quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Guiné-Bissau, povo não deve pagar fatura de querelas do protagonismo dos dirigentes!

Editorial de António Nhaga
No Odemocrata hoje

As questões que assumiram, nos últimos tempos, a relevância na esfera pública nacional provam, sem margem para dúvida, que o Estado tornou-se um espaço de querelas inúteis dos dirigentes. Por isso, a gestão dos assuntos públicos é feita com uma certa dose de individualismo. Protagonismo. O que deforma e de que maneira a qualidade da nossa esfera pública que transformou, neste contexto de mediatização generalizada dos assuntos de Estado, num mero espaço de visibilidade de figuras públicas nacionais que criam, sem necessidade, tensões fragmentárias no espaço público.

Os fatores que mais contribuíram para as tensões fragmentárias no nosso país destacam ambições pessoais e pressão do mercado eleitoral com vista apresentar uma nova imagem distinta dos pretéritos governantes guineenses. Mas, infelizmente, os traços mais vincados desta pretensão de instaurar uma nova imagem na resolução de assuntos de Estado estão ligados ao mercado de ostentação para Zé-povinho de Bandim ver do que reais intenções em resolver verdadeiramente o problema de Estado da Guiné-Bissau.

Há fórum próprio e dispositivos legais constitucionais para resolver os problemas que emergem na definição das políticas públicas de Estado da Guiné-Bissau. Os assuntos de Estado não deviam ser resolvidos na praça pública, como tem acontecido, através de “entrelinhas de comunicados ou a margem de declarações, eventos” ou ainda através de silêncio inconfesso.

Aliás, o Zé-povinho de Bandim ficou agora com a ideia que, se nos governos sob a presidência da Sua Ex.ª  Dr. Koumba Yalá reinava o sentido de nomear e desnomear em fracções de segundos, este governo de Domingos Simões Pereira, sob presidência do Presidente José Mário Vaz, a regra de oiro é silêncio.

Ninguém compreende a razão de não nomear até então um novo Ministro de Administração Interna. Um Ministério tão importante na vida do nosso país porquanto é o garante da segurança interna dos nossos cidadãos. Será que este silêncio e atraso de nomeação do novo Ministro de Administração Interna deve-se ao facto de pessoas que afastaram Botche Candé reconhecerem agora que ele tinha razão? Ou é mais uma guerra palaciana silenciosa, de sempre, que marcou o início da nossa jovem democracia?

Os guineenses não estão mais interessados em guerras palacianas silenciosas que desembocam na comunicação pública de gestão da nossa economia rendeira. A nossa economia rendeira não pode nem deve ser o objeto de conflito entre o Presidente da República José Mário Vaz e o Primeiro-ministro Domingos Simões Pereira sob olhar atento do Presidente de Assembleia Cipriano Cassamá. Se na verdade há uma guerra palaciana silenciosa entre Primatura e Presidência, então a imprensa tem e deve “Meter mão na Lama” para trazer ao público a verdade.


Como disse e muito bem, o Presidente da República José Mário Vaz, a imprensa tem o direito e dever de tornar público, tudo o que está relacionado com interesse nacional – independentemente do órgão da soberania, má gestão das nossas políticas públicas.

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