quinta-feira, 20 de agosto de 2015

CPLP apela ao diálogo na Guiné-Bissau e ficou em total silêncio sobre crise política em Moçambique

A Guiné-Bissau mas igualmente a comunidade internacional continuam expectantes relativamente à situação do país novamente paralisado depois do Presidente guineense José Mário Vaz ter demitido o governo na semana passada, por considerar estar perante uma "grave crise política".

O PAIGC propôs ao presidente o nome de Domingos Simões Pereira, o seu líder, para reintegrar o cargo de Primeiro-Ministro, cabendo agora ao chefe de Estado comunicar a sua decisão.

Em entrevista à RFI, Isaac Murade Murargy, secretário executivo da CPLP faz a sua avaliação do contexto que se vive actualmente na Guiné-Bissau.

O ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique, Oldemiro Baloi imputa ao ego dos políticos guineenses a responsabilidade pela crise


O ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique, Oldemiro Baloi, manifestou-se no fim-de-semana muito preocupado com a situação na Guiné-Bissau, imputando ao ego dos políticos guineenses a responsabilidade pela crise.

"Moçambique olha com muita preocupação, com muita e muita preocupação", afirmou Baloi, citado pelo diário Notícias, falando em Gaberone, capital do Botsuana, onde se encontra a participar na 35ª Cimeira dos Chefes de Estado e de Governos da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).

O chefe da diplomacia moçambicana acusou alguns políticos bissau-guineenses de sobreporem os seus interesses pessoais aos do povo, realçando que a política é para servir e não para se servir dela.

"Aqui, não vou entrar em detalhes mas, de facto, é uma situação muito triste que os egos das pessoas se sobreponham aos interesses de um país sofrido. É bastante lamentável, mas sabemos onde está o problema", realçou Oldemiro Baloi.

A actual crise na Guiné-Bissau, assinalou o ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação moçambicana, mostra que os militares foram sempre usados pelos políticos na instabilidade que atingiu o país no passado.

"A verdade é que essa tese (de os militares da Guiné-Bissau serem instrumentalizados pelos políticos) parece provar hoje a sua validade, uma vez que os militares, desde que aconteceram as eleições no ano passado e houve um diálogo e lhes foram dadas perspectivas, estão quietos", considerou Oldemiro Baloi.

O ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique afirmou que o país está a apostar na "diplomacia silenciosa" através da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) para a solução da crise.

O Presidente da República da Guiné-Bissau, João Mário Vaz, demitiu na quarta-feira passada o Governo liderado por Domingos Simões Pereira, num decreto em que se justifica com quebra mútua de confiança, dificuldades de relacionamento e sinais de obstrução à Justiça por parte do Executivo.

Num discurso à nação, Vaz acusou ainda o primeiro-ministro e o Governo de corrupção, nepotismo e de falta de transparência na gestão pública.

Domingos Simões Pereira anunciou na quinta-feira estar "chocado" pela maneira como o Presidente "faltou à verdade" e refutou as acusações.

O executivo estava em funções há um ano, depois de o PAIGC vencer as eleições com maioria absoluta e de ter recebido duas moções de confiança aprovadas por unanimidade no Parlamento - para além de ter o apoio da comunidade internacional.


Apesar de todas as forças políticas e várias entidades, dentro e fora do país, terem feito apelos públicos dirigidos ao Presidente no sentido do diálogo e estabilidade, José Mário Vaz decidiu derrubar o Governo e pediu ao PAIGC que indique um novo nome para primeiro-ministro.

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