"Viver a alegria de Jesus é amar quem ele ama e cultivar os seus sentimentos. A comunidade dos amigos seguidores tem, aqui, a matriz da sua identidade. Fiel a esta matriz está chamada a ser testemunha do amor de Deus no mundo, sobretudo junto dos cansados da vida, dos torturados pelas incertezas, dos empobrecidos de bens indispensáveis, dos entristecidos e privados da esperança que rasga os limites do presente e dá sentido aos horizontes do futuro. A prova da fidelidade tem, sobretudo, este rosto de proximidade e de serviço, alegre e gratuito"- Georgino Rocha.
Em discurso directo, Jesus dá a conhecer
as relações que mantém com Deus Pai e as que pretende que os seus discípulos
cultivem e pratiquem. Jo 15, 9-17. Não recorre a metáforas nem a símbolos. Fala
em linguagem normal de realidades sublimes. E centra-as no amor em cadeia, que
tem a fonte no Pai, toma o rosto humano em si mesmo, estende-se a quem o segue
e ama como ele. Este é centro donde provém tudo quanto faz e diz. Este é o
centro para onde converge a missão que confia à comunidade dos amigos. Este é o
centro que gera a mais eloquente história de amor vivida de tantas maneiras, ao
longo dos tempos, por pessoas de todas as idades e categorias sociais.
Amar como ele é padrão e medida para o
agir humano. Embora limitados por sermos frágeis e finitos, temos, como dinamismo
constante, a fasquia que está posta, sobretudo no que diz respeito à
gratuidade, sem condições, à doação sem reservas, à alegria confiante, sem
hesitações. Cada passo dado é caminho feito que marca, por antecipação, a
porção da plenitude desejada. E a vida de Jesus Nazareno mostra bem como ele
ama, onde encontra forças, a quem dá preferência e os custos que paga. Deixa
claro qual é o projecto de salvação que Deus vai realizando por meio do
Espírito Santo e da cooperação de toda a humanidade, sobretudo da Igreja.
O amor fundado em Cristo faz das
diferenças, comunhão, e proximidade da distância; das rivalidades, concórdia, e
doação do egoísmo e da auto-estima; do momento fugaz, ponto de encontro, e da
tentação, oportunidade de superação; do esquecimento de si, memória viva e
fecunda, e da morte que desfaz a “nossa morada terrestre”, a porta aberta para
a vida plena de ressuscitados.
Esta qualidade de amor manifesta-se nos
frutos pascais que “compensam”, em muito, a “privação” de outros bens, fruto de
opções livres. Sirva de exemplo a lista que as aparições de Jesus ressuscitado
apresentam, ora em género de saudação inicial, ora de entrega confiante ao
longo da conversa com os discípulos: a paz, a reunião fraterna, o perdão
recíproco, a fé confiante, o anúncio do futuro prometido, o envio em missão
universal, a presença activa do Espírito encarregado de recordar todos os
ensinamentos e de guiar na busca da verdade, o voto/apelo a que a nossa alegria
completa.
Esta alegria provém das “coisas” que
Jesus diz aos seus amigos, da confidência dos segredos do Pai, do desejo de que
todos permaneçam no seu amor, do cumprimento fiel do seu mandamento. Os
discípulos são amigos e não servos, escolhidos e não recrutados, enviados como
mensageiros e não auto-complacentes retidos em grupos fechados.
Viver a alegria de Jesus é amar quem ele
ama e cultivar os seus sentimentos. A comunidade dos amigos seguidores tem,
aqui, a matriz da sua identidade. Fiel a esta matriz está chamada a ser
testemunha do amor de Deus no mundo, sobretudo junto dos cansados da vida, dos
torturados pelas incertezas, dos empobrecidos de bens indispensáveis, dos
entristecidos e privados da esperança que rasga os limites do presente e dá
sentido aos horizontes do futuro. A prova da fidelidade tem, sobretudo, este
rosto de proximidade e de serviço, alegre e gratuito.
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