quinta-feira, 19 de junho de 2014

Felipe VI anuncia “monarquia renovada para um tempo novo”


Por Nuno Ribeiro

Novo rei de Espanha jurou Constituição perante as duas câmaras do Parlamento.

Felipe VI anunciou esta manhã na cerimónia da sua proclamação como rei de Espanha, uma “monarquia renovada para um tempo novo”. Num discurso de 30 minutos perante as Cortes – o conjunto de deputados e senadores – e o Governo espanhol, o monarca fez uma antevisão do seu reinado.

“Uma nação não é apenas a história mas um projecto integrador para o futuro, trabalhemos todos juntos nos objectivos comuns do século XXI”, disse o novo rei. Nesta frase, Felipe VI sintetizou o seu programa. E, com a repetição, por duas vezes, do anúncio de uma “monarquia renovada para um tempo novo”, deixou o título para a imprensa e o objectivo que preside ao seu reinado.

“Saberei honrar este juramento, serei um chefe de Estado leal, disposto a escutar, a aconselhar e a defender os interesses gerais”, disse. Felipe VI jurou colocando a mão sobre um exemplar da Constituição de 1978, num gesto solene e novo. O seu pai, Juan Carlos I, jurou o seu cargo com a mão sobre os Santos Evangelhos.

No discurso de proclamação, o novo rei de Espanha não evitou temas delicados para a monarquia, submetida nos últimos três anos a um acentuado desgaste devido à fraude fiscal de que é acusada a Infanta Cristina e o seu marido, Iñaki Urgandarin, que desde as zero horas desta quinta-feira deixaram de ser família real para serem família do rei, e que ontem estiveram ausentes na cerimónia de proclamação.

O rei falou de uma “atitude honesta e transparente”, defendeu a vigência dos princípios “morais e éticos” e sublinhou a necessidade da exemplaridade na vida política, com “o Rei à cabeça do Estado”. Um compromisso com os cidadãos.

Depois de se referir às vítimas do terrorismo e dos que morreram “por defender a liberdade”, Felipe VI defendeu “a proximidade com os afectados pela crise económica” e colocou “os cidadãos e as suas preocupações” no eixo da acção política.

A parte mais esperada, e antecipadamente difícil do seu discurso de proclamação – acordado com o Governo – , era a do Estado autonómico. “Tenho fé na unidade de Espanha que não é uniformidade, uma diversidade que nasce de uma história”, disse o monarca. “Em Espanha convivem culturas e tradições diversas”, destacou, para, de seguida, defender “a igualdade entre os espanhóis”, porque, sublinhou, “cabem todas as formas de nos sentirmos espanhóis.”

Apesar de ter defendido a promoção das línguas do Estado espanhol e de se ter despedido em castelhano, euskera, catalão e galego, o discurso de Felipe VI não foi aplaudido pelos presidentes autonómicos do País Basco e da Catalunha. Iñigo Urkullu e Artur Mas compareceram por respeito institucional à sessão desta manhã, mas não aplaudiram o enunciado genérico do programa do novo reinado. “Devemos superar o que nos separa e aprofundar o que nos une”, proclamou o monarca. O desejo fica registado, foi ouvido pelos nacionalistas que, contudo, não o consideraram suficiente.

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