na zona fronteriça entre a Guiné-Bissau e o Senegal tem de ser encontrada internamente, e sobretudo da parte das tropas senegalesas.
O diplomata americano está no país para participar na Conferência Marítima de Bubaque prevista para os dias 21 e 22 de Abril. No referido encontro, vai-se discutir entre outros assuntos, o tráfico de droga e crimes transnacionais, segurança marítima e fronteiriça e a proteção dos recursos naturais.
Segundo apurou O Democrata a “Conferência Marítima” deve congregar todos os representantes especiais e os embaixadores acreditados em Bissau assim como o Conselheiro do Primeiro-ministro para área de Segurança, Diretor dos Serviços de Informação de Estado, Diretora Nacional da Polícia Judiciária, representantes da Interpol, Comissário Nacional da Polícia da Ordem Pública e o comandante da Guarda Nacional.