A Igreja Católica celebra hoje o Dia Mundial do Doente, partindo
da mensagem do Papa que denuncia uma “grande mentira” que confunde o direito a
viver com a chamada ‘qualidade de vida’.
“Que grande mentira se esconde por trás
de certas expressões que insistem muito sobre a «qualidade da vida» para fazer
crer que as vidas gravemente afetadas pela doença não mereceriam ser vividas”,
escreve, no texto divulgado hoje no Vaticano.
O 23.º Dia Mundial do Doente tem como
tema «Sapientia cordis [sabedoria do coração]. “Eu era os olhos do cego e
servia de pés para o coxo” (Job 29, 15)»
Segundo o Papa, a experiência do
sofrimento pode tornar-se “lugar privilegiado da transmissão da graça e fonte
para adquirir e fortalecer a «sapientia cordis»”, mesmo quando a doença, a
solidão e a incapacidade “levam a melhor”.
“Sabedoria do coração é servir o irmão”
e “sair de si ao encontro do irmão”, sublinha Francisco, recordando os cristãos
que dão testemunho com “a sua vida radicada numa fé genuína” e as pessoas que
“permanecem junto dos doentes que precisam de assistência contínua, de ajuda
para se lavar, vestir e alimentar”.
“Sabedoria do coração é estar com o
irmão. O tempo gasto junto do doente é um tempo santo”, acrescenta.
A mensagem realça o valor do
acompanhamento, “muitas vezes silencioso”, que leva a dedicar tempo aos
doentes, os quais se sentem assim “mais amados e confortados”.
“Às vezes, o nosso mundo esquece o valor
especial que tem o tempo gasto à cabeceira do doente, porque, obcecados pela
rapidez, pelo frenesim do fazer e do produzir, se esquece da dimensão da
gratuidade, do prestar cuidados, do encarregar-se do outro”, lamenta o Papa.
O texto reafirma a “absoluta prioridade
da ‘saída de si próprio para o irmão’”, como um dos dois mandamentos principais
que “fundamentam toda a norma moral”.
Na sua reflexão sobre a ‘sabedoria do coração’,
Francisco defende a necessidade de “ser solidário com o irmão, sem o julgar” e
pede “tempo para cuidar dos doentes e tempo para os visitar”.
“A verdadeira caridade é partilha que
não julga, que não tem a pretensão de converter o outro”, prossegue.
O Papa observa que “também as pessoas
imersas no mistério do sofrimento e da dor” se podem tornar “testemunhas vivas
duma fé que permite abraçar o próprio sofrimento”.
A mensagem para o Dia Mundial do Doente
de 2015 conclui-se com uma oração de Francisco à Virgem Maria.
“Ó Maria, Sede da Sabedoria, intercedei
como nossa Mãe por todos os doentes e quantos cuidam deles. Fazei que possamos,
no serviço ao próximo sofredor e através da própria experiência do sofrimento,
acolher e fazer crescer em nós a verdadeira sabedoria do coração”, escreve o
Papa.
Segundo dados do Vaticano (Anuário
Estatístico), a Igreja Católica administra 115 352 instituições de saúde e
assistência em todo o mundo.
//Ecclesia
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