O ministro da Educação do governo de transição da
Guiné-Bissau, Alfredo Gomes, explicou hoje à Lusa que o ano lectivo pode vir a
ser anulado nas escolas que tiveram "pouco aproveitamento".
Devido às recorrentes greve de professores (que
reclamam o pagamento de salários), várias escolas públicas têm estado
paralisadas, sendo que algumas não deram nem metade da matéria programada.
Alfredo Gomes reconheceu a situação, mas esclareceu
que não se pode colocar todo sistema do ensino do país em causa porque houve
escolas que tiveram aproveitamento.
"Falar na nulidade do ano lectivo significaria
que estamos a questionar o trabalho de todas as escolas. Ora temos escolas
privadas, escolas comunitárias, escolas de autogestão e até escolas públicas
que ainda deram muita matéria", indicou o ministro.
Alfredo Gomes notou que se o ano lectivo fosse
anulado na Guiné-Bissau, nenhuma escola poderia emitir qualquer certificado de
frequência aos alunos.
Laureano Pereira, presidente do sindicato
democrático dos professores (Sindeprof), entende a posição do ministro da
Educação mas adverte para a iminência de uma nova greve dos professores, desta
feita de 33 dias úteis a iniciar na segunda-feira o que, disse, poderia
comprometer ainda mais o ano lectivo.
"Se o Governo não agir a tempo e horas, as
greves poderão comprometer o ano lectivo. Isso seria da inteira
responsabilidade do Governo", defendeu Pereira, acusando o executivo de
"insensibilidade para com os problemas dos professores".
Segundo o sindicalista, dos 8.135 professores com
salários em atraso (alguns há mais de quatro meses) apenas 3.080 já receberam.
O ministro da Educação reconheceu a existência de
"alguma morosidade" no processo do pagamento através de fundos
disponibilizados pelo Banco Mundial, mas pediu paciência aos professores como
forma de "salvar o ano lectivo".
Ao longo desta semana os alunos têm realizado
manifestações para exigir o regresso às aulas, mostrando receio face à
possibilidade de o ano lectivo vir a ser anulado.
Para esclarecer toda a temática ligada às greves nas
escolas públicas da Guiné-Bissau, a Federação das Associações Estudantis da
Escola Superior de Educação (Faeese) vai organizar um debate com o ministro da
Educação na presença de elementos do gabinete do presidente guineense de transição.
"Queremos perceber o que se passa com o nosso
sistema de ensino público", observou Ivanir Nunes Ocaia, presidente da
Faeese.
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