sexta-feira, 20 de junho de 2014

CPLP pode “ganhar outra voz à escala mundial”



O investigador português Feliciano Barreiras Duarte defende que a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) “tem condições para ganhar outra voz à escala mundial” e avisa que é preciso abandonar “o complexo de querer ‘portugalizar’” a organização internacional.

A CPLP “ainda é um diamante por polir”, disse o docente universitário e deputado do PSD (Partido Social Democrata) à Lusa, a propósito do lançamento, em Lisboa, hoje, de quatro livros: “As Constituições Jurídico-Políticas dos Estados-membros da CPLP”, “As Leis da Imigração dos Estados-membros da CPLP”, “As Leis da Nacionalidade dos Estados-membros da CPLP” e “Os Acordos Internacionais e Internos da CPLP”, editados pela Âncora Editora, com o apoio da CPLP.

O bloco lusófono, que celebra 18 anos, “tem de olhar para a realidade internacional e perceber que tem de aprofundar o lado político e linguístico, mas, acima de tudo, em simultâneo e com muita pressa, também o lado económico e cultural”.

Barreiras Duarte, acredita que a organização, que reúne oito países – Moçambique, Angola, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau, Cabo Verde, Timor Leste, Portugal e Brasil –, “tem condições para, no curto-médio prazo, ganhar outra voz, um outro peso, não só político e jurídico, mas, acima de tudo, económico e social à escala mundial”.

“A CPLP tem de se preparar para se assumir cada vez mais à escala global como uma organização internacional que tem todas as condições para promover um melhor desenvolvimento económico e social para os seus povos”, sublinhou, citado pela agência Lusa.

“PORTUGALIZAÇÃO”

Para tal, continuou, a comunidade deve dotar-se de instrumentos jurídicos como o estatuto do cidadão lusófono, permitindo uma maior agilidade e concertação no que diz respeito à sua presença à escala mundial na rede consular e diplomática e apoiando as empresas de todos os países do espaço da CPLP, através da mobilidade e do investimento interno ou externo, para aumentar o comércio interno no espaço lusófono.

No entanto, advertiu, há que “abandonar uma visão passadista de querer ‘portugalizar a CPLP’”.

“Tenho visto pessoas em Portugal, por exemplo a propósito da adesão da Guiné Equatorial, que se têm pronunciado de uma forma muito errada no que diz respeito à apropriação de Portugal de tudo o que significa o projecto inerente à CPLP. É bom que acabemos com o complexo de superioridade de que a CPLP deve ser ‘portugalizada’. Não faz sentido”, criticou.

Em Portugal, país que acolhe a sede da organização, é preciso “compreender isso” e “só assim a CPLP poderá contribuir para o desenvolvimento dos seus povos, do ponto vista económico, social e cultural”.

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