terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Guiné-Bissau: Não se promove nenhuma Reconciliação com medidas radicais, com imposições de exclusão de partes

Por, Fernando Casimiro

Sem o diálogo político não haverá reconciliação política; sem reconciliação política não haverá confiança política; sem confiança política não haverá estabilidade política; sem estabilidade política não haverá estabilidade social e económica; sem estabilidade social e económica não haverá desenvolvimento e bem-estar; sem desenvolvimento e bem-estar haverá mais pobreza e mais desigualdades sociais; com mais pobreza e mais desigualdades sociais haverá mais ameaças à Paz.

A Reconciliação Nacional em todas as perspectivas possíveis e imaginárias, deve ser um Desígnio Nacional na Guiné-Bissau; deve ser a oração de, e, para todos os dias dos Guineenses.

Deve ser a essência da reformulação da espiritualidade, mentalidade, comportamento e caracterização do Novo Cidadão Guineense, livre de recalcamentos, livre de ódios, livre de tentações de vingança.

Não se promove nenhuma Reconciliação com medidas radicais, com imposições de exclusão de partes. Por isso é que não se decreta a Reconciliação Nacional através dos poderes e das competências constitucionais dos órgãos de soberania.

A Reconciliação Nacional não está regulada por nenhuma ordem jurídica; não faz parte do estatuto jurídico do poder político, não é nenhum valor material que se negoceia.

A Reconciliação Nacional é uma Necessidade, face à irracionalidade e aos desencontros de irmãos, nos múltiplos desequilíbrios da multifacetada definição e caracterização do ser humano, quiçá, a razão do problema, mas também, a chave para a solução!

Não há Reconciliação, seja qual for a sua natureza, sem diálogo, sem inclusão, sem tolerância, sem que todos possam falar, ser ouvidos. Afinal, numa Reconciliação ninguém é dono da Verdade, procura-se a Verdade através de todos os intervenientes directos ou indirectos; procura-se o arrependimento, o reconhecimento de um novo compromisso, de uma nova forma de vida, com a aprendizagem dos erros do passado.

Não há Reconciliação sem perdão espiritual, capaz de libertar o ser humano dos recalcamentos, do ódio, da vingança. A Reconciliação Nacional, não visa contudo, substituir a Justiça institucional e, muito menos promover a impunidade.

Se os políticos guineenses falam em Reconciliação, devem demonstrá-lo igualmente, nas suas acções todos os dias. O Diálogo é a ponte para a Reconciliação, para todas as Reconciliações!


Positiva e construtivamente.

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