O presidente da Assembleia Nacional
Popular (ANP) da Guiné-Bissau, Cipriano Cassamá, considerou hoje que a
população se questiona sobre se o país deve ou não ponderar uma alteração
"radical" à Constituição semipresidencialista.
"Será que o nosso modelo
semipresidencialista anda de boa saúde? Vamos preservar o modelo vigente e
limitarmo-nos apenas a corrigir as suas prováveis deficiências, suas conhecidas
lacunas" ou "será que vamos ter que ponderar uma alteração mais
radical do regime constitucional", questionou.
O presidente da ANP disse que as
perguntas que hoje fez são as que são colocadas pelos guineenses.
"Quero apenas fazer eco de algumas
das suas preocupações", referiu.
Cipriano Cassamá falava na tomada de
posse da comissão parlamentar de revisão constitucional, que inclui elementos
de todos os partidos representados na ANP.
Sem apontar um caminho, aquele dirigente
pediu aos membros da comissão que não haja "tabus".
"Não pode haver tabus, nem temas
proibidos no projeto de revisão constitucional", destacou.
A atual Constituição de 1996 "deixa
espaço para diferentes interpretações", o que acaba por provocar conflitos
políticos e militares crónicos, alertou Seidiba Sani, deputado do PAIGC e
presidente da comissão.
"A Constituição tem que ter
disposições claras" e "muita precisão", sublinhou.
Na próxima semana, a comissão deverá
reunir-se para definir um cronograma de trabalho.
Já não é a primeira comissão empossada
para a tarefa, mas espera-se que desta vez chegue a uma conclusão.
O objetivo é chegar a uma proposta de
texto constitucional, a ser sujeita a debate público antes da redação final, a
sujeitar depois a aprovação parlamentar, referiu Seidiba Sani.
A experiência constitucional "dos
últimos 20 anos não foi das melhores (...) Temos que saber tirar lições desse
passado político negro, muito conturbado", referiu Cipriano Cassamá.
"Sobretudo devemos ser capazes de
fazer refletir os ensinamentos no plano do constitucionalismo guineense
atualizado", concluiu.
//Lusa//IBD
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