segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Quem foi Amílcar Lopes Cabral?

Amílcar Lopes Cabral (Bafatá, Guiné-Bissau, 12 de Setembro de 1924 — Conacri, 20 de Janeiro de 1973) foi um político, agrónomo e teórico marxista da Guiné-Bissau e de Cabo Verde.

Filho de Juvenal Lopes Cabral (cabo-verdiano) e de Iva Pinhel Évora (guineense de ascendência cabo-verdiana), aos oito anos de idade, sua família mudou-se para Cabo Verde, estabelecendo-se em Santa Catarina (ilha de Santiago), que passou a ser a cidade de sua infância, onde completou o ensino primário. De seguida mudou com a mãe os irmãos para Mindelo, São Vicente, onde veio a terminar o curso liceal em 1943. Como apontado por Patrícia Villen, sua adolescência remete a um período de intensa seca e fome na ilha, no ano 40, por exemplo, essa crise provocou a morte de 50 mil pessoas, além da imigração em massa de cabo-verdianos. No ano seguinte, mudou-se para a cidade de Praia, na Ilha de Santiago, e começou a trabalhar na Imprensa Nacional, mas só por um ano pois, tendo conseguido uma bolsa de estudos, no ano de 1945 ingressou no Instituto Superior de Agronomia, em Lisboa. Único estudante negro de sua turma, Cabral logo se envolve em reuniões de grupos antifascistas e, ao lado de outros alunos vindos da África, tais como Mário de Andrade, Agostinho Neto e Marcelino dos Santos "conhece vectores culturais da reafricanização dos espíritos do movimento da negritude dirigido por Léopold Sédar Senghor". Após graduar-se em 1950, trabalhou por dois anos na Estação Agronómica de Santarém.

Contratado pelo Ministério do Ultramar como adjunto dos Serviços Agrícolas e Florestais da Guiné, regressou a Bissau em 1952. Iniciou seu trabalho na granja experimental de Pessube percorrendo grande parte do país, de porta em porta, durante o Recenseamento Agrícola de 1953 adquirindo um conhecimento profundo da realidade social vigente. Suas actividades políticas, como a criação da primeira a Associação Esportiva, Recreativa e Cultural da Guiné, aberta tanto aos "assimilados" quanto aos indígenas, reservam-lhe a antipatia do Governador da colónia, Melo e Alvim, que o obriga a emigrar para Angola. Nesse país, une-se ao MPLA.

EM 1955 Cabral participa da Conferência de Bandung e toma conhecimento da questão afro-asiática. Em 1959 juntamente com Aristides Pereira, seu irmão Luís Cabral, Fernando Fortes, Júlio de Almeida e Elisée Turpin, funda o partido clandestino Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC). Em 3 de agosto de 1959, o partido teve participação na greve de trabalhadores do porto de Pidjiguiti, fortemente reprimida pelo governo colonial, resultando na morte de 50 manifestantes e no ferimento de outras centenas. Quatro anos mais tarde, o PAIGC sai da clandestinidade ao estabelecer uma delegação na cidade de Conacri, capital da República de Guiné-Conacri. Em 23 de Janeiro de 1963 tem início a luta armada contra a metrópole colonialista, com o ataque ao quartel de Tite, no sul da Guiné-Bissau, a partir de bases na Guiné-Conacri.

Em 1970, Amílcar Cabral, fazendo-se acompanhar de Agostinho Neto e Marcelino dos Santos, é recebido pelo Papa Paulo VI em audiência privada. Em 21 de Novembro do mesmo ano, o Governador português da Guiné-Bissau determina o início da Operação Mar Verde, com a finalidade de capturar ou mesmo eliminar os líderes do PAIGC, então aquartelados em Conacri. A operação não teve sucesso.

Em 20 de Janeiro de 1973, Amílcar Cabral é assassinado em Conacri, por dois membros de seu próprio partido. Amílcar Cabral profetizara seu fim, ao afirmar: "Se alguém me há-de fazer mal, é quem está aqui entre nós. Ninguém mais pode estragar o PAIGC, só nós próprios." Aristides Pereira, substituiu-o na chefia do PAIGC. Após a morte de Cabral a luta armada se intensifica e a independência de Guiné-Bissau é proclamada unilateralmente em 24 de Setembro de 1973. Seu meio-irmão, Luís de Almeida Cabral, é nomeado o primeiro presidente do país.

Palavras de ordem do Amílcar Lopes Cabral, Pai da Nacionalidade Guineense e Cabo-verdiana

"Perguntar-nos-ão se o colonialismo português não teve uma ação positiva na África. A justiça é sempre relativa. Para os africanos, que durante cinco séculos se opuseram à dominação colonial portuguesa, o colonialismo português é o inferno; e onde reina o mal, não há lugar para o bem". Amílcar Cabral. A arma da teoria.

"O nosso povo africano sabe muito bem que a serpente pode mudar de pele, mas é sempre uma serpente". Amílcar Cabral. Um povo que se liberta.

"Como sabe, nós temos uma longa caminhada juntamente com o povo português. Não foi decidido por nós, não foi decidido pelo povo português, foi decidido pelas circunstâncias históricas do tempo da Europa das Descobertas e pela classe de "antanho", como se diz em português antigo; mas é verdade, é isso! Há essa realidade concreta! Eu estou aqui falando português, como qualquer outro português, e infelizmente melhor do que centenas de milhares de portugueses que o Estado português tem deixado na ignorância e na miséria. Nós marchamos juntos e, além disso, no nosso povo, seja em Cabo Verde seja na Guiné, existe toda uma ligação de sangue, não só de história mas também de sangue, e fundamentalmente de cultura, como o povo de Portugal. [...] Essa nossa cultura também está influenciada pela cultura portuguesa e nós estamos prontos a aceitar todo o aspecto positivo da cultura dos outros."

"Nós, em princípio, o nosso problema não somos o de nos desligarmos do povo português. Se porventura em Portugal houvesse um regime que estivesse disposto a construir não só o futuro e o bem-estar do povo de Portugal mas também o nosso, mas em pé de absoluta igualdade, quer dizer que o Presidente da República pudesse ser de Cabo Verde, da Guiné, como de Portugal, etc., que todas as funções estatais, administrativas, etc. fossem igualmente possíveis para toda a gente, nós não veríamos nenhuma necessidade de estar a fazer a luta pela independência, porque todos já seriam independentes, num quadro humano muito mais largo e talvez muito mais eficaz do ponto de vista da História. Mas infelizmente, como sabem, a coisa não é essa; o colonialismo português explorou o nosso povo da maneira mais bárbara e mais criminosa e quando reclamamos um direito de ser gente, nós mesmos, de sermos homens, parte da humanidade."

Mas nós nunca confundimos o "colonialismo português" com o "povo de Portugal", e temos feito tudo, na medida das nossas possibilidades, para preservar, apesar dos crimes cometidos pelos colonialistas portugueses, as possibilidades de uma cooperação eficaz com o povo de Portugal, numa base de independência, de igualdade de direitos e de reciprocidade de vantagens seja para o progresso da nossa terra, seja para o progresso do povo português. O povo português está submetido há cerca de meio século a um regime que, pelas suas características, não pode ser deixado de ser chamado fascista. A nossa luta é contra o colonialismo português. Nós somos povos africanos, ou um povo africano, lutando contra o colonialismo português, contra a dominação colonial portuguesa, mas não deixamos de ver a ligação que existe ente a luta antifascista e a luta anticolonialista.

Nós estamos absolutamente convencidos de que, se em Portugal se instalasse amanhã um governo que não fosse fascista, mas fosse democrático, progressista, reconhecedor dos direitos dos povos à autodeterminação e à independência, a nossa luta não teria razão de ser. Aí está a ligação íntima que pode existir entre a nossa luta e a luta antifascista em Portugal; mas também, vice-versa, estamos absolutamente convencidos de que, na medida em que os povos das colónias portuguesas avancem com a sua luta e se libertem totalmente de dominação colonial portuguesa, estarão contribuindo de uma maneira muito eficaz para a liquidação do regime fascista em Portugal. [...] Nós queremos entretanto exprimir claramente o seguinte: nós não confundimos a nossa luta, na nossa terra, com a luta do povo português; estão ligadas, mas nós, no interesse do nosso povo, combatemos contra o colonialismo português. Liquidar o fascismo em Portugal, se ele não se liquidar pela liquidação do colonialismo, isso é função dos próprios portugueses patriotas, que cada dia estão mais conscientes da necessidade de desenvolver a sua luta e de servir o melhor possível o seu povo." Ler mais no wikipedia

Ouvir a voz do Pai da Nacionalidades Guineense e Cabo-verdiano (»aqui)

6 comentários :

  1. VIDA E OBRA DE AMÍLCAR CABRAL

    Amílcar Cabral nasceu em Bafatá, Guiné-Bissau, a 12 de setembro de 1924 e foi assassinado a 23 de Janeiro de 1973. Filho de Juvenal Cabral e Iva Pinhel Évora, Cabral foi poeta, agrónomo, fundador do PAIGC e “pai” da independência conjunta de Cabo Verde (5 Julho de 1975) e Guiné-Bissau (oficialmente a 10 Setembro de 1974).

    Assassinado a 24 de Janeiro de 1973 na presença da sua mulher Ana Maria em Conacry, Amílcar Cabral assume uma figura de destaque no continente Africano, como um dos líderes mais influentes. O autor dos disparos foi Inocêncio Kani, guerrilheiro do PAIGC.

    O primeiro disparo atinge o líder do PAIGC no fígado. Cabral senta-se no chão e tenta conversar, mas o segundo disparo de metralhadora atinge-o mortalmente na cabeça provocando a sua morte imediata.

    Após a morte de Cabral e sobre o comando de Sekou Touré, presidente da Guiné Conacry, foi constituída uma comissão internacional para apurar às circunstâncias envolventes da morte do líder do PAIGC. Os conspiradores foram presos e entregues aos militantes do PAIGC, que prossegue ao fuzilamento dos mesmos.

    Vida e Obra

    Em 1932 Amílcar Cabral muda-se com a família para a ilha de Santiago, Cabo Verde onde vive grande parte da sua infância e juventude, na localidade de Santa Catarina. Entra para o liceu em S. Vicente no ano de 1937-38, onde completa em 1944 os seus estudos secundários.

    Amante do desporto, em S. Vicente, Amílcar Cabral foi secretário do “Boavista Futebol Clube” entre 1944-45. Após terminar o liceu em São Vicente obtém uma bolsa de estudos para o Instituto Superior de Agronomia e viaja para Portugal em 1945-46, onde acaba por conhecer e casar, em 1946, com a sua primeira mulher Maria Helena de Ataíde Vilhena Rodrigues.

    Em Portugal, Cabral participou activamente na luta antifascista conjuntamente com outros estudantes africanos. Foi militante do Movimento de Unidade Democrático da Juventude (MUDJuvenil) da qual afastou por divergências em relação às questões coloniais.

    Amílcar Cabral sempre defendeu os seus ideias de libertação das colónias africanas de uma forma muito activa, assim sendo, em 1948-51 foi eleito presidente do Comité da Cultura da Casa dos Estudantes do Império (CEI), secretário-geral em 1950 e em 1951 vice-presidente da CEI.

    Conjuntamente com outros estudantes africanos (Francisco José Tenreiro e Mário Pinto de Andrade) cria em Lisboa, o Centro de Estudos Africanos, em 1951. Em 1956, com Viriato da Cruz e outros africanos fundam o PLUA – Partido da Luta Armada Unida dos Africanos.

    Mais tarde em Bissau, cria o PAI – Partido Africano da Independência, que mais tarde viria a chamar-se PAIGC – Partido Africano para a Independência de Cabo Verde e Guiné-Bissau.

    Em 1952 regressa a Bissau, onde trabalha no posto experimental de Pessubé e realiza o recenseamento agrícola, o que viria a servir de base a preparação da estratégia da luta armada em 1963. Na Guiné-Bissau, Amílcar Cabral casa, em Maio de 1965, com a sua segunda esposa Ana Maria Foss de Sá.

    Amílcar Cabral manteve contactos com comandante Ernesto “Che” Guevara em 1965 e com Fidel Castro em Escambray e Havana em 1966, para discutir pormenores da ajuda cubana ao PAIGC, numa altura em que o PAIGC já controlava metade do território Guineense.

    No dia 1 de Julho de 1970 o Papa Paulo VI recebe em audiência Amílcar Cabral (PAIGC), Agostinho Neto (MPLA) e Marcelino dos Santos (FRELIMO). No mesmo ano Cabral recebe o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Lincoln, Estados Unidos da América

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  2. Amílcar Cabral nasceu em 1921 em Bafata (Guiné Bissau), filho do senhor Juvenal Cabral professor e a sua mãe Dona Iva Pinhel Évora empreendedora. Os pais de Cabral eram Cabo-Verdianos que migraram para Guiné Bissau tendo em conta a realidade política do seu tempo, os pais foram para a Guiné Bissau a busca de melhores condições de vida. Durante o período em que se viram divergentes as lutas politicas contra o imperialismo os pais de Cabral regressarem a Cabo-Verde onde Amílcar Cabral conseguiu concluir os seus estudos 1944 em São Vicente na era da Segunda Guerra Mundial. Pela sua visão e na forma de compreender o mundo do seu tempo Cabral já lutava pela afirmação do seu pensamento manifestando em poemas e intervenções culturais contra a hostilidade do seu povo face ao colonialismo Português. Após a segunda Guerra Mundial em 1945 Amílcar Cabral conseguiu uma bolsa para Portugal onde deu seguimento dos seus estudos.

    Tendo em conta os conhecimentos que foi adquirindo Amílcar Cabral começa a intervir nos movimentos que se foram formando em prol das lutas de direitos cívicos em Portugal e tornou-se logo um ponto de referência para pequenos grupos de intelectuais africanos residentes em Lisboa que logo criaram um Centro de Estudos Africanos (Cf, Carlos Lopes, 2014; p.9). Amílcar Cabral regressou em Guine Bissau em 1952 tendo em conta os seus objectivos e pelo que se pode cogitar Amílcar Cabral já tinha o seu alvo definido tendo em conta as suas pesquisas que o definiram logo como um homem conhecedor da realidade do seu país e da história dos países africanos. “Dificilmente os lutadores e os libertadores África não conheciam a história e a realidade dos países de África todos tinham o pleno conhecimento das lutas do seu tempo e tinham o pleno conhecimento dos invasores e a sua estadia nas terras de África.” Amílcar Cabra dedicou-se em destaque em muitas actividades no seu país dai que o censo agrícola deu-lhe a oportunidade de se aproximar das bases e estabelecer uma ampla rede de contactos (Cf, Lopes, 2014). Entretanto ao começar a desenvolver suas actividades como activista viajou para Portugal, extensamente em Angola onde participou na fundação do Movimento de Libertação Popular de Angola/MPLA. Em 1956 fundou o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo-Verde/PAIGC que representou a consolidação de uma dura batalha clandestina e um marco na história do movimento nacionalista nas colónias Portuguesas. A geração que lutou e que travou fortes batalhas com os colonizadores na altura eram conhecidos como “a geração de Cabral.”

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  3. Amílcar Cabral foi um homem destemido e muito intelectual pelo que presa a história teve fortes conhecimentos das formas de actuação do colonialismo português na qual consistia na manipulação e no processo de assimilação alienar os nativos a negarem as suas próprias culturas factor este que para Amílcar Cabral foi a base da massificação e das lutas tardias da libertação dos povos face ao imperialismo e ao colono Português. Dai que em 1960, o ano da Independência africana como relata Ki-zerbo (2003), por ser o ano em que muitos países africanos alcançaram as suas independências, Cabral empreendeu os seus mais nobres esforços no sentido de que os países africanos que já estavam a se libertar do jugo do colonialismo servissem de modelos para a libertação dos povos da Guiné e Cabo-Verde, como salienta Peter Karibe Mendy o professor de Estudos Africanos no colégio de Rhode Island Estados Unidos referiu-se que, “ Amícar Cabral se tornara útil para a mobilização política pela independência e pela solidariedade pan-africanista na execução da luta armada de libertação.”

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  4. Amílcar Cabral sabia das políticas imperiais de quase todos os colonizadores nos territórios invadidos com a presença dos Europeus que consistia no uso sistemático da coerção e da violência para controlar “os indígenas irrequietos” uma prática não exclusiva do colonizador Português mas de todos os colonizadores da África que tinham como preâmbulo das suas mais letais ambições no “dividir para melhor reinar”. A forma violenta de actuação do colonialismo português nas terras de Cabo-verde revoltou Cabral no sentido de lutar e acabar com toda a força do colonialismo nas terras de África (Cabo-Verde/e Guiné Bissau). O processo de assimilação foi sendo gradual e recorrente com a presença do colonizador em quase todas as terras da África no sentido de manter cada vez mais os africanos longe da sua luta pela libertação, a pretensa visão de civilizar os indígenas significava fundamentalmente a interiorização dos pressupostos mais racistas dos portugueses (Cf, Mandy, apud Lopes, 2014; p.22). Todo este processo de assimilação foi acontecendo e que para Amílcar seria o maior entrave para o alcance da libertação uma vez que para muitos os indígenas já não se identificavam com a cultura dos seus ancestrais e da sua terra em função destes aderirem a pretensa visão colonial. Os Cabo-verdianos por este processo e os da Guiné Bissau viram-se afastados das suas culturas nativas, a consistência racial de classificação inundava as duas sociedades no que tange ao processo de identificação as suas culturas nativas e o pressuposto da cor da pele era o pressuposto principal do colonizador português nas terras de África. Quanto mais escuro menos oportunidade de emprego e mais perseguido dentro do sistema do colonizador. Cabral assegurava que a cor da pele na poderia ser o principal motivo da auto-afirmação no que tange a luta para a emancipação espiritual e na luta contra o colonizador português. Afirmava Amílcar Cabral que;

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  5. “ Alguns, esquecendo ou ignorando como os cabo-verdianos foram formados, pensam que Cabo Verde não é África por causa dos seus muitos mestiços. Não sabem que, por exemplo, na África do Sul, existem mais mestiços do que em Cabo-Verde, e que Angola e Moçambique juntos tantos mestiços quanto Cabo-Verde – e nem por isso esses países deixam de ser africanos. É preciso dizer que mesmo que Cabo Verde possuísse uma maioria da população branca, como acontece nos países do Norte de África (Argélia, Marrocos, Tunísia etc.), os cabo verdianos não deixariam de ser Africanos.”

    Amílcar Cabral conhecia perfeitamente as manobras do colonialismo Português, as suas artimanhas no processo de assimilação as formas de injecção no pensamento dos indígenas e as suas políticas de separação eram factores principais na desestabilização dos diferentes povos que se encontravam na Guiné e em Cabo Verde, dai que o processo de unificação seria a principal arma para o combate das políticas colonizadoras do colonialismo Português. A grande desvantagem face aos desafios consistia em como convencer os oprimidos, conforme nos explica Peter Karibe Mendy (2014; p.26) que;

    “o colossal desafio que Cabral e os seus companheiros enfrentavam era como convencer o povo mais explorado e oprimido da necessidade de lutar para destruir a estrutura mesma responsável por sua exploração e opressão. Convencer as massas exploradas e conquistar sua simpatia era uma coisa, conseguir sua participação activa na luta era algo completamente diferente. O desafio fundamental, portanto era tornar a revolta significativa nas vidas de todos os que se revoltavam.”

    Ao compreender esta dimensão Amílcar Cabral partiu para a conquista, na luta pela libertação do seu povo, alias, para muitos que conviveram com Amílcar Cabral o foco de Cabral sempre foi a luta pela via da política na exaltação dos valores culturais no sentido deste povo Caboverniano e Guiné Bissau tivessem uma consciência revolucionária para a mudança face a visão da colonização. Dai que Amílcar Cabral conseguia convencer aos demais que a cultura dos indígenas estava sendo destruída neste processo em que a retórica exaltava a civilização para a metrópole como se os povos que viviam nas zonas rurais não merecessem a sua parte nas zonas Urbanas. Dai que para Amílcar Cabral a «condição fundamental para a revolução era o desenvolvimento da consciência revolucionária. A consciência revolucionária necessariamente chama a atenção para a capacidade do líder da luta de libertação nacional para que permaneça fiel aos princípios e à causa fundamental de seu combate.”

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  6. Tendo as premissas intelectuais abalizadas com base a cultura nativa as lutas pela libertação tinham o seu verdadeiro foco, expulsar o colonialismo nas terras que não lhes pertenciam, neste sentido, o seu apelo inicial consistia no fortalecimento da solidariedade entre os povos oprimidos, uma verdadeira União no sentido de conciliares as forças mediante as estratégias mais bem formuladas no conhecimento do colonialismo era possível alcançar a libertação. Sendo que para Amílcar Cabral a principal ideologia era o nacionalismo. Cabral (apud Lopes, 2014; p.29) afirmara que;

    “ A nossa ideologia é o nacionalismo, obter a nossa independência total, e fazer tudo o que pudermos com as nossas próprias forças, mas cooperar com todos os povos a fim de levar adiante o desenvolvimento do nosso país.”

    Conhecendo a firmeza de Amílcar Cabral conseguimos notar que toda a sua visão estava voltada na emancipação do seu povo no sentido destes optarem pelas suas próprias culturas e combaterem toda a forma de hostilidade e subjugação imperial nas suas terras. Amílcar Cabral acreditava que só meio de uma revolução interna e no campo da emancipação tendo como uma «ideologia pro-africana» era possível a verdadeira libertação dos povos africanos, dai que a sua verdadeira identidade consistia no conhecimento de todo os aspectos da sua tradição e as tradições culturais dos povos indígenas para o alcance da libertação contra o colonialismo….

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