sábado, 25 de outubro de 2014

"Arriscamos ter a democracia ao serviço do capitalismo"



O autor do livro de economia do momento, ‘O Capital no Século XXI’, Thomas Piketty, alerta para a falta de regulação no sistema financeira mundial. Em entrevista ao Diário de Notícias, falou sobre os problemas que a situação pode trazer às gerações futuras.

Thomas Piketty é um economista francês, autor de ‘O Capital no Século XXI’, o livro da década para o nobelizado Paul Krguman. Em entrevista ao Diário de Notícias, falou sobre o momento atual da economia mundial. “Vamos numa direção de mais desigualdades, mas até onde não sei porque isso depende de tomarmos medidas”, alerta.

Para Piketty, a sociedade “deve ter por base o mérito de cada um e a igualdade de oportunidades”. Mas a falta de regulação no capitalismo está a levar-nos no caminho contrário. “Há que regular a riqueza e a sua redistribuição”, diz, alertando para o facto de hoje em dia o “crescimento de 4% ou 5% acabou”. E isto não é necessariamente uma coisa má. Mais importante é não haver diferenças de juros tão altas no seio da moeda única.

Sobre o Euro, o economista francês, que faz questão de dizer que “não é marxista”, é, isso sim, “pela propriedade privada”, diz que houve “egoísmo em relação aos países do Sul simplesmente porque a Alemanha e a França disseram que nunca iriam partilhar as taxas de juro”. Ao Diário de Notícias, diz que o resultado desta opção foi “mais crise”.

Como mudar o paradigma? Para Piketty, “a guerra não é uma fatalidade”. O importante mesmo é que as sociedades democráticas saibam regular-se e encontrar os caminhos para resolver os problemas. Caso contrário, “arriscamos que seja a democracia ao serviço do capitalismo”, alerta.

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