Estava-se em pleno século xv, quando uma comunidade
do interior do continente africano, tão abastada que era, decidiu proclamar ter
atingido a mítica meta de pelo emprego. Era de facto rica e quase todo o mundo
tinha emprego. O artesanato empregava uma fatia da população, fora os
agricultores que ganhavam muito como o seu trabalho.
Mas apesar de tudo, esta comunidade debatia-se um
problema gravíssimo qual seja: furto e assalto a mão armada dos gatunos que,
vindo da comunidade vizinha, não sabiam fazer outra coisa senão roubar, furtar
ou matar, se possível. Para fazer face à situação ergueram-se empresas de
segurança, a par da polícias da ordem pública e judiciária que viram aumentar
as suas responsabilidades na prevenção e combate à criminalidade deste género.
A procissão vai ainda no adro, os tribunais se especializaram em matéria da
criminalidade contra o património. Mas todas as medidas até aqui adoptadas eram
insuficientes. Era preciso algo mais forte que dissuadisse os gatunos a se
abster da má prática que vinham levando a cabo.
Foi então que se decidiu adoptar uma medida
legislativa mais dura que consistia na punição do furto, roubo e homicídio com
a pena capital (morte), Mais do que isso, os meros actos preparatórios seriam
punidos com a mesma pena e por fim, estipulou-se, nessa mesma lei, que a
deficiente formação da personalidade, ou melhor, quem tivesse a natural
inclinação para o furto, roubo ou homicídio devia ser objecto de uma medida de
segurança, que se traduz na detenção preventiva da pessoa, enquanto perdurar
tal estado, independentemente de ter praticado crime ou não.
Com esta último pacote de medidas medidas
conseguiu-se de facto debelar a criminalidade em causa e a sociedade respirou
de alívio, finalmente.
Poucos meses depois, começaram a surgir problemas de
outra natureza mas, igualmente, inquietantes. É que com o fim de furto, roubo e
homicídio, como consequências das medidas adoptadas contra o crime, cedo se
notou que já não eram precisos guardas-nocturnos, o que levou à falência as
empresas desta área, lançando para o desemprego milhares de pessoas; Falava-se
na necessidade de redimensionar o número dos efectivos da POP e da PJ, que
meses depois lançaria outros milhares para o desemprego, sem contar com
inúmeras fábricas de fechadura e de grades de vedação que já se começaram a
falir, provocando despedimentos, com justa causa, em massa.
Por fim, tristemente, se chegou a conclusão de que o
ladrão também produz emprego e o furto era saudável à sociedade.
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