terça-feira, 15 de abril de 2014

África tem um problema de marketing e imagem por resolver


Secretário executivo da Comissão Económica para África, Carlos Lopes, defende que perceção seria diferente com maior conhecimento do que se passa em outras regiões do globo.

O secretário executivo da Comissão Económica para África, ECA, disse que a imagem do continente é afetada pelo facto de os seus conflitos não serem geridos completamente pela região.

Em entrevista exclusiva à Rádio ONU, Carlos Lopes mencionou situações que, segundo ele, ilustram o que chamou preço alto pago pelo continente por algumas das suas dificuldades.

Possibilidades
Lopes traçou um paralelo entre vários conflitos no continente africano e questões asiáticas, as quais afirmou não afetam a perceção das possibilidades dessas áreas.

"O que se passa atualmente na República Centro-Africana não é muito diferente do que se passa em Mianmar com a minoria Rohingya. O que se passa em conflitos de baixa intensidade, mas de longa duração como na Guiné-Bissau ou no Mali, não é muito diferente do que se passa na província de Shaba na Malásia, Iranjaya na Indonésia ou Mindanao nas Filipinas. O número de mortos nesses conflitos é maior do que na África."

Intensidade
Para ele, a perceção seria diferente caso houvesse melhor conhecimento do que se passa em outras regiões do mundo "ou pelo menos se as análises fossem do mesmo tipo."

"Para cada um dos exemplos africanos há um equivalente asiático pior. Há 100 milhões de africanos afetados por áreas de conflito. Só na Índia, por causa dos conflitos dos naxalites e de Caxemira, há 200 milhões, mas ninguém diz que a índia não é uma potência emergente. O número de pessoas mortas em todos os conflitos do Sudão é menos do que o número de homicídios no estado do Rio de Janeiro. Nós temos que ver as coisas numa certa perspetiva e os africanos têm um problema de imagem, de branding que têm a ver com o facto de os seus conflitos não serem completamente geridos por africanos e terem muita intervenção internacional.”

O também subsecretário-geral das Nações Unidas falou à margem do lançamento de um informe que define a industrialização como pré-condição para um crescimento inclusivo e económico sustentado.

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