- Suka N’Tchama e Fernando Delfim da Silva apresentam depoimentos por escrito
- Suspeito Calido Baldé teria viajado para Marrocos no passado dia 1 de Dezembro
- Cerca de duas dezenas de técnicos afectos à Migração, à Guarda Nacional e ao SIE temporariamente suspensos
Por
Umaro Djau, Editor, GBissau.com
O
processo “administrativo” iniciado pelo Governo de Transição da Guiné-Bissau,
para averiguar o caso dos 74 sírios que viajaram de Bissau para Lisboa com
passaportes falsos, vai ser concluído hoje, revelou à GBissau.com uma fonte com
o conhecimento da matéria.
O
referido processo vai ser remetido para o Conselho de Ministros que tem uma
reunião marcada para amanhã, quarta-feira. Os membros do Governo vão analisar
as conclusões desta comissão inter-ministerial.
Liderada
pelo Ministro da Justiça, Mamadú Saliu Baldé, fazem parte da comissão os
ministros do Interior e dos Negócios Estrangeiros, respectivamente Suka
N’Tchama e Fernando Delfim da Silva. Contrariamente daquilo que tinha sido
anunciado, Suka N’Tchama e Delfim da Silva prestarão esclarecimentos apenas por
escrito.
De
acordo com a nossa fonte, os depoimentos de Suka N’Tchama e Fernando Delfim da
Silva, ainda hoje, irão completar o trabalho preliminar já desenvolvido pela
Polícia Judiciária guineense. A peça central de tal investigação foi a detenção
e a audição de um empresário guineense, Calido Baldé. A PJ já remeteu o
resultado da sua investigação ao Ministério Público guineense.
Também
ontem, segunda-feira, foi ouvido o chefe de escala da TAP, Iancuba Corobó,
sobre a tal “pressão” que o mesmo teria sofrido da parte de um membro do
Governo, durante o check-in e o processo de embarque dos passageiros. A
deposição de Iancuba Corobó já terá sido entregue à comissão de inquérito
criada pelo governo de transição.
Mas,
em Bissau as atenções estão centradas sobretudo no empresário Calido Baldé,
considerado uma “figura central” no alegado recrutamento de 74 passageiros com
passaportes “falsos” que viajaram no dia 10 de Dezembro num voo da TAP (TP202)
de Bissau para Lisboa, conforme disse uma fonte da Polícia Judiciária à
GBissau.com.
De
acordo com o titular da pasta dos negócios estrangeiros, os viajantes com
vistos de trânsito (e possivelmente de turismo) na Guiné-Bissau “chegaram com
passaportes da Síria e partiram com passaportes da Turquia”.
E
o facilitador desse processo terá sido Calido Baldé, alegam as autoridades
governamentais e judiciais guineenses, de acordo com as informações de que a
GBissau.com teve acesso.
De
acordo com uma fonte governamental guineense, Calido Baldé teria alegadamente
viajado para Marrocos no dia 1 de Dezembro, para tratar do assunto da viagem
dos sírios. No dia seguinte, 2 de Dezembro, a Embaixada da Guiné-Bissau em
Marrocos enviou uma notificação ao Ministério dos Negócios Estrangeiros sobre a
concessão dos vistos ao grupo. Essa correspondência foi por via electrónica
(e-mails), soube a GBissau.com.
Embora
as delegações diplomáticas do MNE continuem a usar “esporadicamente” o circuito
da correspondência pela via aérea (principalmente o serviço DHL), os diplomatas
guineenses têm encontrado métodos mais baratos ou gratuitos, neste caso, a
correspondência electrónica (e-mails).
Ainda
de acordo com uma fonte da GBissau.com, Calido Baldé, sem especificar a data,
terá alegadamente regressado à Bissau, na companhia de um cidadão marroquino
que terá sido, presumivelmente, um dos possíveis implicados no caso. Esse
marroquino já não se encontra no território guineense, adiantou a mesma fonte.
E
no âmbito destas investigações, o Ministério do Interior mandou suspender mais
de vinte (20) funcionários de Estado. São maioritariamente elementos afectos ao
Serviço de Informação do Estado (SIE) da Guiné-Bissau, aos Serviços da Migração
e à Guarda Nacional. A medida de suspensão visa evitar quaisquer “perturbações”
ao processo, alegam as autoridades nacionais.
Amanhã,
18 de Dezembro, todos esses “desdobramentos” investigativos serão apresentados
ao Conselho de Ministros. As autoridades guineenses querem resolver esta crise
diplomática o mais rápido possível e, consequentemente, tentar sarar as feridas,
confessou uma fonte governamental à GBissau.com.
Desmentida
a tese inicial de uma eventual “coação armada”, mesmo assim em Bissau pairam
muitas dúvidas sobre as implicações reais deste grande imbróglio que,
preocupantemente, vai ganhando dimensões internacionais.
O
problema maior será, no entanto, como lidar com os possíveis cúmplices,
sobretudo se se verificarem possíveis sinais de “coação moral” por parte de
algum membro deste Governo de Transição na Guiné-Bissau.
//
GBissau.com
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