sábado, 17 de janeiro de 2015

Brasil pede ajuda ao Papa contra condenação à morte de brasileiro

Marco Archer foi condenado em 2004 por tráfico de cocaína na Indonésia. Assessor de Dilma, porém, acredita que mudança de decisão é 'improvável'.

O assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, informou nesta sexta-feria (16) que o governo brasileiro pediu ajuda ao Papa Francisco contra a condenação à morte do brasileiro Marco Archer, preso na Indonésia em 2004 por tráfico de drogas. Garcia afirmou que ele será fuzilado à meia-noite de domingo (18) – 15h de sábado (17) no horário de Brasília.

“Fiz chegar à representação da Santa Sé no Brasil um pequeno dossiê sobre o caso e me foi assegurado que isso seria enviado à Secretaria de Estado do Vaticano para que sua Santidade pudesse interceder em favor de uma atitude de clemência do governo indonésio”, disse Marco Aurélio Garcia.

As jornalistas, o assessor disse, porém, considerar “absolutamente improvável” que o Papa possa vir a mudar a decisão do governo do país asiático. O G1 procurou a assessoria da Nunciatura Apostólica, representante do Estado do Vaticano no Brasil, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.

Na Indonésia, os presos são executados por um pelotão de fuzilamento, e podem escolher se querem ficar de pé, sentados ou deitados. Eles são vendados para a execução. O atual presidente do país, Joko Widodo, assumiu o cargo em 2014 e adotou espécie de “mão pesada” na luta contra as drogas e afirmou, no mês passado, que iria rejeitar os pedidos de clemência das 64 pessoas no corredor da morte por crimes relacionados a drogas.

Ao término da entrevista no Palácio do Planalto, Marco Aurélio Garcia disse acreditar que “somente um milagre” fará com que Marco Archer não seja executado neste fim-de-semana.

Segundo negociadores do Ministério das Relações Exteriores, procurar autoridades internacionais, como o Papa e líderes internacionais, é “natural”, em razão de outros países estarem na mesma situação que o Brasil.

“Tentar a articulação com outras autoridades, como o Papa, é algo que está na nossa perspectiva porque nós também temos feito articulação com outros países que estão com problema semelhante”, disse um diplomata sob a condição de anonimato.

Histórico

Marco Archer é instrutor de voo livre e foi preso ao tentar entrar na Indonésia, em 2004, com 13 quilos de cocaína escondidos nos tubos de uma asa delta. A droga foi descoberta pelo raio-x, no Aeroporto Internacional de Jacarta. O brasileiro conseguiu fugir do aeroporto, mas foi preso duas semanas depois. A Indonésia pune com pena de morte o tráfico de drogas.

As leis da Indonésia contra crimes relacionados a drogas estão entre as mais rígidas do mundo, e contam com o apoio da população. "Com isso (as execuções), mandamos uma mensagem clara para os membros dos cartéis do narcotráfico. Não há clemência para os traficantes", relatou à imprensa local Muhammad Prasetyo, procurador-geral da Indonésia.

Além do brasileiro, há entre os condenados um indonésio, um holandês, dois nigerianos e um vietnamita. Apesar de a Indonésia não ter realizado nenhuma execução durante o ano de 2014, está previsto para este ano o fuzilamento de 20 prisioneiros.

De acordo com jornais locais, as autoridades do país afirmam que já foram preparados “o esquadrão de tiro, um clérigo e médicos”. As execuções ocorrerão simultaneamente. A procuradoria explicou ainda que os condenados são avisados da execução com três dias de antecedência para que possam se preparar mentalmente e para que façam seus últimos pedidos.


Rodrigo Gularte também foi preso em 2004, mas a data da execução da pena ainda não foi definida. Conforme o Itamaraty, atualmente há 3.209 brasileiros presos no mundo. A maior parte (1.108, 34%), está detida em países da Europa. Desses 3,2 mil, 2,4 mil são homens; 963 estão detidos por tráfico ou porte de drogas; 1,4 mil estão em prisão preventiva ou aguardando julgamento; e 1,4 mil já cumprem pena no exterior. Com globo.com

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