terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Domingos Simões Pereira, garante que não há mal-estar com chefe de Estado

O primeiro-ministro guineense garantiu hoje, na Cidade da Praia, a inexistência de qualquer mal-estar com o presidente da Guiné-Bissau, considerando que existe "falta de alguma concertação" num país que está a sair de uma situação "terrivelmente difícil".

Domingos Simões Pereira, que iniciou hoje uma visita oficial de três dias a Cabo Verde, falava aos jornalistas após um encontro com o presidente da câmara da Cidade da Praia, Ulisses Correia e Silva, e salientou tratar-se de um período que não é fácil, nem para si, nem para José Mário Vaz.

"É preciso compreender que a Guiné-Bissau está a sair de uma situação terrivelmente difícil, há muitos interesses em presença, os partidos políticos estão numa recomposição interna, o jogo político não está totalmente clarificado e compreendo que tudo isso não é muito fácil para o Presidente, nem para mim. Mas acredito que vamos conseguir um consenso que o povo guineense não só pede como exige", afirmou.

Domingos Simões Pereira ressalvou que a sua resposta não pode ser interpretada como o reconhecimento de que existe um mal-estar entre o primeiro-ministro e o Presidente.

"É na nossa agenda diária que precisamos de muito mais concertação do que aquilo que, noutras situações, seriam tidas como normais e que levam a pensar que existe um ambiente de crispação. Não. Estamos a aprender a consolidar o nosso processo democrático e isso tem de beneficiar da nossa disponibilidade, aprendizagem e desafios, mas também em encontrar soluções que permitam essa convivência", notou.

Para Simões Pereira, a situação da Guiné-Bissau é "especial" e a convivência é "algo que tem de ser aprendido", sendo precisamente esse o caminho que está a ser percorrido, podendo, em alguns momentos, parecer existir alguma falta de consenso sobre determinadas matérias.

"Quero acreditar que a democracia constrói-se pela capacidade de os atores reconhecerem os desafios e de produzirem os consensos suficientes para os ultrapassar. O interesse do povo guineense tem de ser colocado em primeiro plano e não tenho dúvidas nenhumas que o Presidente saberá fazê-lo", sustentou.

"A construção democrática é um processo. Estamos a fazer o nosso percurso, que tem de ser sempre monitorado pelos atores políticos nacionais que têm de cuidar disso, e criar condições para um diálogo heterogéneo inclusivo, mas tendo em atenção que há valores da Nação que valem a pena preservar", acrescentou.

Simões Pereira negou, por outro lado, qualquer intenção de remodelar o executivo, salientando que está "concentrado em governar", admitindo, porém, a morosidade na substituição do ministro da Administração Interna, nome que será conhecido, garantiu, assim que regressar a Bissau.

"Estamos concentrados em governar e não a atender a essas questões (remodelação ministerial). Os desafios que a Guiné-Bissau tem pela frente são tantos que precisamos que a comunidade internacional e os agentes da comunicação nos ajudem a atrair a atenção para aquilo que há de mais positivo", salientou.

Para o chefe do executivo guineense, o que há de mais positivo é o facto de existir um "consenso nacional" sobre o que é necessário para construir o país, consolidar a paz e a estabilidade e trazer ganhos que possam animar a população.

Sobre os militares, o chefe do executivo de Bissau destacou a construção de uma "relação de entendimento" com as Forças Armadas, sobretudo na intenção de fazer imperar da lógica de "subordinação" das Forças Armadas ao poder político.


Instado sobre o que espera da reunião com os doadores, prevista para Genebra em fevereiro ou março, Simões Pereira manifestou o desejo de que haja uma grande adesão, bem como "sinais concretos" de que a comunidade internacional está com o país e materialize financeiramente os vários programas de desenvolvimento em curso. com a Lusa

1 comentário :

  1. Bissau (RDN, 27 de Janeiro de 2015) – O ministro dos Recursos Naturais foi ouvido esta terça-feira pela Procuradoria-Geral da República sobre o caso da exploração das areias pesadas de Varela.

    Esta audição de Daniel Gomes acontece depois do ministro ter sido ouvido por uma comissão especializada da Assembleia Nacional Popular.

    Embora não se conheçam os detalhes do encontro entre o governante e a justiça guineense, o caso da exploração das areias pesadas de Varela tem criado um mal-estar institucional entre o Governo de Domingos Simões Pereira e o Presidente da República, José Mário Vaz.

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