Os ex-militares angolanos que
reivindicam o pagamento de indemnizações e salários em atraso anunciaram hoje
uma manifestação em Luanda, a 02 de Maio, face à falta de garantias do
Presidente da República, José Eduardo dos Santos.
A informação foi anunciada no final de
uma reunião destes ex-militares e ex-funcionários da Casa Militar da
Presidência da República angolana, realizada hoje no Cazenga, arredores de
Luanda, e que reuniu várias centenas destes elementos.
"Caso o camarada Presidente não nos
receba durante a semana, no dia 02 de maio o pessoal vai sair à rua para
reclamar os seus direitos. Esta manifestação não é de manifestantes, é de
militares e se a polícia não tiver um comportamento adequado, nós também vamos
reagir", advertiu, em declarações à Lusa, Mário Faustino, um dos elementos
da organização da reunião de hoje.
Este encontro contou com a participação
de três plataformas representativas de ex-militares não desmobilizados,
militares desmobilizados e ex-funcionários da Casa Militar, que reclamam o
pagamento de indemnizações e salários em atraso, desde 2010.
A este grupo juntar-se-á, numa reunião
já agendada para quarta-feira, o apoio de ex-militares das forças armadas,
através de outras duas organizações.
"Fomos postos na rua sem nada. Há
retroativos, indemnizações e salários por pagar, apesar das promessas de vários
generais, que não cumpriram. Agora queremos o contacto direto com o
Presidente", afirmou Mário Faustino.
O pedido de autorização para a
realização da manifestação de 02 maio vai dar entrada na terça-feira, no
Governo Provincial de Luanda, tratando-se, acrescentou, de um "protesto
pacífico".
"Os polícias que existem em Angola
não têm mais técnica que os ex-militares. Nós não queremos que eles ajam com
violência para nós também não partirmos para a violência, porque todo o pessoal
está mesmo frustrado", disse ainda o porta-voz deste movimento.
A polícia angolana foi chamada a
intervir, em junho de 2012, para travar uma outra manifestação do género em
Luanda, convocada por ex-militares, tendo sido disparados tiros para o ar,
alegando as autoridades que o protesto não estava autorizado.
Os ex-militares exigiam então o
pagamento de subsídios, a integração na Caixa de Previdência e Segurança Social
do Ministério da Defesa, em vez de continuarem inscritos nos serviços de
segurança social dos Antigos Combatentes ou do regime geral, entre outras
revindicações.
Essa manifestação ficou ainda marcada
pelo rapto, na via pública, em Luanda, dos ex-militares Alves Kamulingue e
Isaías Cassule, que tratavam da organização do protesto.
Os corpos nunca foram recuperados e o
caso terminou com a condenação pelo tribunal, já em março último, de vários
elementos da polícia e dos serviços secretos angolanos, com penas até 17 anos
de prisão, pelos crimes de rapto e homicídio dos dois.
//Lusa
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