quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Guerra em Moçambique : Base da RENAMO ocupada desde sábado pela força de FRELIMO

Operação teria feito vítimas fatais, mas a Polícia não confirma informação. Um comandante da RENAMO está detido por participar de acções armadas na região.

A Polícia passou a controlar desde o último sábado (10.09) o quartel-general da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) localizado na província de Zambézia, centro de Moçambique. A ocupação é resultado de uma operação das Forças de Intervenção Rápida do Governo, que busca reforçar ainda mais a segurança e prevenir eventuais ataques na região.

A operação aconteceu na madrugada do sábado, quando homens das Forças de Defesa e Segurança surpreenderam os homens da RENAMO em Morrumbala. No local, há relatos de muitas vítimas mortais durante a ofensiva, mas esta informação não foi confirmada pelo comando policial da Zambézia.

Segundo informação veiculada pela agência de notícias Lusa, além de vários mortos, a operação também teria culminado na detenção de um comandante da RENAMO, que alegadamente dirigia as acções armadas do maior partido de oposição na região.

O porta-voz do Comando da Polícia, Jacinto Felex, confirma a operação, porém diz que não houve mortos durante o confronto armado.

Ainda segundo Felex, a operação recuperou vários materiais que teriam sido roubados pela RENAMO nas várias incursões realizadas nos últimos tempos a instituições públicas como hospitais, esquadras da polícia e outras. Entre os materiais estão armas de fogo.

A DW na Zambézia tentou ouvir o delegado político da RENAMO, Abdala Ossifo, a propósito da invasão e controle do Quartel-General do seu partido. Mas Ossifo mostrou-se indisponível para prestar declarações à imprensa por enquanto.

Abdala Ossifo acrescentou que se pronunciará em breve, porque no momento se encontra a acompanhar a chefe da bancada parlamentar da RENAMO, Ivone Soares, em visita à Zambézia desde quinta-feira passada (08.09).

População vive amedrontada com os possíveis ataques armados. No início de Setembro, várias famílias do povoado de Nhampoca, na província de Nampula, deixaram suas casas após conflito que deixou dois mortosClima de tensão

Ainda de acordo com informação da Lusa, neste domingo (11.09) mais de trinta homens do partido de posição bloquearam a circulação no troço que liga Cuamba a Marrupa, na província de Niassa, no norte do país, e revistaram os carros que passavam pela estrada, alegadamente à procura de agentes das Forças de Defesa e Segurança.

A região centro de Moçambique tem sido a mais atingida por episódios de confrontos entre o braço armado da RENAMO e as Forças de Defesa e Segurança, existindo denúncias mútuas de raptos e assassínios de dirigentes políticos das duas partes.

Apesar da frequência de casos de violência política, as duas partes voltaram ao diálogo em Maputo, com a presença de mediadores internacionais, e, após quase duas semanas de suspensão, as conversações serão retomadas esta segunda-feira (12.09).


O maior partido de oposição em Moçambique não aceita os resultados das eleições de 2014, que deram vitória à Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO, partido no poder há mais de 40 anos) e exige governar as seis províncias onde reivindica vitória no escrutínio. Com o DW

1 comentário :

  1. As delegações do Governo moçambicano e da Renamo voltaram a divergir sobre um acordo de cessar-fogo e a deslocação dos mediadores de paz à Gorongosa para falar com o líder do principal partido de oposição, Afonso Dhlakama.

    Segundo um comunicado lido esta quarta-feira à noite em Maputo por Mario Raffaelli, coordenador da equipa de mediação internacional, após mais uma sessão das negociações de paz em Maputo, a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) continua a condicionar uma trégua temporária ao afastamento das Forças de Defesa e Segurança da serra da Gorongosa, no centro do país, onde presumivelmente se encontra o presidente do seu partido.

    Por seu turno, segundo o mesmo documento, a delegação do Governo moçambicano sugeriu a avaliação de outras propostas para a criação de segurança para a deslocação dos mediadores à Gorongosa, mas discorda da exigência do principal partido de oposição, reiterando que "as Forças de Defesa e Segurança cumprem em todo território uma missão de Estado constitucionalmente consagrada".

    Os dois principais partidos moçambicanos continuam sem se entender e o país tem vivido em clima de grande instabilidade.

    ResponderEliminar


COMENTÁRIOS
Atenção: este é um espaço público e moderado. Não forneça os seus dados pessoais (como telefone ou morada) nem utilize linguagem imprópria.