segunda-feira, 6 de julho de 2015

Passos aterra segunda-feira na Guiné-Bissau para promover a democracia?

Primeiro-ministro participa este domingo nas comemorações do 40.º aniversário da independência de Cabo Verde, antes de partir para a sua primeira visita ofical à Guiné-Bissau e aasinar o Programa Estratégico de Cooperação até 2020

O primeiro-ministro português inicia hoje uma visita a Cabo Verde, onde participará nas comemorações do 40.º aniversário da independência deste país, de lá partindo para a sua primeira visita oficial à Guiné-Bissau, na segunda-feira.

Durante essa visita oficial, será assinado o Programa Estratégico de Cooperação entre Portugal e a Guiné-Bissau para 2015-2020, ao qual está associada uma verba de cerca de 40 milhões de euros para promover a democracia e o desenvolvimento deste país da África Ocidental, que tem um histórico de instabilidade política.

Acompanham Pedro Passos Coelho nas deslocações a Cabo Verde e à Guiné-Bissau o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, e o ministro da Saúde, Paulo Macedo.

Hoje, na Cidade da Praia, o primeiro-ministro português vai participar nas comemorações do 40.º aniversário da independência de Cabo Verde, a convite do seu homólogo cabo-verdiano, José Maria Neves, e aproveitará a ocasião para contactos institucionais.

Segundo o programa distribuído à comunicação social, o chefe do Governo PSD/CDS-PP será recebido por José Maria Neves, com quem dará uma conferência de imprensa, e pelo presidente da Assembleia Nacional de Cabo Verde, Basílio Ramos.

Mais tarde, Passos Coelho estará com o Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, num 'cocktail' oferecido por este no âmbito das cerimónias do 40.º aniversário da independência deste país, com o qual, segundo fonte diplomática, Portugal mantém "excelentes relações".

À noite, o primeiro-ministro português segue para a Guiné-Bissau, para na segunda-feira realizar a sua primeira visita oficial a este país, a convite do seu homólogo guineense, Domingos Simões Pereira.

Na Guiné-Bissau, além de se reunir com as autoridades políticas guineenses, Passos Coelho fará uma visita à equipa portuguesa que instalou um laboratório neste país para ajudar na deteção do vírus Ébola, à qual deverá entregar cinco telefones por satélite.
Oficialmente, não houve até agora casos de Ébola na Guiné-Bissau.

Para além de dar formação e ajudar a prevenir e detetar o vírus Ébola, essa equipa portuguesa, que conta com profissionais do Instituto Ricardo Jorge e do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), já deu apoio local ao controlo de surtos de sarampo e de meningite.

O Acordo Estratégico de Cooperação entre Portugal e a Guiné-Bissau 2015-2020 será assinado no final de uma reunião entre os primeiros-ministros português e guineense, que darão uma conferência de imprensa conjunta.

Em março deste ano, realizou-se em Bruxelas uma Conferência Internacional de Doadores para Guiné-Bissau, para consolidar a democracia, reforçar o Estado de direito, acelerar a retoma económica deste país e melhorar as condições de vida dos guineenses.

Na altura, Portugal comprometeu-se com um apoio de aproximadamente de 40 milhões de euros, a concretizar através de um novo Programa Estratégico de Cooperação com a Guiné-Bissau para os próximos anos, a assinar até junho.

Durante esta visita de um dia, Passos Coelho terá também reuniões com o Presidente da República, José Mário Vaz, e com o presidente da Assembleia Nacional Popular da Guiné-Bissau, Cipriano Cassamá.

O programa inclui ainda um seminário económico, no qual estará o presidente da Agência Portuguesa para o Investimento Externo de Portugal, Miguel Frasquilho, uma receção à comunidade portuguesa - estão registadas nesta secção consular 7 mil pessoas - e um encontro com o representante especial do secretário-geral das Nações Unidas na Guiné-Bissau, Miguel Trovoada.

2 comentários :

  1. 'Não se pode impor um segundo sofrimento', defende psicóloga. Passos criticado por aproveitamento político.

    Laura Ferreira apareceu em público sem cabelo. A mulher do primeiro-ministro mostrou as consequências da batalha contra o cancro e essa imagem – num tempo em que o frame vale muito mais que mil palavras e em que as eleições marcam o horizonte político – gerou críticas violentas nas redes sociais.

    Foi a primeira vez que Laura Ferreira acompanhou uma visita oficial do chefe de governo desde que lhe foi diagnosticado cancro, no ano passado. A visita de dois dias teve um pormenor importante: a comitiva passou por Guiné-Bissau e Cabo Verde, precisamente os locais onde a mulher de Passos Coelho nasceu e cresceu. Mas foi a imagem de Laura Ferreira, sem lenços nem perucas, publicada na primeira página de um jornal diário, que gerou críticas de aproveitamento político da sua situação de saúde.

    O caso não tem precedentes na história políticaem Portugal, porque junta a mulher de um alto responsável político e uma doença que carrega um enorme estigma social. A questão torna-se, por isso, incontornável: deve a mulher do ex-primeiro-ministro evitar a exposição pública nos meses que faltam até às eleições do Outono?

    “Não se pode impor um segundo sofrimento, ocultar o que aconteceu” para evitar essa atenção mediática, considera Albina Dias, psicóloga e coordenadora da Unidade de Psico-Oncologia do núcleo regional Sul da Liga Portuguesa Contra o Cancro.

    “Não se trata de dizer que há um certo ou um errado, a pessoa tem de estar confortável com o que está a fazer”, acrescenta Maria Jesus Moura. A directora clínica da unidade de Cuidados de Suporte e Oncologia Psicossocial do Instituto Português de Oncologia de Lisboa sublinha que a forma como se lida com os sinais exteriores dos tratamentos contra o cancro variam de pessoa para pessoa. O próprio peso simbólico que a perda de cabelo tem é diferente em função da idade dos doentes.

    Essa é, de resto, umas das cinco grandes barreiras psicológicas com que os doentes lidam depois do diagnóstico: as alterações da imagem corporal e da integridade física. “O cancro é uma doença muito estigmatizada, com muitos tabus, e os doentes são muitas vezes vistos como condenados”, destaca Albina Dias. E, na verdade, os números até contrariam essa percepção generalizada de que o sucesso no combate à doença é reduzido.

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  2. colher que frutos? Desde que perdeu o cabelo, a atitude de LauraFerreira tem sido sempre a mesma: não esconder, não ter vergonha. Nas duas vezes que saiu para jantar com PassosCoelho, perto de casa, fê-lo da mesma forma – sem adereços. Mas, nas redes sociais, a reacção foi implacável. A três meses das eleições, Passos Coelho estaria a usar a doença da mulher em proveito próprio.

    Rodrigo Moita de Deus duvida que um calculismo político a esse nível pudesse trazer benefícios eleitorais.

    “Evidentemente que a imagem, que é muito forte, humaniza o primeiro-ministro. Mas o governo não será avaliado por Laura, não é por isso que o desemprego vai descer ou os salários vão subir no dia das eleições”, considera o consultor de comunicação política, com rodagem em campanhas eleitorais.

    Um psicólogo social que prefere manter o anonimato rejeita ao i que haja “consequências directas” da exposição. “Este caso pode ajudar a reforçar ou a atenuar a imagem que já se tem, mas não permite fazer uma conversão da imagem” política que os eleitores já tenham formado acerca de Passos Coelho.

    Distanciando-se das leituras políticas, Albina Dias destaca o impacto anímico que a atitude da mulher do ex-primeiro-ministro pode ter noutros doentes. “Parece um gesto muito simples, mas é corajoso e pode ajudar muita gente. Pode levar outros a pensar que qualquer pessoa pode ter cancro e pode continuar a ter uma vida.”

    Mostrar a sua imagem – o preço físico que pagou por ter cancro – foi o caminho escolhido por Laura Ferreira. Há outras opções, e cabe a cada doente escolher as “ferramentas” com que parte para a batalha. Por ser uma figura pública, a decisão da mulher do primeiro-ministro tem uma dimensão maior. Há 24 anos a lidar com doentes oncológicos, Maria Jesus Moura também se mantém distante das reacções à opção de Laura Ferreira. Mas não esconde que “é muito fácil fazer interpretações quando não se vivem os problemas, quando se está distante da realidade”.

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