No
Odemocrata hoje
A luta pela emancipação das mulheres
marcou e continua a marcar as páginas da história da humanidade. Em cada canto
de globo terrestre, as mulheres reclamam e querem que sejam corrigidas
injustiças incorporadas nas práticas culturais e sempre perpetuadas nas
estruturas de Estado moderno.
A legitimidade da luta pela emancipação
feminina é indiscutível e concerne tanto homens como mulheres. Contudo, é
urgente na nossa opinião reenquadrar o debate a volta desta importante temática
no nosso país, tendo em conta a proliferação de discursos e abordagens simplistas
sobre o tema. Há vozes que entendem que basta tirar um decreto ou aprovar uma
lei, se pode mudar a condição da mulher guineense. Falso. É preciso atacar as
raízes do problema.
A questão da fixação da quota a favor
das mulheres nas instituições da República, com destaque para o governo e o
Parlamento, carece de sustentabilidade e cheira um pouco de facilitismo e
populismo. A verdade deve ser dita à camada intelectual das mulheres
guineenses. As principais promotoras de acções de reivindicação, de advocacia a
favor da participação política das mulheres, estão fora das estruturas dos
partidos políticos legalmente constituídos.
Falam da participação política mas têm
medo de assumir a vida partidária activa. As nossas mulheres, as mulheres deste
país devem abandonar discursos, retóricas, e fazer a política de forma clara e
engajada. Só assim será possível inverter os indicadores actuais desfavoráveis
às mulheres.
Os dados do Fundo das Nações Unidas para
Infância (UNICEF) publicados em 2013, indicam que na Guiné-Bissau o
analfabetismo nas mulheres situa-se aos 64% contra 47% nos homens.
Adopção de declarações, a semelhança
daquela de Canchungo entregue recentemente aos órgãos de soberania, não terá
grande impacto na participação das mulheres na vida pública, pelo contrário,
pode contribuir no adiamento de um verdadeiro debate nacional sobre a questão.
O Parlamento, o Governo, a Presidência
enquanto órgãos do poder de Estado devem ser dirigidos por pessoas (mulheres e
homens) vestidas de legitimidade popular. Reclamar o direito de assumir postos
de responsabilidade no sistema é uma mera fuga para frente.
Este país já conta com várias mulheres
Engenheiras, Médicas, Sociólogas, Advogadas, Enfermeiras…, capazes de
participar positivamente na construção do ideal democrático à condição que elas
saibam assumir plenamente o seu papel político na sociedade a semelhança de
Titina Silá e demais heroínas nacionais que tiveram a coragem de erguer a
cabeça ao lado dos homens. A actual geração de mulheres intelectuais guineenses
deve sair da sombra e fazer a política activa. Não há dúvidas de que se deve
rever a lei-quadro dos partidos políticos com vista a uma participação feminina
quer nas listas à deputação, quer na atribuição de responsabilidades nos cargos
de tomada de decisões depois das eleições. Para isso, as mulheres devem ter a
coragem de embarcar no comboio do combate político. Têm de passar de estatuto
de simpatizantes para o de militantes! O futuro está nas vossas mãos!
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