Federica Mogherini prometeu mais
investimento, mas também avisou que não se podem perseguir objetivos políticos
através das armas. O Governo e a RENAMO devem dialogar, referiu a chefe da
diplomacia europeia.
A União Europeia (UE) está preocupada
com a onda de instabilidade política em Moçambique. De visita a Maputo, a chefe
da diplomacia europeia, Federica Mogherini, alertou para a necessidade de
"não se perseguirem objetivos políticos através da força das armas".
"É necessário reforçar a democracia
no país e é igualmente crucial que se crie um ambiente que permita resultados
substanciais e significativos no diálogo político", disse Mogherini, esta
quinta-feira (25.02), à saída de um encontro com o Presidente da República,
Filipe Nyusi, na capital moçambicana.
Moçambique vive uma crise política desde
as eleições gerais de outubro de 2014. O maior partido da oposição, a
Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), ameaça tomar o poder à força em seis
províncias onde reclama vitória eleitoral. Nyusi e o líder da RENAMO, Afonso
Dhlakama, encontraram-se no início de 2015, mas o impasse mantém-se. Nos
últimos meses, o Governo e o partido da oposição têm-se acusado mutuamente de ataques,
raptos e assassínios.
Apoio a Moçambique
Federica Mogherini reafirmou a
disponibilidade da União Europeia para trabalhar com Moçambique "como um
bom parceiro", descrevendo como "excelente" o atual nível de
cooperação.
"Informei o Presidente sobre o interesse
da União Europeia em manter e reforçar o investimento em Moçambique,
especialmente no desenvolvimento económico", afirmou Mogherini, que
prometeu ainda apoio europeu para fazer face às cheias e secas.
A cooperação entre Moçambique e a União
Europeia realiza-se através do Fundo Europeu de Desenvolvimento, que prevê um
apoio de 721 milhões de euros para o período 2014-2020. Segundo o Governo
moçambicano, o dinheiro destina-se, por exemplo, aos setores da agricultura e
energia e à construção de estradas.
Críticas da oposição
A diplomata da União Europeia
encontrou-se em separado com delegações dos dois partidos da oposição com
assento no Parlamento, a RENAMO e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM).
Durante o encontro, a RENAMO reiterou
que está disponível para manter um diálogo sério, informou a chefe da bancada
parlamentar do partido, Ivone Soares, em entrevista à DW África. A RENAMO
acusou ainda o Governo moçambicano de estar a investir na compra de material
bélico, algo que estaria a contribuir para um clima de suspeição.
Segundo Soares, atualmente, os níveis de
confiança são "baixíssimos" depois das forças especiais invadirem a
casa de Afonso Dhlakama, na Beira, e depois de desconhecidos balearem o
secretário-geral do partido, Manuel Bissopo.
Por seu turno, o porta-voz da bancada do
MDM, Fernando Bismarque, disse que, durante o encontro de Mogherini com o seu
partido, foi reafirmada a necessidade de se encontrar uma saída urgente para
pôr fim à atual tensão político-militar - uma saída que passaria pelo diálogo,
envolvendo os partidos políticos e outras forças vivas da sociedade.
O MDM defendeu a revisão da Constituição
da República, com vista à eleição dos governadores provinciais. Disse ainda ser
necessário reduzir os poderes do chefe de Estado e rever a política fiscal.
Entretanto, o Conselho Nacional de
Defesa e Segurança decidiu esta quarta-feira (25.02) que devem ser criadas
condições de segurança para permitir a realização de um novo encontro entre o
Presidente Filipe Nyusi e o líder da RENAMO, para pôr termo aos ataques no
país. Com o DW
Polícia diz que ataques da Renamo provocaram três mortos
ResponderEliminarMais um ataque foi registado na manhã de hoje no trajecto Muxúnguè-Save.
A Polícia moçambicana revelou nesta quinta-feira, 25, que duas pessoas morreram e oito foram feridas, das quais três em estado grave, em 19 ataques atribuídos à Renamo a viaturas civis nos dois troços da N1, desde a eclosão de nova vaga de violência militar em Muxúnguè e Maringue, província de Sofala, a 12 de Fevereiro.
Os dois mortos, um é um atacante que morreu durante os confrontos na Gorongosa e outro é um civil, que morreu carbonizado no interior de sua viatura após um ataque em Nhamapadza.
A Polícia não fala de uma terceira vitima, militar da guarda fronteira, morto em confrontos na Gorongosa, no mesmo dia em que foi abatido um atacante.
Durante as 19 investidas dos homens armados da Renamo, segundo ainda a Polícia, 15 viaturas civis sofreram danos ligeiros, a maioria com perfurações de balas nas partes laterais, e outras três ficaram totalmente destruídas, por fogo posto.
Sididi Paulo, porta-voz do comando da Policia de Sofala, disse que cinco destes ataques foram protagonizados nos últimos três dias durante as colunas de viaturas escoltadas pela polícia nos troços Save-Muxúnguè, no distrito de Chibabava, e Nhamapadza-Caia, no distrito de Maringue.
“Eles (homens armados da Renamo) atacam a distância, evitando fazer confrontos, visando também que as colunas prossigam”, declarou Paulo, que fez um apelo a população residente nos perímetros de segurança, onde foram activadas as escoltas policiais a denunciar os atacantes “visando os conduzir à barra do tribunal”.
Nesta quinta-feira, homens armados da Renamo atacaram de manhã a coluna que seguia o trajecto Muxúnguè-Save, ferindo a tiro um homem e danificando duas viaturas, uma das quais no computador de bordo, explicou a Policia.
Uma testemunha relatou à VOA que a primeira coluna, que seguia de Nhamapadza para Caia, foi igualmente metralhada por homens armados da Renamo, mas não houve registo de danos.
http://www.voaportugues.com/content/ataques-mortos-renamo-moambique/3207972.html
Embaixadores advertem que investimentos externos em Moçambique podem estar em risco
ResponderEliminarCorpo diplomático reúne-se com Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação.
A comunidade internacional diz estar a seguir com atenção e apreensão os desenvolvimentos políticos em Moçambique.
Esta preocupação foi manifestada pelo chefe adjunto da missão do Reino dos Países Baixos em Moçambique, Jan Huesken, em nome dos países representados no país
O diplomata frisou que os investidores com interesse no país são os que mais apreensão revelam e chamou a atenção para que o Gvoerno tenha em conta que este é um ano decisivo para os investimentos para a exploração do gás na bacia do Rovuma, onde a multinacional norte-americana, Anadarko, e a italiana ENI, projectam fazer o mais investimento da África Austral.
“A paz e a democracia são dois elementos importantes para efectivar o potencial económico e social do país. a segurança e a estabilidade política são condições primordiais para a vida de todo o cidadão moçambicano e desenvolvimento do país. Como atrair e manter investimentos numa situação de tensão?”, questionou o chefe adjunto da missão do reino dos países baixos em moçambique.
Nesta quinta-feira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação reuniu-se com o corpo diplomático acreditado no país à porta-fechada, onde se falou de tudo um pouco, mas desconhecem-se os detalhes.
No final, o porta-voz, do encontro disse que os parceiros internacionais ficaram satisfeitos com as soluções que o Governo deu, que apontam o diálogo como a saída para o actual clima de confrontação armada, actualmente circunscrita no centro do país.
http://www.voaportugues.com/content/embaixadores-mocambique-investimentos-externos/3207778.html