terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

GUINÉ-BISSAU: O PARTIDO DA RENOVAÇÃO SOCIAL (PRS) RESPONSABILIZA PAIGC DE TODA SITUAÇÃO CAÓTICA DO PAÍS

O Partido da Renovação Social acusou o PAIGC de todos os males que se passam na Guiné-Bissau, Numa conferência de imprensa hoje, 16 de Fevereiro, realizada na sede nacional do PRS, tendo como alvo o PAIGC.

A segunda maior força politica guineense adverte processar criminalmente a qualquer pessoa que impedir algum deputado do seu partido de entrar na sede de Assembleia Nacional Popular. O PRS volta sublinhar que só um diálogo sério é capaz de tirar o país no impasse em que se encontra

Na voz de Victor Pereira, o partido responsabiliza o PAICG de toda a situação caótica do país e de manobras antidemocráticas. Como exemplo, Victor Pereira aponta o novo adiamento da sessão parlamentar como sendo uma manobra que não é mais do que uma clara tentativa de dar tempo para que haja mais uma nova restrição judicial simplesmente formatada aos interesses do PAIGC.

PRS disse ser um partido defensor da legalidade democrática, por isso pautara em respeitar e fazer respeitar o quadro democrático e constitucional. Porque segundo o porta-voz, o que move o partido é fundamentalmente a sua agenda que passa necessariamente no cumprimento escrupuloso da lei e das regras constitucionais.

Nesta base, o PRS não poderá nunca permitir formações para subversão dos pilares democráticos, pelo que lutaram dentro dos limites da lei para que a verdade democrática seja reposta e para que os 15 deputados da nação não sejam retirados nenhum dos seus direitos que lhes são assistidos pela lei e pela constituição da república.
NOTA À IMPRENSA 

O povo guineense vem assistindo à forma menos clara com que o PAIGC vem tentando numa lógica constitucional própria de um partido-estado, o regresso retrógrado do centralismo democrático, subvertendo desta forma as conquistas da democracia. Todo este cenário montado desde os atropelos aos prazos legais e constitucionais para levar o programa do governo ao parlamento, indiciam claramente uma atitude contra as regras democráticas, mesmo que para isso se tenha que enveredar por caminhos inadequados, numa clara demonstração de, como a lei num Estado de direito, de pouco ou nada servem para o PAIGC, quando se trata de lograr os seus intentos maquiavélicos.

 Um programa de governo que devia ser apresentado 60 dias após a tomada de posse do PM, ou seja no dia 12 de Dezembro, só foi levado ao parlamento, fora do prazo, no dia 23 do mesmo mês, altura em que foi chumbado pela primeira vez. Esta dilação de timing deveu-se à intenção do PAIGC, fazer de conta que tinha intenções sérias nas negociações com o PRS, por um lado, e, por outro lado, ensaiava subverter a bancada parlamentar do PRS, tentando, sem sucesso, aliciar alguns dos nossos deputados da Nação, com somas astronómicas em dinheiro para poder comprar consciências a fim de fazer passar o programa.

 Na segunda apresentação do Programa, que deveria ocorrer no dia 7 de Janeiro passado, e apesar de alguma resistência, com interpretações grosseiras feitas, publicamente, por dirigentes de topo do PAIGC, chegando a afirmar, de que só com 45 votos o programa podia passar, e apesar de um evidente recuo, voltámos a assistir, incrédulos, às mesmas manobras dilatórias contra os prazos legais e constitucionais previstos.

 O PAIGC sem pudor voltou a usar de todos os seus recursos para recusar o prazo legal, deitando mão a expedientes que vão, desde a compra de consciência, passando por expulsões arbitrárias de deputados seus do partido, para que posteriormente fossem, alegadamente, expulsos da Assembleia Nacional Popular, por um órgão incompetente da ANP, que é a sua Comissão Permanente. Esta manobra, mais uma vez contra a lei, traduz um estratagema do PAIGC, que não podia arriscar-se a apresentar o programa que seria, certamente, chumbado pela segunda vez, provocando o derrube do governo. 

Chegados a este impasse o PAIGC resolveu deitar mão a um expediente jurídico formatado aos seus interesses, forjando um despacho que lhe é favorável, de modo a não permitir que os 15 deputados alegadamente expulsos da ANP, marcassem presença numa sessão extraordinária marcada, para só fazer passar o Programa. Finalmente os 15 deputados da Nação fizeram valer os seus direitos através de um douto despacho exarado no Tribunal de Bissau, que lhes devolvia o direito de se constituírem mandatários do povo guineense.

Saliente-se, que a Assembleia Nacional Popular reúne-se ao ritmo e ao sabor do por enquanto, Presidente Cipriano Cassamá, que marca sessões quando quer e bem entende, atropelando normas regimentais e funcionando sem a presença de quóruns exigidos por lei. 

Apesar desta última ordem do Tribunal de Bissau, e numa clara violação dessa injunção, aos deputados da Nação não é permitido o acesso às instalações da Assembleia Nacional Popular.

Aproveitamos este fórum para informar que o PRS responsabilizará criminalmente quem impedir o acesso dos deputados do Partido da Renovação Social, às instalações da ANP.

A sessão marcada para ontem dia 15, foi adiada para o dia 25 de fevereiro, outra manobra, que não é mais do que uma clara tentativa de dar tempo para que haja uma nova restrição judicial formatada aos interesses do PAIGC, mas também, segundo fontes mediáticas, com interesses inconfessáveis, como lamentável e assustadoramente, vemos estampados nas redes sociais, onde se acusa e se denuncia comportamentos do PAIGC em cenários pré-golpes de estado.

 Esta situação política atingiu o seu auge, com o pedido do PAIGC para a intervenção do senhor Presidente da República, que a todo o custo, tem tentado, sentar as partes desavindas para se encontrar uma solução política. Com um modelo inédito, mas bem-vindo, sentou em duas rondas as partes desavindas, frente aos representantes da comunidade internacional e organismos multilaterais de cooperação.

 Neste esforço que é pedido às partes, o PAIGC, mais uma vez à sua boa maneira, pontuou-se pela deselegância, pelo ausência e pelo desrespeito ao primeiro magistrado da Nação, na terceira ronda, alegando ausência de formato institucional, quando o que está em cima da mesa são questões que em seu devido lugar, na Assembleia Nacional Popular, não puderam ou não tiveram o tratamento merecido, porque sucessivos atropelos à lei, motivados por capricho partidário não permitiram um normal e regular funcionamento desse órgão soberano. 

No entretanto, paralelamente, a estes esforços, assistimos a esforços de aproximação, sem êxito, da parte dos dirigentes do PAIGC, ao nosso Presidente do Partido, para promover encontros que visem, não se sabe bem o quê, senão uma total e completa desacreditação dos esforços do senhor Presidente da República e do nosso partido na busca de uma solução política para este impasse.

 De uma vez por todas, esclareça-se que o que move o Partido da Renovação Social é fundamentalmente a sua agenda, que passa necessariamente pelo cumprimento escrupuloso da lei e das regras constitucionais, ou seja o Partido da Renovação Social não poderá permitir, impávido e sereno à promoção da subversão dos pilares de um Estado democrático.

Lutaremos dentro dos limites da lei para que a verdade democrática seja reposta. Para que aos 15 deputados da Nação não seja retirado nenhum direito que lhes é assistido pelas leis e pela Constituição da República.

 Se não nos pugnarmos contra esta injustiça, não nos surpreenderia que a Assembleia Nacional Popular passasse a funcionar como uma caixa-de-ressonância do diretório de um qualquer partido com maioria, onde aleatoriamente, se poderia mandar expulsar qualquer deputado da Nação, incluindo os da oposição. E porque não os do PRS, que não fossem do seu agrado.

2 comentários :

  1. Universitários opinam sobre solução para saída da crise
    Alguns jovens universitários ouvidos pela DW-África, embora preocupados com a situação divergem quanto a solução viável para terminar com a crise. Alguns, defendem o diálogo como este que preferiu o anonimato e afirma “temos que ser francos, abertos e dispostos a solucionar esta crise que já dura muito tempo e que impede o país de avançar no seu desenvolvimento. E por ser um problema político, o diálogo é imprescindível para que as partes cheguem a consensos”.

    Um outro colega, reclama pela justiça como única solução para resolver conflitos do género. “Acredito nos tribunais e, por conseguinte, será esta via que os políticos deverão utilizar para solucionar a crise”.

    Esse imbróglio jurídico-institucional levou o presidente do Parlamento, Cipriano Cassamá, a adiar para 25 de fevereiro a sessão ordinária que deveria ter começado esta segunda-feira(15.02.), alegando "falta de condições administrativas e financeiras".

    Cipriano Cassamá, presidente da ANP Cipriano Cassamá, presidente da ANP(na foto)

    O Partido da Renovação Social (PRS) entende que o adiamento da sessão plenária para o dia 25 deste mês é mais uma clara tentativa de, o presidente da ANP, dar tempo para que haja uma nova restrição judicial "formatada aos interesses do PAIGC", disse o porta-voz do partido, Vítor Pereira. “Saliente-se que a ANP se reune ao ritmo e sabor do por enquanto presidente Cipriano Cassamá. Ele marca sessões quando quer e bem entende atropelando as normas regimentais e funcionais sem a presença de quórum exigido por lei”.

    Segundo o PRS, apesar da última decisão do Tribunal de Bissau, e numa clara violação dessa injunção, aos deputados da Nação não é permitido o acesso às instalações da Assembleia Nacional Popular. Daí o partido ameaçar responsabilizar criminalmente quem impedir o acesso dos seus deputados às instalações do Parlamento.

    Presidente aguarda parecer
    Enquanto isso, o Presidente da República aguarda o parecer de uma comissão integrada por representantes das partes envolvidas na crise política atual.

    A comissão deve submeter à apreciação de José Mário Vaz sugestões e propostas apresentadas durante duas semanas de reuniões entre o PAIGC, o PRS, na oposição, a mesa da Assembleia Nacional e os 15 deputados expulsos.

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  2. O Partido da Renovação Social (PRS), que lidera a oposição na Guiné-Bissau, criticou esta terça-feira (16.02.) o PAIGC, no Governo, de "deselegância e desrespeito" para com a figura do chefe de Estado.

    Em conferência de imprensa, Victor Pereira, porta-voz do PRS, considerou que ao retirar-se da mesa das negociações que o Presidente da República, José Mário Vaz, tem estado a levar a cabo entre as partes desavindas no Parlamento, o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) "mais uma vez desrespeita" a figura do Presidente do país.
    Recorde-se, que por discordar do facto de o chefe de Estado convidar para a mesa das negociações os 15 deputados da sua bancada expulsos do Parlamento, por alegada indisciplina partidária, o PAIGC decidiu retirar-se das conversações.

    Para o PRS, o "PAIGC devia compreender" que José Mário Vaz apenas está a tentar solucionar um problema que não pode ser resolvido em sede própria, no Parlamento, onde, disse, têm acontecido "sucessivos atropelos à lei".

    Instabilidade aumenta quotidianamente
    Sem se vislumbrarem sinais evidentes que possam permitir à Guiné-Bissau ultrapassar a crise política vigente, observadores notam que a instabilidade aumenta a cada dia que passa, colocando em risco os últimos progressos alcançados com a realização da mesa redonda, em Bruxelas, com os parceiros internacionais do país.

    Para já, não há nenhuma fórmula consensual para a resolução das disputas institucionais pelo poder, afirmam esses mesmos observadores.

    Atualmente a Guiné-Bissau dá a imagem de um país bloqueado, onde as instituições funcionam a meio gás e a população carece de informações sobre o que realmente se passa.
    ANP da Guiné-Bissau ANP da Guiné-Bissau(na foto)

    Sabe-se que a mesa da Assembleia Nacional Popular (ANP) recorreu junto do Tribunal da Relação de Bissau contra o despacho do Tribunal Regional de Bissau que aceitou a providência cautelar dos deputados expulsos que pediam a suspensão da decisão da mesa do Parlamento. Os analistas questionam se se está a espera de uma decisão do tribunal ou do Presidente da República para conhecer o futuro do país.

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