Discurso de abertura do vice-presidente
Eng.º Orlando veiga nas jornadas de esclarecimento no círculo eleitoral n. 1 – Tombali
– Catió
Começamos por saudar os nossos irmãos da
região sul, com palavras de encorajamento e de esperança. Tenho a certeza de
que apesar da distância que nos separa da capital, os vossos corações estarão
sempre connosco nesta luta diária, labutando pela vida difícil e atribulada,
que nos está sendo imposta pelo governo do chamado partido libertador, o PAIGC.
Estas palavras de crítica, têm mais
significado, quando nos lembrarmos de que foram nestas matas, e com o
sacrifício consentido deste heróico povo do sul, é que foram travadas as
maiores batalhas pela luta de libertação, que vieram a conduzir à emancipação e
à independência do nosso país.
Por isso mesmo, não podemos, hoje, em
democracia, e enquanto maior partido da oposição, com as responsabilidades que
nos incumbe o povo guineense, deixar de testemunhar na vossa presença, o
abandono e o ostracismo, a que foram votadas esta região, que um dia, foi
considerada o celeiro da Guiné-Bissau.
A gritante falta de infra-estruturas, a
ausência de bons serviços médicos e de boas escolas, a falta de boas
acessibilidades e de pessoal qualificado, em número suficiente para acudir as
necessidades básicas de toda uma população carente, são apenas alguns pontos
críticos que caracterizam as insuficiências desta zona do país, cuja
responsabilidade teremos que, necessariamente, imputar ao governo do PAIGC, que
há quarenta anos, e agora numa nova versão, de há cerca de nove meses, têm
paralisado completamente o país.
E as consequências desta paralisia, não
se fizeram esperar. As greves na educação e na saúde são disso um exemplo. A
onda de assaltos à mão armada, por grupos de malfeitores presos que se
organizam, a partir das instalações de detenção, não é, certamente alheia à
falta de responsabilidade do governo do PAIGC, que até hoje não consegue nomear
um Ministro do Interior. O mesmo se pode dizer no sector mineiro, com a falta
de um Ministro dos Recursos Naturais.
Exigimos ao governo do Eng.º Carlos
Correia, que canalize os dinheiros gastos em missões sumptuosas e supérfluas,
para minimizar o sofrimento do povo, nos problemas mais candentes e graves que
são diariamente detectados nas várias unidades hospitalares e na educação.
Pedimos igualmente à Mesa da Assembleia
Nacional Popular, que não confunda o povo, e que se limite a cumprir a lei e o
regimento da ANP. Assistimos hoje, a uma autêntica palhaçada, quando, para
subtrair dividendos políticos, o vice-presidente da ANP, numa atitude patética,
não se furta de tentar iludir a opinião pública com o argumento de que o PRS
teria reconsiderado uma alegada posição fictícia, e por isso mesmo, regressara
às reuniões da Comissão Permanente da ANP.
Caros irmãos, a lógica desta
desgovernada direcção do PAIGC, assenta, exactamente, na desinformação. O
Partido da Renovação Social, felizmente, contínua firme e responsável, na sua
decisão de cumprir a lei. Por isso, e apesar de nunca ter abandonado a
Assembleia Nacional Popular, órgão para o qual foi democraticamente eleito,
também nunca pactuou, e nem nunca pactuará com os desmandos que o PAIGC, através
dos ilustres representantes na Mesa tentaram impor.
Na esteira dessa posição, o Partido da
Renovação Social, limitou-se a comparecer à reunião da Comissão Permanente,
cumprindo o despacho do Tribunal Regional de Bissau, que insta a Mesa da ANP a
readmitir os deputados alegadamente expulsos.
Portanto o PRS, mais não fez do que
cumprir a lei. O PAIGC, o partido libertador, de quem o povo já se cansou de
pagar a dívida da libertação, e por conseguinte, de quem deveria libertar-se,
continua a surpreender pela negativa.
Numa verdadeira fuga para a frente,
porque não é digno de outro nome, o PAIGC, através da Mesa da ANP, finge que o
Orçamento Geral do Estado vai ser discutido na próxima sessão marcada para o
dia 3 de maio. Esta atitude sugere-nos uma reflexão: Como é que um Governo
inconstitucional, porque não conseguiu fazer passar o seu programa no hemiciclo
guineense, pretende agora que se analise o Orçamento Geral do Estado. E já
agora, o Governo que não se esqueça de proceder à apresentação da Conta Geral
do Estado da execução do ano 2014.
Ora, estas manobras de diversão,
obedecem à máxima que é por todos, mais do que conhecida: NÃO FAÇAS O QUE EU
FAÇO, MAS FAZ O QUE EU DIGO, ou seja, os 15 que vão à justiça, se as coisas
correrem de feição, o PAIGC acata. Se as pretensões forem contrárias à vontade
do PAIGC, o PAIGC, não acata, porque ele é o “guia do nosso povo”, o regime de
direito democrático que o povo votou fica na gaveta. O PAIGC pode, quando bem
entende desobedecer a lei, os outros que se limitem a cumpri-la.
Ao invés deste triste espectáculo que
agora é, gratuitamente, oferecido ao povo guineense e à comunidade
internacional, a Mesa da Assembleia Nacional Popular, deveria, na sua qualidade
de órgão fiscalizador da acção governativa, dar o exemplo de cumpridor da lei.
O PRS ao pautar-se pelo estrito
cumprimento da lei, quer lembrar ao país, e aos nossos irmãos residentes no sul
do país, que nenhum deputado pode ser expulso, sem ser nos termos da lei. Esta
estratégia de desgoverno do PAIGC, que já vem do seu Congresso de Cacheu, só
sobreviveu graças ao empenho patriótico do PRS, que por 4 vezes, ao longo do
período de um ano de governação, salvou, através da aprovação de moções de
confiança, o governo de Domingos Simões Pereira.
Contrariamente às teses veiculadas,
muitas vezes as pessoas esquecem-se de que o mandato de 41 deputados que foi
confiado ao PRS, configura, claramente um estatuto de oposição. Aliás,
prontamente, interiorizado, e demonstrado num gesto inédito nas nossas lides
eleitorais. Foi com dignidade e elevação democráticas, que o Partido da
Renovação Social, saudou, em primeiro lugar, o vencedor, o PAIGC, como justo
ganhador das últimas eleições legislativas.
Portanto, o que se exige em termos
constitucionais, é que o partido que ganhou as eleições e que assegure uma
maioria parlamentar, que governe bem em nome do povo. O partido que perdeu as
eleições, que faça uma oposição construtiva, também em nome do povo. Esta
harmoniosa construção teórica que encontra respaldo na nossa teoria
constitucional, não colhe nas hostes libertadoras, porquanto, os mesmos
entendem-se endeusados, e como tal, acima da Constituição da República da
Guiné-Bissau.
Por isso, é difícil compreender que se
peça ao PRS, depois de uma saída voluntária, do governo de inclusão do PAIGC,
um "seguidismo" cego às manipulações do PAIGC. Ao PAIGC foi confiada
a responsabilidade de governar, porque obteve um maior número de votos, e
garante uma maioria parlamentar. Então, se assim for, que governe.
O que o PAIGC não diz, é que já não
dispõe de uma maioria no parlamento, daí que se tenha enveredado pela
manigância da expulsão expedita, ilegal e inconstitucional de 15 membros da sua
bancada parlamentar, que, no entanto, lhe foi negada por sentença do Tribunal
Regional de Bissau, e que tem dificuldade em acatar, incorrendo mesmo, em crime
de desobediência, passível de punição judicial, que por este andar, também não
acatará.
O PAIGC e os seus seguidores,
dificilmente serão capazes de incorporar uma lógica de cultura democrática, daí
as grandes dificuldades de relacionamento no seu próprio seio. Por isso não
espanta que enfrentem as mesmas dificuldades a relacionar-se com outros atores
da cena política e democrática guineense.
O partido libertador é incapaz de se
libertar das amarras totalitárias do seu passado de centralismo democrático,
por isso continua a mostrar-se incapaz de conviver de forma sã em democracia.
Perante estas manobras dilatórias e de
clara desobediência, que mais não obedecem do que a estratégia de política de
terra queimada, que o PAIGC tem em curso, e que só servem para prolongar o
desgoverno, e consequentemente, a paralisia do aparelho do Estado, e com ela o
colapso das instituições sociais e económicas, o Partido da Renovação Social,
pede ao povo uma maior vigilância e serenidade, mas também determinação na sua
fé inabalável nas virtudes e bondade do regime democrático.
O PRS também pede ao senhor Presidente
da República e as instâncias judiciais que sufraguem, o mais rapidamente
possível, medidas conducentes à viabilização do normal e regular funcionamento
das instituições públicas guineenses, a fim de permitir que se comece a
vislumbrar o fim desta crise política, que há muito vem sufocando as débeis
estruturas da nossa vida social, e quiçá a própria coesão do tecido social
guineense.
Viva a Guiné-Bissau
Viva o PRS

Sem comentários :
Enviar um comentário
COMENTÁRIOS
Atenção: este é um espaço público e moderado. Não forneça os seus dados pessoais (como telefone ou morada) nem utilize linguagem imprópria.