quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Nós, guineenses não temos que ser avaliados por nenhum Governo


Por, Fernando Casimiro

Nós não temos que ser avaliados por nenhum Governo, para que, o nosso TRABALHO em prol da Guiné-Bissau seja reconhecido em função dessa alegada avaliação. O Governo, ou seja, quem governa, esse sim, deve ser avaliado por todos os cidadãos, porquanto, o desempenho de uma Governação ao serviço do povo e das populações, ser merecedor de contrapartidas financeiras e privilégios que são custeados pelo Estado, ainda que, o Estado da Guiné-Bissau seja "financiado" pela Comunidade Internacional e Parceiros de Desenvolvimento.

Quando os Governos homenageiam por razões estratégicas, sobretudo, políticas, sem um planeamento prévio, sem uma organização estruturada, capaz de traçar e definir critérios para Homenagens de âmbito Nacional, com alcance às Comunidades da nossa Diáspora, obviamente que, por mais que se queira reconhecer o mérito dessas iniciativas, a ausência de informação/esclarecimento, antecipado, sobre os critérios e os requisitos neles presentes, deixa transparecer tudo menos reconhecimento, propriamente dito.

Homenagear em nome da Guinendadi; em nome da promoção da Guiné-Bissau pelo mundo fora; e resumir essa homenagem, maioritariamente a músicos, para mim, é sinónimo de agradecimento pelo apoio prestado desde sempre, nas campanhas eleitorais, por uma série de músicos, incluídos nesta homenagem recentemente realizada.

E os nossos Professores; os nossos Médicos e Enfermeiros;

As nossas "Bideiras"; os nossos Pescadores; Agricultores e Comerciantes;

É certo que não se pode distinguir e homenagear todos os cidadãos, mas a maioria do povo guineense não se dedica à música, como todos sabemos e foram dezenas de músicos homenageados...

E quando se homenageia os vivos, também deve haver espaço para homenagens póstumas e, alguns dos melhores filhos da nossa terra, que faleceram neste ano de 2014 deveriam ser homenageados postumamente.

O Primeiro-Ministro Domingos Simões Pereira fez questão de sustentar que, «este é o primeiro passo para a mudança em termos de valorização daqueles que se destacam na sociedade», servindo para mostrar ao mundo um outro lado da Guiné-Bissau, «que não é só de conflitos».


Se assim fosse, ou seja, valorizar aqueles que se destacam na sociedade, obviamente não seria o Governo a escolher/indicar as pessoas ou instituições merecedoras de reconhecimento/homenagem.

O Governo é suspeito nesta matéria. Deveriam ser Instituições Públicas, ainda que no exercício de actividades da Administração Pública tutelada pelo Governo, a organizar a iniciativa, por sectores de reconhecimento/homenagem pré-estabelecidos, tendo em conta o modelo organizacional com sustentação dos requisitos dos seleccionáveis/escolhidos e em função dos critérios estabelecidos.

É por estas e por outras que digo que, os críticos serão eternamente, inimigos, na óptica dos governantes...

Uma sociedade como a Guineense, que praticamente tem sido instruída, orientada e motivada no seu percurso de mudança e evolução, por acções de poucos, mas bons promotores de uma cultura cidadã recente, cujas abordagens têm ajudado a exercitar a mente das nossas populações/comunidades, não pode, ela mesma, ignorar, podendo comparar, princípios e valores, perante conjunturas nacionais, quer políticas, quer sociais, que hoje, são demonstrativas de um novo ideal, de uma nova forma de ser cidadão, que, obviamente, não é obra de nenhum acaso, mas fruto da dinâmica social de diversas acções sustentadas, de pessoas que de facto, se destacam, no pioneirismo de um processo estruturante de mudança social.

O Governo da Guiné-Bissau deve evitar a tentação de subestimar, ou humilhar os guineenses que pensam diferente (em jeito de revanchismo) quando têm que pensar diferente!

O Governo da Guiné-Bissau deve evitar ter dois pesos e duas medidas quando fala de inclusão.

O Governo da Guiné-Bissau deve respeitar a "classe" intelectual guineense, e não apenas, os amigos da sustentação de uma postura conivente, de cumplicidade, nas boas ou nas más práticas de uma Governação, que se deseja e se recomenda, ao serviço das populações.

Que fique claro que, criticar ou elogiar assuntos de Interesse Nacional não é ser, nem estar contra ou a favor de quem quer que seja. É apenas querer ser participativo na busca de respostas/soluções, para o país e para todos os guineenses em geral.

Um Bom ano de 2015 para todos!


Nota: Os artigos assinados por amigos, colaboradores ou outros não vinculam a IBD, necessariamente, às opiniões neles expressas.

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