No Publico
Novo rei de Espanha jurou Constituição perante as
duas câmaras do Parlamento.
Felipe VI anunciou esta manhã na cerimónia da sua
proclamação como rei de Espanha, uma “monarquia renovada para um tempo novo”.
Num discurso de 30 minutos perante as Cortes – o conjunto de deputados e
senadores – e o Governo espanhol, o monarca fez uma antevisão do seu reinado.
“Uma nação não é apenas a história mas um projecto
integrador para o futuro, trabalhemos todos juntos nos objectivos comuns do
século XXI”, disse o novo rei. Nesta frase, Felipe VI sintetizou o seu
programa. E, com a repetição, por duas vezes, do anúncio de uma “monarquia
renovada para um tempo novo”, deixou o título para a imprensa e o objectivo que
preside ao seu reinado.
“Saberei honrar este juramento, serei um chefe de
Estado leal, disposto a escutar, a aconselhar e a defender os interesses
gerais”, disse. Felipe VI jurou colocando a mão sobre um exemplar da
Constituição de 1978, num gesto solene e novo. O seu pai, Juan Carlos I, jurou
o seu cargo com a mão sobre os Santos Evangelhos.
No discurso de proclamação, o novo rei de Espanha
não evitou temas delicados para a monarquia, submetida nos últimos três anos a
um acentuado desgaste devido à fraude fiscal de que é acusada a Infanta
Cristina e o seu marido, Iñaki Urgandarin, que desde as zero horas desta
quinta-feira deixaram de ser família real para serem família do rei, e que
ontem estiveram ausentes na cerimónia de proclamação.
O rei falou de uma “atitude honesta e transparente”,
defendeu a vigência dos princípios “morais e éticos” e sublinhou a necessidade
da exemplaridade na vida política, com “o Rei à cabeça do Estado”. Um
compromisso com os cidadãos.
Depois de se referir às vítimas do terrorismo e dos
que morreram “por defender a liberdade”, Felipe VI defendeu “a proximidade com
os afectados pela crise económica” e colocou “os cidadãos e as suas
preocupações” no eixo da acção política.
A parte mais esperada, e antecipadamente difícil do
seu discurso de proclamação – acordado com o Governo – , era a do Estado
autonómico. “Tenho fé na unidade de Espanha que não é uniformidade, uma
diversidade que nasce de uma história”, disse o monarca. “Em Espanha convivem
culturas e tradições diversas”, destacou, para, de seguida, defender “a
igualdade entre os espanhóis”, porque, sublinhou, “cabem todas as formas de nos
sentirmos espanhóis.”
Apesar de ter defendido a promoção das línguas do
Estado espanhol e de se ter despedido em castelhano, euskera, catalão e galego,
o discurso de Felipe VI não foi aplaudido pelos presidentes autonómicos do País
Basco e da Catalunha. Iñigo Urkullu e Artur Mas compareceram por respeito
institucional à sessão desta manhã, mas não aplaudiram o enunciado genérico do
programa do novo reinado. “Devemos superar o que nos separa e aprofundar o que
nos une”, proclamou o monarca. O desejo fica registado, foi ouvido pelos
nacionalistas que, contudo, não o consideraram suficiente.
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