A decisão do adiamento do
congresso, que servirá para a escolha de uma nova liderança do Partido Africano
da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), saiu de uma reunião do Comité
Central realizada no último fim-de-semana em Bissau.
Segundo Óscar Barbosa, ainda não
se decidiu sobre a data da realização do conclave mas o Comité Central aprovou,
em princípio, o mês de maio e manteve a cidade de Cacheu (no norte) como palco
da reunião.
Com a marcação do congresso do
PAIGC para maio o partido está a admitir implicitamente que as eleições gerais,
projetadas para abril, já não vão ter lugar nessa data.
O porta-voz do PAIGC adiantou
igualmente que o partido irá assinar o Pacto e o Acordo Político de Transição
(dois instrumentos que regem o período de transição em curso no país) como
forma de "acelerar o retorno à normalidade constitucional",
interrompida com o golpe de Estado de 12 de abril passado.
Questionado sobre se com a
assinatura do Pacto de Transição (rubricado pela maioria de partidos
guineenses) o PAIGC não estaria a legitimar o golpe de Estado, Óscar Barbosa
disse que não é esse o entendimento.
"Não nos interessa
legitimar ou deixar de legitimar o golpe. O nosso posicionamento sobre o golpe
é claro, condenamos o golpe de Estado, mas temos que admitir e aceitar que o
diálogo guineense conduz a que obrigatoriamente o PAIGC não possa ser parte
contrária ao entendimento nacional que urge e que é necessário", notou
Óscar Barbosa.
O porta-voz do PAIGC adiantou
que o Comité Central analisou e admitiu a possibilidade de perdoar os
dirigentes do partido que incorrem em processo disciplinar, incluindo suspensão
de militância, por terem apoiado um candidato independente nas últimas eleições
presidenciais.
Entre os dirigentes que se
encontram nessa situação está o atual Presidente de transição, Serifo Nhamadjo.
"Há um princípio de
aceitação da reconciliação. O conselho nacional de jurisdição, que é um órgão
independente, vai fazer sair as sanções e depois virá a reconciliação. Ninguém
é indultado sem que haja a pena", observou Barbosa.
"O perdão já está. É um
princípio praticamente assumido superiormente pelo partido. Inclusive o
camarada Manuel Saturnino da Costa (atual presidente em exercício) diz que há
necessidade de convocar todos os militantes (a serem sancionados) para
falarmos, olhos nos olhos, criticarmo-nos uns aos outros e só depois é que
vamos avançar para a reconciliação. Este é o desejo expresso no Comité Central
pela grande e esmagadora maioria de militantes", disse o porta-voz do
PAIGC.
Sem comentários :
Enviar um comentário
COMENTÁRIOS
Atenção: este é um espaço público e moderado. Não forneça os seus dados pessoais (como telefone ou morada) nem utilize linguagem imprópria.