
Só ao fim de 12 horas é que os deputados conseguiram
perceber a complexa estratégia do Banco de Portugal para afastar a família
Espírito Santo do controlo do BES. Pedro Duarte Neves, vice-governador que
detinha o pelouro da supervisão, explicou aos deputados que essa estratégia
passava por uma “persuasão moral”, ou seja, uma tentativa de afastar Salgado e
os restantes administradores sem recorrer à figura do processo relativo à
“idoneidade”.
Por isso, revelou Duarte Neves, o Banco de Portugal
recusou renovar o registo de actividade a Ricardo Salgado num conjunto de
empresas do grupo cuja revalidação era necessária: BESI, BEST, ESAF e Espírito
Santo Tech Ventures. “O registo não foi concedido, foi sendo sucessivamente
adiado”, revelou o vice-governador.
E isso acabou com uma carta, de Salgado, com data de
16 de Abril último, anunciando que “renunciava aos pedidos de registo”. Ou
seja, que se afastava.
Os deputados nem queriam acreditar no que estavam a
ouvir. No início, ninguém percebeu sequer a que se refira os “registos” que
Duarte Neves mencionava. Pela insistência da deputada que o questionava,
Mariana Mortágua do Bloco de Esquerda, o assunto foi sendo aprofundado.
No final, até o presidente da comissão teve de
intervir, pedindo ao vice-governador um “esforço” para ser claro na sua
explicação, uma vez que ia recebendo mensagens de pessoas que viam a audição
pela AR TV e nada estavam a entender.
Sem comentários :
Enviar um comentário
COMENTÁRIOS
Atenção: este é um espaço público e moderado. Não forneça os seus dados pessoais (como telefone ou morada) nem utilize linguagem imprópria.