O
investigador português Feliciano Barreiras Duarte defende que a Comunidade dos
Países de Língua Portuguesa (CPLP) “tem condições para ganhar outra voz à
escala mundial” e avisa que é preciso abandonar “o complexo de querer
‘portugalizar’” a organização internacional.
A
CPLP “ainda é um diamante por polir”, disse o docente universitário e deputado
do PSD (Partido Social Democrata) à Lusa, a propósito do lançamento, em Lisboa,
hoje, de quatro livros: “As Constituições Jurídico-Políticas dos
Estados-membros da CPLP”, “As Leis da Imigração dos Estados-membros da CPLP”,
“As Leis da Nacionalidade dos Estados-membros da CPLP” e “Os Acordos
Internacionais e Internos da CPLP”, editados pela Âncora Editora, com o apoio
da CPLP.
O
bloco lusófono, que celebra 18 anos, “tem de olhar para a realidade
internacional e perceber que tem de aprofundar o lado político e linguístico,
mas, acima de tudo, em simultâneo e com muita pressa, também o lado económico e
cultural”.
Barreiras
Duarte, acredita que a organização, que reúne oito países – Moçambique, Angola,
São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau, Cabo Verde, Timor Leste, Portugal e Brasil
–, “tem condições para, no curto-médio prazo, ganhar outra voz, um outro peso,
não só político e jurídico, mas, acima de tudo, económico e social à escala
mundial”.
“A
CPLP tem de se preparar para se assumir cada vez mais à escala global como uma
organização internacional que tem todas as condições para promover um melhor
desenvolvimento económico e social para os seus povos”, sublinhou, citado pela
agência Lusa.
Para
tal, continuou, a comunidade deve dotar-se de instrumentos jurídicos como o
estatuto do cidadão lusófono, permitindo uma maior agilidade e concertação no
que diz respeito à sua presença à escala mundial na rede consular e diplomática
e apoiando as empresas de todos os países do espaço da CPLP, através da
mobilidade e do investimento interno ou externo, para aumentar o comércio
interno no espaço lusófono.
No
entanto, advertiu, há que “abandonar uma visão passadista de querer
‘portugalizar a CPLP’”.
“Tenho
visto pessoas em Portugal, por exemplo a propósito da adesão da Guiné
Equatorial, que se têm pronunciado de uma forma muito errada no que diz
respeito à apropriação de Portugal de tudo o que significa o projecto inerente
à CPLP. É bom que acabemos com o complexo de superioridade de que a CPLP deve
ser ‘portugalizada’. Não faz sentido”, criticou.
Em
Portugal, país que acolhe a sede da organização, é preciso “compreender isso” e
“só assim a CPLP poderá contribuir para o desenvolvimento dos seus povos, do
ponto vista económico, social e cultural”.
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