Editorial de António Nhaga
No Odemocrata hoje
As questões que assumiram, nos últimos
tempos, a relevância na esfera pública nacional provam, sem margem para dúvida,
que o Estado tornou-se um espaço de querelas inúteis dos dirigentes. Por isso,
a gestão dos assuntos públicos é feita com uma certa dose de individualismo.
Protagonismo. O que deforma e de que maneira a qualidade da nossa esfera
pública que transformou, neste contexto de mediatização generalizada dos
assuntos de Estado, num mero espaço de visibilidade de figuras públicas
nacionais que criam, sem necessidade, tensões fragmentárias no espaço público.
Os fatores que mais contribuíram para as
tensões fragmentárias no nosso país destacam ambições pessoais e pressão do
mercado eleitoral com vista apresentar uma nova imagem distinta dos pretéritos
governantes guineenses. Mas, infelizmente, os traços mais vincados desta
pretensão de instaurar uma nova imagem na resolução de assuntos de Estado estão
ligados ao mercado de ostentação para Zé-povinho de Bandim ver do que reais
intenções em resolver verdadeiramente o problema de Estado da Guiné-Bissau.
Há fórum próprio e dispositivos legais
constitucionais para resolver os problemas que emergem na definição das
políticas públicas de Estado da Guiné-Bissau. Os assuntos de Estado não deviam
ser resolvidos na praça pública, como tem acontecido, através de “entrelinhas
de comunicados ou a margem de declarações, eventos” ou ainda através de
silêncio inconfesso.
Aliás, o Zé-povinho de Bandim ficou
agora com a ideia que, se nos governos sob a presidência da Sua Ex.ª Dr. Koumba Yalá reinava o sentido de nomear e desnomear em fracções de segundos, este
governo de Domingos Simões Pereira, sob presidência do Presidente José Mário
Vaz, a regra de oiro é silêncio.
Ninguém compreende a razão de não nomear
até então um novo Ministro de Administração Interna. Um Ministério tão
importante na vida do nosso país porquanto é o garante da segurança interna dos
nossos cidadãos. Será que este silêncio e atraso de nomeação do novo Ministro
de Administração Interna deve-se ao facto de pessoas que afastaram Botche Candé
reconhecerem agora que ele tinha razão? Ou é mais uma guerra palaciana
silenciosa, de sempre, que marcou o início da nossa jovem democracia?
Os guineenses não estão mais
interessados em guerras palacianas silenciosas que desembocam na comunicação
pública de gestão da nossa economia rendeira. A nossa economia rendeira não
pode nem deve ser o objeto de conflito entre o Presidente da República José
Mário Vaz e o Primeiro-ministro Domingos Simões Pereira sob olhar atento do
Presidente de Assembleia Cipriano Cassamá. Se na verdade há uma guerra
palaciana silenciosa entre Primatura e Presidência, então a imprensa tem e deve
“Meter mão na Lama” para trazer ao público a verdade.
Como disse e muito bem, o Presidente da
República José Mário Vaz, a imprensa tem o direito e dever de tornar público,
tudo o que está relacionado com interesse nacional – independentemente do órgão
da soberania, má gestão das nossas políticas públicas.
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