Os reis magos encarnam o peregrino da verdade, inquieto nas suas certezas e aberto a todas as surpresas. Partem juntos, percorrem distâncias incalculáveis, avançam em planícies suaves, enfrentam a dureza das subidas e das descidas, indagam sem medo, esperando ver confirmadas a sua percepção e adesão primeiras. De facto, embora a verdade seja alcançada por cada um, o caminho faz-se em conjunto. É mais humano e encorajante.“O Natal é um dom que nos é oferecido, é uma luz que se acende. A grande pergunta é: o que é que eu vou iluminar com esta luz? Por que é que esta luz se acendeu? O que é que eu posso fazer? Essa é, no fundo, a verdadeira pergunta natalícia.” - Cardeal Tolentino Mendonça

“O encontro com Deus necessita de sinais,
de mediações, fortes e impalpáveis ao mesmo tempo, como todos os sinais de luz,
afirma Manicardi, prior da Comunidade de Bose. E prossegue: O texto do
Evangelho apresenta a procura de Deus por parte dos Magos: procura feita de
confiança, caminho, indagação, e, finalmente, encontro”.
Perguntar ao rei do poder por outro rei,
seu concorrente, credenciar a necessidade de saberem com a descoberta da “sua
estrela no Oriente”, manifestar a determinação de quererem adorá-lo,
reconhecendo a sua divindade… é “coisa” que dificilmente Herodes podia “engolir”.
E, hábil como era, desencadeia um processo em ordem a evitar quaisquer
veleidades.
Mateus, o autor do relato, quer fazer, à
sua comunidade, uma catequese sobre Jesus. Serve-se de referências do 1.º
Testamento, aproveita algumas narrações orais que circulavam e compõe a
belíssima mensagem do seu texto. Mt 2, 1-12.
Os magos encarnam o peregrino da verdade,
inquieto nas suas certezas e aberto a todas as surpresas. Partem juntos,
percorrem distâncias incalculáveis, avançam em planícies suaves, enfrentam a
dureza das subidas e das descidas, indagam sem medo, esperando ver confirmadas
a sua percepção e adesão primeiras. De facto, embora a verdade seja alcançada
por cada um, o caminho faz-se em conjunto. É mais humano e encorajante. Como
seria mais fácil para quem anda à-procura, se pudesse contar com grupos de
apoio e acompanhamento!
Herodes, o do poder, os sacerdotes e os
levitas, os das leis e do culto, desempenham bem o papel de quem está instalado
e não quer ser incomodado. Alarmado pela surpresa anunciada, o rei quer
eliminar o possível concorrente. Insensíveis à novidade, os funcionários do
Templo descansam após o cumprimento do dever cumprido, da informação dada. O
povo não chega a saber de nada. E Mateus deixa-nos, assim, um esboço do retrato
de tantos de nós em relação aos acontecimentos e ao sentido que comportam.
Finalmente, chegam. Cansados, mas alegres.
A estrela indica-lhes o sítio preciso. Entram na casa. Vêem o Menino com Maria,
sua Mãe, e José seu fiel cuidador. Prostram-se em adoração. Abrem os tesouros,
pois o seu coração estava aberto desde sempre. Oferecem-lhe os presentes,
símbolo da condição sublime do Recém-nascido. Que emoções e experiências! Que
maravilha! O mundo da pesquisa e investigação aos pés de Jesus e acolhido por
Ele. Uma estrela a guiar a busca da verdade na rede de influências e no universo
das noites sem brilho. O silêncio fecundo das testemunhas, Maria e José,
admiradas e enternecidas pela atitude de tão ilustres visitas. A ternura do
Menino Jesus nascido para ser Rei, reconhecido e apresentado na sua missão de
serviço à salvação humana querida por Deus Pai.
O Cardeal D. José Tolentino em entrevista
a propósito do sentido do Natal, afirma: “O que Deus nos ensina no Presépio é a
audácia de nascer, a audácia de nascer mesmo na fragilidade, na nudez, na
precariedade, no não-preparado, na vida como ela é, mas com a capacidade de
florescer. No fundo, a capacidade de ser. O programa de vida que o Natal nos
deixa é, de facto, essa capacidade de sermos em plenitude” ...
“O Natal é um dom que nos é oferecido, é
uma luz que se acende. A grande pergunta é: o que é que eu vou iluminar com
esta luz? Por que é que esta luz se acendeu? O que é que eu posso fazer? Essa
é, no fundo, a verdadeira pergunta natalícia”.
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