quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Guiné-Bissau, da crise política à crise social

Por, Fernando Casimiro (Didinho)
Não é admissível que se mantenha uma legislatura passando por cima das normas constitucionais e da legalidade democrática.

Quando o Parlamento de um País fica bloqueado, está-se perante uma grave crise política e institucional e nessa lógica, importa ao Presidente da República assumir as suas responsabilidades, com base nas suas competências e nos seus poderes constitucionais, enquanto Chefe do Estado e garante da Constituição da República, dissolvendo o Parlamento e convocando eleições legislativas antecipadas.

Quando um Parlamento fica bloqueado, como acontece na Guiné-Bissau há mais de 2 anos, o Governo entra em ilegalidade por não ter como legitimar quer o seu Programa, quer o Orçamento Geral do Estado;

Deixa de haver fiscalização dos Deputados ao Governo, cuja confiança política depende do Parlamento;

Deixa de haver debates, discussões e aprovações de novas leis da República;

Deixa de haver debates sobre a Fiscalização e a Transparência do Estado na generalidade.

Como é possível que o Presidente da República continue a permitir isto, sendo ele o garante da Constituição da República? - Fernando Casimiro

Da crise política à crise social, numa aposta antipatriótica, gananciosa, egoísta e, consequentemente, divisionista, desagregadora do tecido identitário e cultural do Povo Guineense, importa tirar ilações sobre as diversas estratégias manipuladoras e demagogas dos políticos e dos governantes que fizeram a Guiné-Bissau chegar a este ponto de ruptura, nas pós-eleições legislativas e presidenciais de 2014.

Tenho chamado atenção sobretudo para a manipulação/instrumentalização dos nossos Jovens, com todo o respeito pelos seus direitos e pelas suas sensibilidades, mesmo quando se insurgem contra as minhas análises e, ou, aconselhamentos.

Nos dias que correm, o foco de maior divisão na sociedade guineense ou nas comunidades guineenses na Diáspora, são os Jovens.

São Jovens com níveis consideráveis de instrução, de conhecimento, mas carentes de humildade. Ignoram que o conhecimento teórico sem vivências de aprendizagens práticas promotoras da experiência perde-se no tempo, com o tempo, o que faz com que nunca cheguem ao patamar maior dos experimentados da Vida, em toda a sua abrangência, e que para mim é a Sabedoria.

São Jovens que justificam suas acções, sem declararem os seus Compromissos para com o País. Sim, defendem os seus pontos de vista que facilmente esbarram em contradições, porquanto também, facilmente se vislumbra a parcialidade, a incoerência, mas sobretudo, de que lados das “forças” promotoras da crise assentam os seus compromissos.

São Jovens que em nome dos seus compromissos com as "forças" promotoras da crise se confrontam como se fossem inimigos num combate de vida ou de morte.

São Jovens que em nome dos seus compromissos com as "forças" promotoras da crise confrontam de forma intolerante, desonesta e destrutiva todos quantos não alinhando nos seus compromissos, pensam diferente e estão Comprometidos com o Interesse Nacional, quiçá, com a Guiné-Bissau e com o seu Povo.

São Jovens, sim, que precisam vivenciar a aprendizagem prática, experimental, do conhecimento teórico, através de realidades conjunturais e estruturais concretas da Guiné-Bissau, a fim de amadurecerem, de assimilarem a perspectiva Cidadã na relação entre a Consciência Nacional e o Compromisso Nacional.

São Jovens que a Guiné-Bissau precisa, tendo que prepará-los, (re)educá-los, motivá-los, encorajá-los, para todos os desafios visando a Paz, a Estabilidade e o Desenvolvimento, mas, acima de tudo, para a preservação da Unidade Nacional, quiçá, da Identidade Nacional.

Gostaria de ver realizada na Guiné-Bissau, tão cedo seja possível, uma Conferência Nacional dos Jovens Guineenses com o patrocínio da UNIOGBIS, das representações da União Africana, da CEDEAO, da CPLP e também da União Europeia, na Guiné-Bissau, mas também de representações diplomáticas de países que têm ajudado a formar muitos dos nossos Jovens, entre os quais, Estados Unidos, Portugal, Rússia, China, Cuba, França, Brasil e Senegal.

É preciso debater urgentemente o presente e o futuro da Guiné-Bissau, que são os nossos Jovens, sob pena de continuarmos a assistir à desvalorização de princípios e valores humanos, sociais e culturais que alicerçam a Estrutura Identitária do nosso País e, que põem em causa a viabilidade do nosso Estado.

Nota: Os artigos assinados por amigos, colaboradores ou outros não vinculam a IBD, necessariamente, às opiniões neles expressas.

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