Diz-se, jamais
os seres humanos se conformarão ou se acostuma com a morte, pois, não foram
criados para ter esse fim, apesar de antecipadamente, terem consciência desse
seus fim, e de há muito tempo estar à lidar com ela (morte).
Faleceu Dr. Koumba Yalá, antigo presidente da
República da Guiné-Bissau. Aliás, partiu para o destino posterior de vida de
todos seres humano, apesar de um modo não muito comum, mas, deixou corações
magoados dos familiares, amigos, etc…
Segundo testemunhou Dr. Martinho Cobdé Nhanca Ialá,
sobrinho e médico pessoal do Ex-Presidente:
“Os ponteiros do meu relógio que estava afixado numa
das paredes que contornam a minha sala de visita, indicavam zero horas e alguns
minutos, foi quando inesperavelmente tocou o meu celular. Atendi, era Dr.
Koumba, depois de tomar banho, ao chegar de uma longa viagem, depois de um
comício no sul de pais, com o candidato independente às eleições presidencial,
à que apoia, Eng°. Nuno Gomes Nabiam. Me anunciou que sabia que vai morrer, por
isso, queria morrer na minha casa, sendo filho mais velho, assim poderei cuidar
dos mais novos. Entretanto, respondi que estarei lhe esperando em casa.
Minutos depois, senti alguém na porta, não hesitei,
deduzi logo que era Dr. Koumba. Abri a porta. Entrou, e lhe perguntei, mas o
que está havendo, por me fez anuncio da sua morte?
Respondeu me: “nada, chegou a minha vez, vou atender
ao chamado do SENHOR, portanto, vou lhe recomendar sobre como pretendo que
tratem o meu corpo e como devem me render as últimas homenagens.”
Pediu que realizemos as cerimônias fúnebres após o anúncio
dos resultados finais das eleições gerais, para não paralisar o pais, nem por
um segundo, e interromper o processo de eleição geral, já em curso, pois, Eng.°
Nuno Gomes Nabiam será o grande vencedor da mesma.
E, ironicamente, lhe perguntei se o Eng°. Nuno vier
a sair derrotado?
Respondeu que o Eng.° Nuno vai ganhar para Guiné-Bissau,
assim como qualquer outro candidato, pelo que, nenhum guineense sairá derrotado
com esse processo eleitoral. Portanto Nuno nunca será derrotado.
Também, me solicitou que depois de dar o banho no
seu cadáver para sepultura, primeiramente quer que lhe coloque o seu Barrete
Vermelho, pois já sou homem grande.
Respondendo me, após lhe perguntar onde prefere que
seja a sua última morada (na sua casa, aldeia, etc.…), disse que preferiu ser
sepultado na sua aldeia natal, Bicon, na cidade de Bula, região de Cacheu.
Ainda me salientou que se alguém viesse a sugerir outro lugar, sob pretexto que
ele foi presidente da República da Guiné-Bissau, podemos deixar.
Depois de termos essa conversa, menos de cinco
minutos morreu.”
Contudo, foste cedo e muito repentino, sem se
despedir, deixando saudades e perdas incomensuráveis ao seu povo e à sua
pátria.
As memorias da fase da minha infância, que ainda são
vivas na minha mente, lembro dessa figura de pequena porte, simples, conhecida
e respeitada como grande líder ousado, que ambulava no Bairro de Míssira,
concretamente em Nghala. Ora na sede, ora na feira do meu tio Cundoc, ora no
campo de Cundoc, ora no beco de Sucnandaké, ao lado da nossa casa, ora no campo
de bairro d’ajuda, e enfim.
Foi grande estadista, ativista e combatente da
democracia guineense, do seu jeito humilde, simples e frontal. Com muita
coragem e abnegação pelas causas nacionais, lutou incansavelmente contra
qualquer tipo de jugo e exploração contra o seu povo e sagrados valores da
democracia, que lhe fez destacar de forma impar como lendário político
populista e combatente da liberdade e democracia na Guiné-Bissau.
Hoje apartou-se das nossas vistas e das nossas
convivências, porém, permanecerá indelevelmente nas nossas memorias, assim
como, as suas marcas emblemáticas e incontornáveis de humildade, simpatia e
alto espirito de patriotismo.
Dr. Koumba Yalá, Cobdé Nhanca, obrigado por tudo que
fez em prol do desenvolvimento da nossa querida e amada pátria, Guiné-Bissau.
Pêsames à toda família enlutada.
"Lanti ndan wot ma lod, a ma ringui a iab.
Lanti ndan(Koumba) iab a fiab nin nghala" – (na língua balanta significa,
o homem adulto não morre, porém, se descansa. Koumba descanse na paz de DEUS.)
“Un dia no kabas na sabi, nona kume toku no limbi
mon”
Nataniel Sanhá (Velho Nael)
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