no Odemocrata hoje
Se há história mal contada esta é uma
delas. Qualquer estudioso das Ciências de Comunicação não compreenderá, com
certeza, a história agora do Governo de Domingos Simões Pereira em pretender
harmonizar a Comunicação na Administração Pública tendo como polo central da
sua gestão a Primatura. O que a priori espelha o essencial da sua visão
estratégica de autocensura das sociedades democráticas da mediação simbólica
personalizada nos Ministros do Governo de Domingos Simões Pereira.
Na gestão das políticas públicas há a
comunicação interna e a externa nas instituições que administram as políticas
sociais de um Estado democrático. E os componentes, por exemplo, das políticas
sociais da saúde são distintos dos da educação assim como os da pesca serão,
com certeza, distintos dos da energia. E cada uma destas políticas sociais
requerer uma forma de comunicação específica para alcançar os seus objectivos
no espaço público para poder actualizar a sociedade guineense. Este Governo
parece estar muito preocupado com a instauração do conformismo na comunicação
social sem uma visão estratégica da gestão da Comunicação para as políticas
públicas na Administração Pública nacional. Mas, no actual contexto
comunicacional nacional, harmonizar a comunicação interna das políticas
públicas distintas é como casar gasolina com fogo.
Esta ideia de harmonização da
Comunicação na Administração Pública, para além de cheirar na sua essência, a
estratégia de autocensura dos Estados democráticos da mediação simbólica,
fica-se com a visão que o Governo de Domingos Simões Pereira quer reduzir a
Comunicação na Administração Pública aos interesses dos políticos e dos
tecnocratas que administram os bens do Estado nos Ministérios e nos
Departamentos públicos. Ao reduzir a Comunicação pública aos interesses dos
Ministros, o Governo perderá uma grande oportunidade de promover um debate
público que permitiria catapultar cidadãos nacionais que apoiariam o seu
Governo e o Estado na gestão da Rés-pública.
Com a harmonização da Comunicação
Interna de vários sectores da Administração Pública de raízes distintas, o
Governo de Domingos Simões Pereira está a confundir os interesses dos seus
Ministros com as políticas públicas que o Estado deve comunicar publicamente
aos seus cidadãos. Ao anexar políticas públicas aos interesses dos seus
Ministros, o Governo enfraquecerá, sem dúvida, a Comunicação na Administração
Pública que ficará sem forças para romper com o valor da obediência dos
Ministros e torna-se um desserviço a sociedade.
Na verdade a Comunicação na
Administração é um dos guardiões e construtores da democracia na Guiné-Bissau e
no mundo. Aliás, ela é tão importante para a nossa democracia como foi a opção
do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) pela via
armada para libertar a Guiné-Bissau. Mas, infelizmente, a Comunicação na
Administração Pública ainda se apresenta, no nosso país, como uma instância ao
serviço dos governantes e não das políticas públicas de Estado. A pretensão do
Governo de Domingos Simões Pereira em instaurar o conformismo nos Media
nacionais com a harmonização de assessoria de comunicação na Administração
Pública, pode ter o efeito da estratégia de autocensura democrática da medição
simbólica desejada pelos seus autores.
Esta pretensão de harmonização de
estratégias díspares de comunicação revela mais uma vez que a doença das
sociedades dos Media Socais é a irresponsabilidade que advém de “Copy Colé” da
visão estratégica da Comunicação na Administração pública nacional que não
deixa o país actualizar-se em termos da visão comunicacional. Estamos, assim,
longe das conquistas que poderiam fazer os cidadãos construírem, a nível da
Comunicação na Administração Pública, uma moral afinada com os valores
construídos coletivamente em torno de uma Nação guineense forte e não de
valores impostos por um grupinho de Ministros que nos comunicam apenas os seus
interesses em detrimentos dos interesses nacionais.
Olhando para o mapa rodoviário da
Comunicação na Administração Pública nacional, se constata que ainda nos falta
um longo trecho de caminho a percorrer para sairmos do nível pré-convencional
para atingirmos, pelo menos, o nível de estágio convencional de assessoria de
Comunicação das políticas públicas.
Na prática, a maneira como funciona hoje
a Comunicação na Administração Pública nacional se pode traduzir numa relação
de clientelismo entre os assessores de comunicação pública e os jornalistas. A
comunicação das políticas públicas converte-se, assim, numa moeda de troca da
promoção dos interesses dos Ministros do Governo. O desafio para superar esta
prática compete ao próprio Executivo. Caberá ao Governo organizar formações em
assessoria de Imprensa a nível empresarial, a nível sindical, a nível político,
a nível cultural e a nível do terceiro sector. Os conteúdos desta formação
deverão, no mínimo, passar, invariavelmente, pelas técnicas da redacção em
assessoria da imprensa, tratamento de informação, principais convenções de textos
em assessoria de imprensa, redacção de relise de convocação, conhecer elementos
de um Press Kit e produção de House Organs.
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