sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Festa de Todos os Santos

ALEGRAI-VOS E EXULTAI, DIZ O SENHOR

 

É apelo, que se faz convite e exortação, dirigido por Jesus aos discípulos, ao terminar o ensinamento sobre as bem-aventuranças. E a justificação vem logo a seguir: “Porque é grande, nos Céus, a vossa recompensa”.Mt 5, 1-12.

 

Os discípulos são aconselhados a viverem, na alegria exultante, as situações de difamação e insulto, de perseguição e enxovalho à sua dignidade; situações criadas “por minha causa”, por serem coerentes com as atitudes de Jesus, o divino Mestre; atentados provocados por quem não tolera mais o seu estilo de vida, o seu testemunho.

 

O quadro de referências está traçado, os termos são claros, é grande a provocação e maior o desafio. A novidade da proposta de realização feliz, de toda a pessoa, vai ser solenemente anunciada. No cimo da montanha, como outrora Moisés no Sinai, Jesus declara honoráveis os pobres, por decisão própria, os espoliados injustamente do seu nome e dos seus bens, os generosos voluntários da paz, os perseguidos por defenderam a justiça. A honorabilidade provém de Deus porque estas atitudes reflectem e concretizam as suas preferências e o seu agir, continuam, na história, o estilo de vida do seu Filho Jesus e vão-se configurando, no proceder de cada discípulo e de cada comunidade cristã.

 

“O que torna feliz uma existência, afirma o Irmão Roger, fundador da comunidade de Taizé, é avançar para a simplicidade: a simplicidade do nosso coração e da nossa vida. Para que uma vida seja feliz, não é indispensável ter capacidades extraordinárias ou grandes possibilidades: o dom humilde da própria pessoa torna-a feliz”.

 

A riqueza do homem é a sua pessoa e não o seu dinheiro. Optar por tudo o que ajude a pessoa a ser livre, a sentir-se sem quaisquer amarras, a estar disponível para partilhar o que tem, a não acumular e reter bens apenas para si, torna-se indispensável à saúde da nossa comum humanidade e à qualidade da nossa fé cristã. Quem o faz ou se esforça com seriedade, por o ir fazendo, está em sintonia com Deus, é feliz e beneficia da sua bênção. Choca, inevitavelmente, com uma sociedade baseada na ambição da riqueza, na ânsia do poder e da glória. E vê recaírem sobre si as mais diversas formas de descrédito, de humilhação, de espoliação, de acusação infame, de morte silenciada.

 

Quem a estas desonras responde com mansidão e pureza de intenções, de paciência sofrida e desejo sincero de justiça, de misericórdia benevolente, manifesta o proceder de Deus e “corre o véu” que tantas vezes oculta a sua presença entre nós e abre caminho à comunhão definitiva com Ele e com todos os que n’Ele se encontram. Participa, deste modo, na comunhão dos santos! Vive já uma nova realidade que no futuro contemplará em plenitude. “É uma multidão imensa, que ninguém pode contar de todas as nações, povos, tribos e línguas, confessa São João no Apocalipse. “São os que vieram da grande tribulação, os que lavaram as túnicas e as branquearam no sangue do Cordeiro”. São os santos de “ao pé da porta”: pais que criam os seus filhos com tanto amor, homens e mulheres que trabalham a fim de trazer o pão para casa, doentes, consagradas idosas que continuam a sorrir, exemplifica o. Papa Francisco.

 

Aspirar à santidade e ser santo, faz parte da realização plena da natureza humana, é fruto do amor de Deus por nós e do esforço de cada um e de todos para correspondermos a este amor enternecido que se humaniza de modos tão próximos e interpelantes.

 

“Por fim, escreve o Papa Francisco na homilia deste dia, gostaria de citar mais uma bem-aventurança, que não se encontra no Evangelho (deste domingo), mas na conclusão da Bíblia, e fala do final da vida: «Felizes os mortos que morrem no Senhor» (Ap 14, 13). Amanhã seremos chamados a acompanhar com a oração os nossos defuntos, para que rejubilem para sempre no Senhor. Recordemos com gratidão os nossos queridos e oremos por eles”.

quinta-feira, 25 de junho de 2020

Guiné-Bissau: Estado detém o monopólio do poder de julgar


"Homem necessita do convívio em sociedade, que por sua vez necessita de poder para restringir condutas humanas, por causa do caos, assim, surge o Estado."

Reflexão do General, jurista, Dr. Daba Naualna

Em sentido aristotélico da palavra, a justiça significa a igualdade e esta última, o tratamento diferenciado para situações diferentes e o mesmo tratamento para as situações idênticas.

Decerto que o advento do positivismo filosófico-jurídico fez cair em desuso o enorme caudal da corrente doutrinária que se vinha desenvolvendo sobre o assunto. Com o positivismo jurídico passou-se a confundir o justo com o legal e a justiça, com a legalidade.

Mas na verdade o justo (o équo) não é e nem deve ser sinônimo do legal. É certo que as leis devem ser justas para poderem ser o reflexo da justiça, mas nem sempre o justo precisa de ser legal. Ou seja, o justo não deixa de o ser por não estar plasmado na lei, porque nem sempre o que vem plasmado é automaticamente justo. Tanto assim é que existem muitas injustiças legalizadas e muitas justiças fora da lei.

Todavia, a força do positivismo não eliminou por completo a ideia original, Cunhada no pensamento aristotélico, segundo a qual a justiça é sinonima da igualdade. O discurso político testemunha-o de forma límpida quando se refere à justiça igual para todos. Outro resquício desta ideia está na badalada afirmação de que só o Estado detém o monopólio da justiça, posto que ninguém é bom juiz em causa própria, sem desvirtuar a igualdade que lhe subjacente.

Então, se é verdade que o Estado detém o monopólio do poder de julgar, é bom que faça jus a este seu poder e julgue com equidade, porque se não o fizer estará a exonerar-se, sem motivos, das suas funções, com graves consequência de estar a criar condições para o recurso à tão temível quanto tumultuada, justiça privada.

Para garantir a igualdade de todos perante a justiça, o juiz deve ser apenas, a boca que pronúncia seca e cegamente as palavras da lei. Por outras palavras, o juiz deve ser imparcial. Na hora de decidir, o juiz não deve olhar para as condições das pessoas que em juízo disputam. Rico ou pobre, branco ou negro, fula ou mandinga, cristão ou muçulmano, todos são seres humanos e, como tal igual aos olhos da lei e perante o juiz. Doutra forma haverão injustiças e desigualdades.

Só desta forma o legal equivale ao justo e a legalidade, sinonima da justiça.

Nota: Os artigos assinados por amigos, colaboradores ou outros não vinculam a IBD, necessariamente, às opiniões neles expressas.


segunda-feira, 1 de junho de 2020

INSTRUMENTALIZAÇÃO ÉTNICA NA GUINÉ-BISSAU:PELOS AUTODENOMINADOS “MININUS DI PRAÇA”

PELAS FUTURAS GERAÇÕES

A NOSSA MENSAGEM

Pelas Futuras Gerações e pela nossa! Da profundeza dos Tempos, aportamos à nossa Época!
Trazemos a Sabedoria dos Antigos e do nosso Tempo! Não renegamos a nossa Cultura nem rejeitamos o contributo válido de qualquer outra! Compreendemos melhor o Passado e perspectivamos na medida justa o nosso Futuro Colectivo!

Com o presente Blogue, queremos dar o nosso contributo para uma reflexão isenta sobre o nosso País e a Sociedade que temos ou queremos ter. Não pretendemos ter o exclusivo da Verdade! Reflectimos sobre o que achamos de interesse comum, como contributo para o nosso Desenvolvimento Colectivo, para o qual você está convidado a ter Opinião!

Essa reflexão é necessária para a afirmação e definição de uma Cidadania responsável e para a melhoria da qualidade da nossa Sociedade, determinante para o sucesso ou insucesso de qualquer processo de Desenvolvimento Humano. Um Povo sem Regra de Vida (em Família, na Escola, na Economia, na Política, etc) torna-se um estropício para o resto da Humanidade, a começar por si próprio.

A Vida dos Povos é comparável à uma Corrida de Estafeta em que cada Nova Geração deve fazer a Melhor Corrida possível de modo a Transmitir à Geração Seguinte o Testemunho da sua Competência Global em condições de alcançar a Vitória Final.

Venha connosco! Para o Futuro! Pelas Futuras Gerações que, sem culpa, irão sofrer pelos Erros que a nossa Geração está cometendo contra si própria, tornando-se causa remota do seu possível fracasso ou desconforto, quando já cá não estivermos!

Nós estamos a bordo, buscando o rumo certo! Aceite o nosso convite!

O caminho é longo e movediço! Mas é o caminho! Somos os

INTELECTUAIS BALANTAS NA DIÁSPORA!


“Ser de praça” é um conceito social usado por um grupo de pessoas para não se sujeitarem ao crivo de rigor académico para a ocupação de certos cargos na administração pública […].


Em muitos países, a maioria das elites são oriundas de regiões suburbanas ou aldeias. Na Rússia temos o Putin; em Portugal foi o caso do Professor Cavaco Silva; no reino unido tivemos o David Cameron, etc. Essas figuras publicas passaram pelo crivo de excelência académica e experiência profissional associado à aptidão de vencer num concurso ou sufrágio publico sem serem escolhidos ou nomeados.

“Ser de praça” não nos incomoda, mas sim, o ódio étnico que deveria ser criminalizado (como esperamos no advento da Revisão Constitucional) porque traz consequências imprevisíveis. Qualquer um pode-se apelidar de praça; isso é como alguém se auto-intitular de algo de que se sonha ou se admira.

Os tais “Meninos de praça” na Guiné-Bissau não passam de um conjunto de indivíduos ou sensibilidades que, depois de 17 de outubro de 86 consolidaram-se num novo figurino invisível, “dono e gestor”, substituindo o Estado e o poder central na praça de Bissau. Esse grupo representa apenas 5 - 10% da população total, subjugando em todos os aspectos a maioria dos bissau-guineenses, notoriamente são poucos interessados em identificarem-se no desenvolvimento sustentável e transversal da Guiné-Bissau no seu todo.

Essa franja de indivíduos com complexo de identificação étnica, a roçar o ódio étnico, foram os “fabricantes” de todos os tipos de golpes de Estado (com aliciamentos e envolvimentos dos Generais) que temos assistido desde o golpe de Estado de 14 de novembro de 1980; são os responsáveis pela destruição do conceito de Estado e em consequência o próprio Estado da Guiné-Bissau, através da promoção da corrupção, nepotismo, clientelismo, e apropriação partidária da Função Publica como forma de centralização do poder no Partido libertador, facilitando o acesso ao emprego para os seus militantes.

Essa mesma franja, que após o Caso 17 de Outubro 1986 (depois da limpeza étnica dos Balantas do PAIGC), teve o PAIGC como base de apoio para todos esses malabarismos então dirigido pelo General Nino Vieira (o percursor e introdutor de tráfico de Droga na Guine Bissau) que, maquiavelicamente representava a figura dos antigos combatentes nesta Esquadrilha somente para os combates eleitorais sob insígnias da Luta Armanda de um lado, doutro piscando olho assim à etnia papel como uma base étnica eleitoral de identificação, o que não passa de uma farsa orquestrada contra os Papeis.

Criou-se assim uma aliança transfronteiriça entre “os civilizados” de praça com a dita comunidade internacional - P5- em detrimento dos interesses do Povo Guineense. Essa aliança colocou estrategicamente os embaixadores pertencentes ao P5, que só representam os seus interesses. Deste modo, o País passou-se a ser gerido de fora para dentro pela dita Comunidade Internacional.
  
As definições de “Mininus di Praça di Bissau

   Os autodenominados “Genuínos Mininus di praça”: São os que julgam genuínos, civilizados, herdeiros de Honório Barreto, o núcleo duro Central da purga, nascidos em Capitais, tais como Cacheu, Bolama, Bissau, que julgam donos da Guiné-Bissau Intelectual, por serem netos das Civilizações assimiladas dos colonos, baptizados nas antigas tradições católicas Portuguesas, que os incutiram complexos e ódio étnicos, são os verdadeiros motores discriminatórios do sistema. Nesta categoria estão incluídos também os filhos dos Militares Portugueses não reconhecidos, filhos dos antigos Cipaios e administradores portugueses e elementos de origens Cabo-verdianos ou Libanês/Sírios misturados com sangue étnico autóctones.
 “Os GEBAS,” estes não passam de filhos das misturas multiétnicas autóctones, gerados na metrópole, muitos sem conhecer os pais e alguns com identidades étnicas bem definidas, mas simplesmente não assumidas. Também incutidos os complexos e ódio étnicos em não se identificarem com etnias pelos colonos portugueses. E em suma, não existe uma etnia Geba mas sim um Mito.  

“Os Escoados” - os fifty-fifty -  uma forma de transição ou passagem suave entre pertença étnica para categoria de “mininus di praça”. Aqui já não é culpa dos portugueses e nem é preciso ser baptizado. Muitos desta gente tiveram que mudar nomes étnicos para apelidos de praça (no Reinado do Sr. Cadogo) para ter que passar os concursos públicos por efeito do emprego.

Ora, é esta forma de estratificação Social montada há tempo a funcionar como eixo de mal que deve ser combatida; são incapazes de arrancar ou desbloquear o desenvolvimento do País e ao mesmo tempo não permitir que outros o façam. Esse bloqueio é que constituiu o nosso primeiro objectivo em escrever este artigo de opinião centrado na luta contra essa estratificação social e nunca contra etnias que são a base da nossa essência. Estes infelizes têm sustentado o verdadeiro eixo do mal durante anos invisivelmente montado para manter no poder uns grupelhos de sanguessugas ávidos de substituir os Colonos Brancos na forma e nas acções. Nunca aceitaram nenhum tipo de mudança que reverta em melhorias das condições de vidas das populações como foi o juramento à vida do próprio Amílcar Lopes Cabral.

Temos que apelar à nossa População em geral sobre estes fenómenos insidiosos dos ditos “Civilizados di Praça” altamente perigoso, que já contribuiu e muito na desagregação de tecido social Guineenses e tbm na inviabilidade da consolidação Democrática e da unidade Nacional.

Alerta máxima para etnia Papel que tem sido usado e abusado nas Campanhas eleitorais como uma base étnica pelos “mininus di praça” - esta categoria dos “Civilizados” maquiavelicamente serve-se da etnia Papel como base étnica da identificação para aparentar-se (atenção Papeis, muitos deles não tem afinidades étnica com os convosco) só pelo facto de terem nascidos em Bissau, zona predominante dos Papeis. Deste modo, muitos dos Papeis, “étnico-cegos”, embarcaram-se nesta aventura que não passou de uma armadilha de “Mininus di Praça” em armar um mero suporte étnico eleitoral. Eles não querem e nunca quiseram saber dos Papeis Reais que vivem nas aldeias. Agindo deste modo, estão a expor os Papeis como etnia em risco de colisões com outras etnias, colocando-os falsamente num patamar superior que outras; uma manipulação bem conhecida de “dividir para reinar”, herdada do colonialismo. Um dos exemplos foi um facto usado na instrumentalização do caso do tal deputado da etnia Papel que quase podia dar para torto com consequências imprevisíveis. “Pepelis nha parentis Bo iabri  udjus deh !! Tugas bai Dja, essis i Pretus suma nós... só pa pui ellis no sê lugar mas nada”.

Quanto ao resto da população, constitui realmente uma maioria finamente discriminada, por parte desta franja maquiavélica da Cidade, explorada de todas as formas, desprovidas dos direitos fundamentais consagrados nos pilares das Nações Unidas, tais como o saneamento básico, educação e saúde. Mesmo o simples juntar-se ou reunir-se em comunidades rurais é censurado pelos ditos “civilizados”. Quando isso acontece são apelidados de tribalistas ou raça de fundinho na mesquita, nomes como “Conferencia di Nhoma”, etc. Enquanto eles já podem livremente fazer suas conferências de concentrações ou reuniões de Clã em qualquer momento e lugar (desde santuário di Cacheu, Rotary Club Bissau, etc). Esta forma de discriminação da minoria sobre a maioria, recorda-se é um pressuposto para o Genocídio.

Portanto a nossa opinião é legislar quanto antes possível sobre esta matéria, quiçá, já na próxima Revisão da Constituição.

De referir que o General Umaro Sissoco Embalo, apercebendo desta Clivagem Social, leu bem a realidade e apresentou-a na sua Campanha e teve brilhante resultado e ninguém hoje tem dúvidas desta bipolaridade na Guiné-Bissau. Acabou por ser um justo vencedor das eleições Presidenciais, até com uma certas facilidades, porque soube sair e aproveitar os anseios de maioria da População discriminada, lutando em prol da coesão e para uma união verdadeira duma Guiné-Bissau justa e com igualdade de oportunidade para todos.

Por isso também acreditamos que os interesses de classe e a própria classe tem que ser combatida desmantelada, alias é isso que as Redes sociais estão a fazer e bem com um enorme Contributo Cívico dos CET na frente o Sr Leopoldo Sadar.

“Ser de praça” é relativo – depende muito de onde se encontra e o que se faz. Ora se “ser de praça” é apenas saber vestir, comer com faca e garfo à mesa, ir às festas, então preferimos as nossas posições sociais actuais. Em Portugal, durante a nossa passagem pelas Universidades vimos portugueses de gema que não sabiam bem usar facas e garfos; será que não eram de praça ou civilizados?

“Os de praça” que aceitem então o desafio de concurso público para um lugar de relevo para ingresso à Função Publica […].

terça-feira, 3 de março de 2020

O presidente da Guiné-Bissau, General Umaro El Mokhtar Sissoco Embalo, conferiu posse ao novo Governo chefiado pelo Primeiro-Ministro Eng. Nuno Gomes Nabiam


O presidente democraticamente eleito da Guiné-Bissau, General Umaro El Mokhtar Sissoco Embalo, conferiu posse ao novo Governo chefiado pelo Primeiro-Ministro Eng. Nuno Gomes Nabiam, numa cerimónia que se realizou no Palácio da Republica, em Bissau.


Tomaram posse os Ministros e os Secretários de Estado.



Elenco Governamental da Guiné-Bissau


O novo Primeiro-ministro, Nuno Gomes Nabiam, admitiu que herdou uma Guiné-Bissau profundamente dividida do ponto de vista social e étnico.

Nabiam disse no seu discurso que as sucessivas campanhas eleitorais e o desespero dos candidatos têm levado o país a utilizar de maneira negativa as suas diferenças culturais e sociais.

Lembrou que as eleições legislativas de março de 2019 não qualificaram o peso das diferentes forças políticas do país, pelo que o povo obrigou os atores políticos a uma partilha do poder.

Explicou que o primeiro ensaio desta partilha, com o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) não funcionou, porque não conseguiu interiorizar o conceito de partilha do poder.

Assegurou que a mensagem do povo voltou a ser a mesma nas eleições presidenciais de novembro último e a oposição percebeu a mensagem, decidiu experimentar uma coligação e para a surpresa da comunidade internacional ganhou eleições de forma folgada.

Sobre a campanha de caju, Nabiam promete diligências para o sucesso da comercialização da castanha que representa mais de 80 por cento das receitas de exportações globais do país.

“Uma dependência muito séria que fragiliza a nossa economia e por esta razão, a campanha de castanha tem que correr bem, para que no momento do balanço final, todos os atores que nela participam ganhem rendimento”, enfatizou.

segunda-feira, 2 de março de 2020

A CAMINHO DA PÁSCOA


DE CORAÇÃO PURIFICADO, ACOMPANHEMOS JESUS

“A Páscoa de Jesus não é um acontecimento do passado: pela força do Espírito Santo é sempre atual e permite-nos contemplar e tocar com fé a carne de Cristo em tantas pessoas que sofrem”, afirma o Papa Francisco na mensagem para a Quaresma que estamos a viver.

Ao longo dos próximos domingos iremos meditando diversos passos do percurso feito por Jesus até Jerusalém onde é condenado como malfeitor pela autoridade romana e, na manhã de Páscoa, ressuscitado por Deus Pai como o vencedor da morte por amor.

Hoje, a liturgia apresenta-nos o Evangelhos das tentações. Mt 4, 1-11. Após o baptismo, ainda antes de iniciar a missão pública, Jesus vê confirmada a sua dignidade de Filho de Deus que o Tentador questiona e pretende comprovar.

Mateus – o narrador do episódio – elabora um diálogo atraente, que é uma verdadeira catequese, sobre como proceder perante as tentações. O Papa Francisco diz que com o diabo não se dialoga, mas responde-se com a Palavra de Deus. Assim faz Jesus.

O tentador centra a sua provocação na fome e, consequentemente na necessidade de pão. Jesus havia jejuado 40 dias e 40 noites. O diabo conhecia a situação e tenta explorá-la.

Ontem como hoje, a fome cresce exponencialmente. Em todas as dimensões da realização integral de cada pessoa. Eliminá-la? Mas como?! Como consegui-lo? O desafio é pertinente. A proposta parece aliciante: que as pedras se transformem em pão. E Jesus podia fazê-lo. Porém a recusa surge espontânea e esclarecedora. O pão é preciso, mas a maneira de o arranjar está confiada ao homem, ao seu trabalho honesto, à sua organização laboral, à gestão de recursos, ao preço justo dos valores, à sobriedade de vida, à economia social em que todos participam. Como ensina a Palavra/Lei de Deus. Esta resposta liberta o homem das amarras da inércia irresponsável e da dependência doentia. Reforça e restitui a nossa capacidade de gerir a vida e de nos organizarmos em sociedade. Reencaminha o homem para si mesmo, libertando-o da alienação e do facilitismo.

Vencido, mas não convencido, o tentador desloca a provocação para o religioso, o brilho do espectáculo, o esplendor do cerimonial, o prestígio de quem pode ser acompanhado por forças especiais. O pináculo do Templo era o local indicado. O êxito estava garantido. Que mais poderia desejar o provocador? Jesus, em resposta curta e incisiva, não lhe dá tréguas e recentra o sentido da sua vida, insinua o caminho da sua missão. Dá um não rotundo à religião espectáculo, ao culto das aparências ilusórias, à ostentação de insígnias reluzentes e credenciadas. Quer ser obediente ao projecto de Deus que se realiza na sinceridade do coração, na simplicidade do amor fraterno, na humildade do serviço. Que contraste de perspectivas e que “abanão” para as consciências instaladas no que apetece e parece bem.

As provações recusadas levam o tentador a fazer um desafio original e, para ele, decisivo. Explora o instinto da posse de bens, o gosto de ter dinheiro, a apetência por ser poderoso e dominar, o desejo irreprimível de viver seguro, ainda que sacrificando a liberdade dos outros. E promete “mundos e fundos”. Exige apenas um preço a pagar: que Jesus se vergue perante ele, se prostre e o adore como um deus. A reacção de Jesus deixa perceber que a provocação atingira o auge, era intolerável. “Vai-te, Satanás”. Sai da minha presença. A minha atitude está definida: De joelhos perante Deus; de pé firme perante os homens. É esta a minha missão: erguer os caídos, animar os abatidos, levantar os prostrados pelas tiranias e doenças.

Ter, amar, poder, constituem três núcleos da identidade humana onde ocorrem as derrotas/vitórias mais decisivas da história. A vida de Jesus mostra, com abundância de factos, que o serviço por amor é o caminho do êxito pleno. Por isso, continua a segredar-nos: liberta-te e vem comigo. “Portanto, exorta o Papa Francisco: Não deixemos passar em vão este tempo de graça, na presunçosa ilusão de sermos nós o dono dos tempos e modos da nossa conversão a Ele”.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Umaro Sissoco Embaló, toma posse como Presidente da Guiné-Bissau: “serei um presidente de transformação, mudança, paz e da justiça”


O novo chefe de Estado da Guiné-Bissau, Úmaro Sissoco Embaló, investido na ausência do líder do Parlamento, garantiu esta quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020, que será um presidente de transformação, mudança, paz, justiça, progresso e da liberdade de cada guineense.

Embaló discursava numa cerimônia de tomada num acto dirigido pelo primeiro vice-presidente da Assembleia Nacional Popular, Nuno Gomes Nabiam, na presença da segunda vice-presidente, Hadja Satu Camará e uma parte de deputados de Nação.

A cerimónia foi igualmente testemunhada pelo chefe de Estado cessante, José Mário Vaz. A investidura de Embaló foi realizada um dia depois de a candidatura de Domingos Simões Pereira ter dado entrada de mais um recurso de contencioso eleitoral ao Supremo Tribunal de Justiça, na sua veste do Tribunal Constitucional.

O Presidente investido disse no seu discurso que representará aspirações, sonhos e anseios de todos e de cada um, não os interesses. “Eu nunca serei um Presidente em defesa de interesses, venham eles de ondem vierem”.

Eis na íntegra o discurso de novo Chefe de Estado da Guiné-Bissau, Úmaro Sissoco Embaló…

Guineenses,

A nossa investidura hoje ao mais alto cargo da Nação, como Presidente de todos os guineenses, representa um novo começo para a Guiné-Bissau, a inauguração de uma nova era de dignidade, paz e progresso para os guineenses.

Candidatamos à mais alta magistratura da NAÇÃO e fomos escolhidos pelo povo da Guiné-Bissau, com larga e inequívoca maioria, para cumprir os objetivos e os sonhos de um povo heróico, nobre e honrado, que vêm sendo sucessivamente adiados e defraudados.

Esta esperança do povo da Guiné-Bissau é a razão fundamental pela qual eu sou hoje investido perante vós, guineenses, traduz a vossa vontade de Mudança.

Por isso estou aqui, para vos servir, para vos honrar, para concretizar os desígnios e anseios de um povo humilde, que foram a razão da nossa Independência, e cuja concretização o povo aguarda há 47 anos.

O balanço dos anos de independência traduz-se lamentavelmente hoje, no falhanço total da concretização dos Sonhos pelos quais lutaram os nossos avós e os nossos pais.

Ao longo de 47 anos, o nosso povo almejou uma vida melhor, que jamais alcançou devido ao o deficit de governação patriótica e da competência e falta de altruísmo, conduziram-nos ao retrocesso e à tragédia coletiva, a tal ponto que hoje temos   piores escolas, piores hospitais, piores infraestruturas no geral.

Guineenses,

Pertencemos à geração do concreto e acreditamos que todos nós, juntos, seremos capazes. A luta da geração do concreto “é uma luta para ter pão, para ter terra, para ter escolas, para ter hospitais, uma luta sobretudo para o desenvolvimento, em suma, para que as nossas crianças não sofram mais.

Essa será a nossa luta.

Será também uma luta para mostrar ao mundo que somos um povo digno, trabalhador e honesto, dignos filhos de Cabral.

Para que se realize o sonho de Amílcar Cabral e dos nossos mártires da independência, que é também o nosso sonho por uma vida melhor, impõe-se, hoje, um novo começo, a Refundação do Estado Guineense e d as suas instituições.

As motivações que juntaram os guineenses na luta pela Independência e a fundação do Estado diluíram-se nas quezílias e lutas intestinas dos últimos 47 anos. Hoje é preciso encontrar novos motivos, novas causas, novas bandeiras para juntar os guineenses em torno de uma Nova Aliança, baseada em aspirações comuns.

Nós vamos Redundar o Estado, congregando as vontades nacionais em torno de novos alicerces, novas causas, consubstanciando valores e aspirações partilhados pelos guineenses no Século XXI.

Essa Nova Aliança traduz-se na   preservação da soberania, na reconciliação nacional, na coesão social e inter-étnica, na estabilidade política,  na igualdade,    justiça e   cidadania para todos, no acesso à educação, à  saúde, à habitação e a infraestruturas e serviços de qualidade, na afirmação do guineense no mundo, na restauração da autoridade do Estado, no primado da Lei e dos direitos humanos, no combate à corrupção, na melhoria da qualidade da governação nacional e local,  na  criação riqueza partilhada numa Nova Sociedade regida pela  solidariedade. Estes novos valores, aspirações e objetivos formarão o cimento que unirá os guineenses em busca de um futuro melhor, de Paz, Justiça, Progresso e Liberdade.

Nos últimos anos de desnorte, desordem e banditismo político o Estado Guineense colapsou e com ele desabaram e ruíram todas as suas traves mestras, as instituições nas quais se traduz a ação do Estado. Por isso é imprescindível a Refundação dessas Instituições, a começar pela Justiça e a Administração pública, atualmente corroídas pela corrupção.

Saliento ainda que o combate feroz à corrupção, ao narcotráfico e ao banditismo constituirão objectivos estratégicos e destacados da minha magistratura.

Este combate sem tréguas ao crime organizado, nacional e transnacional, será um dos vectores fundamentais para a restauração da segurança interna e da dignidade dos guineenses no mundo.  Por isso eu presidirei ao Conselho de Ministros sempre que se tratar da adoção de políticas, estratégias, programas e instrumentos de combate a estes flagelos, pela moralização do Estado e da Sociedade.

Enquanto herdeiro dos nossos heroicos combatentes da liberdade da Pátria, que sou e orgulhosamente oriundo das Forças Armadas, “a minha luta é também uma luta para mostrar à face do mundo que somos gente com dignidade”.

Para tal é essencial promover a credibilização da imagem externa do nosso país, garantindo a assunção plena dos engajamentos da Guiné-Bissau a nível regional, continental e global, voltando a fazer do nosso país um parceiro respeitado na Comunidade das Nações. 

Por isso, eu irei promover iniciativas com vista à promoção e afirmação do prestígio externo da Guiné-Bissau, no quadro de uma ação estratégica que irá converter o nosso país num parceiro útil dos novos actores globais no nosso espaço regional.

Assim potenciaremos os fatores de crescimento económico da Guiné-Bissau, fazendo do nosso país uma terra próspera em proveito de todos os seus filhos.

Para que possamos erguer um Novo Estado, virtuoso e movido por uma visão partilhada por todos os guineenses, eu serei o promotor incansável da Reconciliação Nacional. Uma reconciliação baseada na justiça e na verdade.

Para tal, desde hoje, eu convido todos os guineenses a baixarem as armas do ódio, da intriga e da maledicência, a fim de olharmos todos para os mesmos objetivos e metas: fazer da Guiné-Bissau uma terra de homens e mulheres felizes, vivendo em harmonia, numa Pátria de Justiça, sob o império da Lei, partilhando a riqueza comum dos nossos mares, do nosso subsolo e da nossa terra fértil, em benefício de todos, sem excepção e sem discriminação.

Nós vamos construir um país novo, um país para todos, onde todos são iguais, onde ninguém se sentirá excluído. Esta será a pátria igualitária de todos nós, Felupes, e Jacancas, Balantas e  Fulas, Pepeis e Manjacos,  Mandingas  e Baiotes,  Beafadas e Saraculés,   Mancanhes, Oincas  e Sussus…este será uma país de todos e para todos.

Eu quero daqui dirigir um agradecimento e uma homenagem muito especial a Sua Excelência o Senhor Presidente José Mário Vaz, o Presidente que, devido à sua postura dialogante e de defesa da soberania a e das instituições, inaugurou a era em que os Presidentes guineenses terminam o seu mandato. Senhor Presidente, será sempre para mim uma referência e um Conselheiro de Especial relevância.

O meu agradecimento a todos os candidatos e a todos os Partidos que numa Aliança Patriótica para o Progresso e o Futuro Melhor do nosso país, apoiaram a minha candidatura na segunda volta. A todos o meu profundo reconhecimento e o meu muito obrigado.

Permitam-me uma palavra reconhecimento e de compromisso para com a Juventude e as Mulheres do meu país. Por forma a cumprir os meus compromissos com as Mulheres e com a Juventude, eu farei questão de presidir ao Conselho de Ministros para a aprovação de um Plano Estratégico de Empoderamento da Mulher e um Plano de Acção Nacional para a Juventude.

Gostaria de agradecer a todas e a todos, pela paciência e boa vontade despendidos na busca de uma solução pacífica, justa e duradoura a esta crise artificial inventada em nome dos compromissos assumidos para penhorar a nossa Guiné-Bissau.

Mas gostaria também de agradecer a todos aqueles que se empenharam para eu hoje ser o Presidente de todos os guineenses.  Todos os apoiantes, desde os ilustres conhecidos aos anónimos, o meu muito obrigada de coração.

Por último, quero agradecer ao povo da Guiné-Bissau pela confiança depositada na minha pessoa para dirigir os destinos do nosso País nos próximos 5 anos, tarefa que cumprirei imbuído do mais alto sentimento de patriotismo e responsabilidade.

Guineenses, 

Permitam-me concluir, ressaltando que partir de hoje, serei o Presidente de todos os guineenses, daqueles que me votaram, mas também daqueles que não me votaram, daqueles que, até ontem, eram os meus adversários, mas que a partir de hoje serão meus aliados para construção de um futuro Comum.

O meu lema será servir a todos, todas as etnias, todas as religiões, todas as sensibilidades.  Eu representarei de forma abnegada as aspirações, os sonhos e anseios de todos e cada um, não os interesses, porque eu nunca serei um Presidente de defesa de interesses, sejam quais forem, serei sim, o Presidente da Transformação, da Mudança, da Melhoria e da realização concreta dos sonhos de Paz, Justiça, Progresso e Liberdade de cada guineense.

Bem hajam todos!

Bem-haja a Guiné-Bissau, uma pátria para todos e de todos! Com Odemocrata

Vice-presidente da ANP, Eng.º Nuno Gomes Nabiam, confere posse ao novo chefe de estado guineense


O primeiro Vice-presidente da Assembleia Nacional Popular (ANP), Nuno Gomes Nabiam, conferiu posse esta quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020, ao novo Chefe de Estado guineense eleito a 29 de dezembro de 2019, Úmaro Sissoco Embaló, na sequência de uma sessão extraordinária da Assembleia Nacional Popular convocada para o eleito pela comissão permanente.

A cerimónia de posse “simbólica” de Úmaro Sissoco Embaló para o mais alto cargo da magistratura guineense decorreu numa das unidades hoteleiras da capital Bissau e foi testemunhada pelo presidente da república cessante, José Mário Vaz, bem como por várias individualidades, figuras políticas e centenas de cidadãos provenientes de diferentes bairros da capital Bissau.

O ato foi igualmente testemunhado com a presença do Procurador-Geral da República, Ladislau Embassa, e o presidente do Tribunal de Contas, Dionísio Cabi, como também as presenças dos Embaixadores da Gâmbia e do Senegal. A cerimónia foi marcada por um forte dispositivo de segurança mantida pelos militares da guarda Presidencial.

O primeiro vice-presidente, Nuno Gomes Nabiam, dirigiu a sessão extraordinária na presença da segunda vice-presidente, Hadja Satu Camará. Antes de abertura da sessão, Nabian pediu ao deputado Mamadu Serifo Jaquité do MADEM e o deputado Alberto Djatá do PRS para ocuparem as funções do primeiro e do segundo secretário da mesa da ANP, respetivamente.

Deputado Mamadu Serifo Jaquité foi quem leu a ata do apuramento nacional que confirma a eleição de Úmaro Sissoco Embaló, apoiado por Movimento para Alternância Democrática (MADEM), com 54,55 por cento de votos, contra 46, 45 por cento do seu adversário, Domingos Simões Pereira, candidato do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC). A sessão prosseguiu com a leitura do termo de posse do novo Chefe de Estado da Guiné-Bissau, Úmaro Sissoco Embaló.

No seu discurso de abertura da sessão extraordinária, primeiro vice-presidente da ANP, Nuno Gomes Nabiam, disse que o PAIGC, “na tentativa de inverter os resultados eleitorais”, tentou influenciar o funcionamento do tribunal constitucional, o que para Nuno Nabiam deixa dúvidas sobre a serenidade do partido no poder (PAIGC) em deixar que a vontade expressa pelo povo guineense seja legitimada.

Assegurou que não restam dúvidas que o Úmaro Sissoco Embaló é o justo vencedor, devido à margem da diferença de votos obtidos entre ele e o seu adversário. Revelou no seu discurso que o PAIGC teria obrigado ao Supremo Tribunal de Justiça a jogar um papel ambíguo sobre a escolha feita pelo povo. Frisou que a lei o dá a legitimidade de proceder ao ato na ausência do presidente do parlamento, tendo cumprido os procedentes legais para efetuar o ato.

“Compreendemos a resistência do presidente do parlamento em convocar a Comissão Permanente para o agendamento da investidura do novo presidente”, notou, para de seguida mostrar que lhe estranha a posição do PAIGC quanto à nova maioria no parlamento que conseguiu reunir a Comissão Permanente da ANP.

“A posição desta maioria é para que seja evitada uma manifestação do povo para exigir que seja respeitada sua escolha. Estamos a fazer história e é a primeira vez que se assiste a uma investidura presidencial em que o presidente cessante entrega a faixa ao presidente empossado”, enfatizou. Com Odemocrata